O Próximo Capítulo assistiu aos primeiros episódios da nova série de super-herói da Marvel que investe em tom mais maduro, complexo e pouco visto em produções anteriores
Por Pedro Ibarra
O ano da Marvel começa nesta quarta (30/3), quando estreia na Disney+ a minissérie Cavaleiro da lua. Protagonizada por Oscar Isaac, a produção apresenta um novo super-herói ao público, um personagem que parece destoar de praticamente tudo que já foi visto anteriormente no universo dos super-heróis do estúdio.
O seriado apresenta Steven Grant, caixa de uma loja de souvenir em um dos principais museus de Londres. O homem vive a dificuldade do sonambulismo e, por isso, dorme amarrado à própria cama e leva uma vida cheia de métodos. Porém, ele descobre que o problema vai além do clínico ao ter que lidar com Marc Spector, uma outra personalidade que habita o próprio corpo e que serve ao deus egípcio Khonshu.
O Próximo Capítulo teve acesso aos primeiros episódios da série e adianta o que o público pode esperar da série que marca um novo início no vasto e volumoso Universo Cinematográfico Marvel (MCU).
Finalmente um anti-herói
A Marvel possui uma infinidade de personagens apresentados, porém sempre teve dificuldades no aprofundamento das características de vilões e muito mais daqueles que não necessariamente se adaptam nas pontas do espectro do bem e do mal. Figuras como Soldado Invernal e Mbaku tiveram que ser transferidas para o lado dos heróis para ganharem relevância e conteúdo no MCU.
Cavaleiro da lua mostra nos primeiros episódios que pode ser o primeiro grande anti-herói da Marvel. Os métodos mais violentos do personagem e o fato de ter que lidar com transtornos psiquiátricos enquanto segue ordens de uma entidade que não se classifica como benigna ou maligna faz com que ele se posicione em um meio termo do espectro, possível apenas graças à grande interpretação de Oscar Isaac, que consegue transmitir a perturbação de mais de um personagem dentro do mesmo personagem.
Ousadia no gênero
A minissérie transita muito bem entre gêneros cinematográficos. Tendo a ação característica das produções de super-heróis, mas um drama psicológico no protagonista e cenas de suspense e tensão que beiram o terror, envolvendo tanto a entidade quanto o vilão Arthur Harrow, interpretado por Ethan Hawke.
Apesar de envolver a mitologia egípcia, há a liberdade para criar um visual mais denso e soturno para os personagens e para a série como um todo. A produção talvez seja a mais obscura do universo até o momento e usa com muito mais frequência o atributo do sangue, por exemplo, muito evitado pela Marvel na busca por fazer histórias para todos os públicos.
Ainda é Marvel
Apesar de toda uma construção diferente, mais independente, original e inédita, Cavaleiro da lua ainda leva na essência as características do MCU. Um encaixe de piadas para aliviar o clima é a principal característica que se mostra viva na minissérie, mas as cenas de ação lotadas de efeitos especiais e as discussões de índole dos personagens se fazem presentes não apenas no novo seriado.
O que diferencia é a forma como esses artifícios são explorados na nova série. Cavaleiro da lua parece um microcosmos do gigante Universo da Marvel, uma história localizada que pode terminar ali, mas também mostra a oportunidade de um início de uma linha paralela no MCU: trabalhar com mitologias distintas, com personagens noturno e até com monstros. O personagem de Oscar Isaac, pode abrir caminho para um melhor aproveitamento de personas como o Blade de Mahershala Ali, já confirmado nos cinemas.
A primeira produção Marvel de 2022 pode até não ser exatamente o que se espera da Marvel, mas tem um potencial ainda inexplorado pelo estúdio e já muito claro logo nos dois primeiros episódios. Cavaleiro da lua pode ser um ponto de virada na casa das ideias do MCU, como pode ser também uma excelente história psicológica completamente destacada do Universo dos heróis que saíram dos quadrinhos.