Porto dos Milagres passa a ser exibida nesta segunda-feira, com a difícil missão de substituir Vale tudo
Aguinaldo Silva parece ser realmente uma bola de segurança no Viva. Está em exibição no canal por assinatura com A indomada e agora emplaca mais um título: Porto dos Milagres. O folhetim originalmente exibido em 2001 estreia nesta segunda-feira (12/2) às 15h30, na faixa que era ocupada por Vale tudo, clássico de Gilberto Braga em parceria com o próprio Aguinaldo.
Porto dos Milagres está longe, na minha opinião de ser das melhores novelas do autor da atual O sétimo guardião (que também não é das melhores). Mas não faz parte do rol das piores. O texto, assinado ao lado de Ricardo Linhares, é a adaptação dos livros Mar morto e A descoberta da América pelos turcos, ambos de Jorge Amado.
A ação se passa em Porto dos Milagres, cidade baiana que sobrevive por meio da pesca e do tráfico de drogas. Um dos traços mais fortes das obras de Jorge Amado, a religiosidade do povo baiano, está bem presente em Porto dos Milagres.
O principal casal da novela é formado pelo pescador Guma (Marco Palmeira) e por Lívia (Flávia Alessandra), nora dos poderosos Félix (Antônio Fagundes) e Adma (Cássia Kis, perfeita na pele de uma vilã daquelas) e namorada de Alexandre (Leonardo Brício).
Guma e Lívia têm que enfrentar outras pessoas em busca do “felizes para sempre”. Augusta Eugênia (Arlete Salles) é tia de Lívia e não vê na união com um pescador o futuro que sempre sonhou para a sobrinha. Alexandre é de família rica e tem planos de morar no Rio de Janeiro, o que a agrada muito mais. E ainda tem Esmeralda (Camila Pitanga), moça da comunidade de pescadores que é apaixonada por Guma e vai fazer de tudo para conquistar o rapaz.
Porto dos Milagres vai além do amor
Além do viés romântico, Porto dos Milagres traz uma disputa política entre o coronelismo de Félix e Guma, representante do povo. O lado do realismo fantástico também está presente, por meio da religiosidade e da devoção a Iemanjá. Guma foi criado pelo irmão Chico (Tonico Pereira) depois que os pais deles morreram no mar. Mas o que eles não sabem é que ele, na verdade, Guma é filho de Bartolomeu, irmão gêmeo de Félix. O menino recém-nascido foi jogado ao mar a mando de Adma para que Félix herdasse o poder a fortuna do irmão se passando por ele. Mas um pescador cujo filho acaba de morrer o encontra e, achando ser uma oferenda de Iemanjá, o cria.
Outro personagem que chamou a atenção à época foi a prostituta Rosa Palmeirão (Luísa Tomé), uma verdadeira lenda de Porto dos Milagres. Na primeira fase da novela, ela é presa por matar um homem que violentou e matou uma de suas meninas. Quando sai da prisão, Rosa volta à cidade já na condição de lenda urbana, sendo, inclusive, tema de cordéis. Félix vai se apaixonar por ela, movimentando a trama ainda mais.
O elenco de Porto dos Milagres ainda traz, entre outros, Nathália Timberg (Ondina, governanta de Adma e Félix), José de Abreu (Eriberto, motorista e comparsa de Adma) e Zezé Polessa (a perua Amapola, numa interpretação louvável, com direito ao bordão “audácia pura”).