A companhia brasiliense Os Melhores do Mundo se tornou conhecida no Brasil por suas peças teatrais, como Hermanoteu na Terra de Godah e Tira — Codinome: Perigo. Nos quase 30 anos de carreira, Adriana Nunes, Jovane Nunes, Victor Leal, Ricardo Pipo e Welder Rodrigues rodaram o país, deixando a marca da trupe entre o público, que consiste num humor satírico e na utilização do cotidiano na hora de fazer piada.
Essa característica acabou se perdendo nas tentativas do grupo de se lançar em um outro formato: a televisão. “Tivemos oportunidade na tevê no Zorra total, em que o grupo todo foi participar. Mas não era um projeto nosso. Não era uma coisa pensada pelos Melhores do Mundo, com o nosso humor”, lembra Jovane Nunes.
A partir de segunda-feira (10/7), Os Melhores do Mundo estreiam a primeira série inédita e totalmente autoral do grupo, o seriado Planeta B, que será exibido de segunda a sábado, às 22h30, no Multishow. A produção é inspirada na peça do quinteto, Rumo ao Planeta Boing, mas com uma história mais elaborada. “É um universo e uma premissa nova”, completa Jovane Nunes, que, ao lado de Victor Leal, ficou responsável pelo roteiro dos 24 episódios da primeira temporada.
Em Planeta B, a trama se passa em 2089 e o Brasil foi vendido para a China por decisão do presidente Olavo Jatobá (Welder Rodrigues). Por conta disso, uma aeronave brasileira, batizada de Arara 1, com seis tripulantes, vai até o espaço em busca de um novo lugar para abrigar os 300 milhões de brasileiros acampados nos Lençóis Maranhenses, onde um governo provisório está instalado. “Na verdade, essa história é um pano de fundo para falar da nossa sociedade, do nosso cotidiano. Apesar de a série se passar em 2089, num futuro quase apocalíptico, a gente fala do dia a dia, dos políticos brasileiros”, comenta Victor Leal.
Na série, cada integrante da companhia humorística dá vida a dois personagens: um no núcleo da Terra e, outro, no espaço. Até por isso, o processo de filmagem da série foi bastante intenso e fez com que os comediantes precisassem se mudar para o Rio de Janeiro durante o período. “Foi tudo gravado em estúdio no Rio de Janeiro, com dois cenários e em duas etapas”, afirma Adriana Nunes.
A primeira parte a ser gravada foi no espaço e a segunda, na Terra, já que essa última contou com plateia. Inclusive, a presença do público foi utilizada de forma diferente. Coube à plateia servir de figurante atuando como a população brasileira acampada nos Lençóis Maranhenses. “As pessoas não só assistiram, elas puderam interagir. Elas xingaram, reivindicaram… Tanto que, se a população brasileira fosse igual à plateia, seria muito bom”, brinca Jovane Nunes.
Essa é a primeira produção televisiva dos Melhores Mundo, em que as características da cia. nos teatros será levada às telinhas. “Toda essa experiência foi muito boa. Voltamos a ser criativos, no sentido mais amplo da palavra. Estávamos meio burocratas. O formato é interessante e é o humor que a gente sabe fazer”, garante Ricardo Pipo. “Justamente, esse é o diferencial, porque é um programa nosso. Feito e interpretado pela gente. Temos uma sintonia muito grande”, completa Adriana.
Para ocorrer essa dinâmica de levar o humor do teatro para a televisão, a trupe contou com a ajuda do diretor César Rodrigues, nome por trás de séries como Vai que cola. “É uma linguagem nova para o grupo, e o Cesinha (César Rodrigues) nos ajudou e moldou isso para a televisão”, explica Welder Rodrigues. Essa também foi a primeira experiência do grupo com um diretor, como explica Welder: “Estamos acostumados a sermos os nossos diretores e até ter a plateia nessa posição. Eles são o nosso termômetro”.
O elenco é formado por todos os integrantes da cia. e há apenas uma atriz de fora que complementa a série, a carioca Esther Dias. “Ela interpreta um personagem que surgiu depois e a Esther a fez muito bem”, analisa Victor. Além de Ester, há duas participações especiais, entre elas, da cantora Manu Gavassi, que vive uma serial killer em um dos episódios. Um dos diferenciais da série é que os episódios funcionam sozinhos, tendo início, meio e fim, apesar de manterem um arco ao longo da temporada. A notícia boa é que a trupe já trabalha no roteiro de uma segunda temporada.
Quem é quem?
Adriana Nunes
No Brasil, ela é a senadora Jussara, a primeira-dama que sempre está ao lado do marido Olavo. Tem personalidade forte e é uma espécie de freio ao presidente. Já no espaço, a atriz dá vida a Paola, a engenheira da nave e única pessoa competente na função.
Esther Dias
É a única atriz do elenco da série que não faz parte da companhia teatral e interpreta a personagem Lia, uma alienígena que aparece na Arara 1 logo no primeiro episódio e se torna uma espécie de competição para Paola.
Jovane Nunes
O ator faz o Bispo Cafuringa, a autoridade religiosa do Brasil à frente do Peleísmo, em que Pelé é o Deus e os jogadores campeões do mundo são os santos. O outro papel do comediante é Capitão Neymar, o comandante da aeronave brasileira que, apesar de parecer durão e focado, é frágil e incompetente.
Ricardo Pipo
Na parte do que restou do Brasil, ele é o líder da oposição, o deputado Tetéu, que sonha em se tornar o presidente do país. Seu maior objetivo é ser contrário a qualquer atitude de Jatobá. No espaço, o ator faz o piloto da nave Arara 1, Wesley. Um homem cheio de medos e hipocondríaco.
Victor Leal
Um dos redatores do seriado, Victor faz o juiz Nascimento, uma autoridade que é ao mesmo tempo do judiciário e da polícia e cria e muda leis de acordo com a sua necessidade. O outro personagem interpretado pelo humorista é Luan, o médico da nave que esconde a sua orientação sexual.
Welder Rodrigues
Dá vida ao presidente Olavo Jatobá, um personagem que representa o coronelismo e o patriarcado e que vive de artimanhas. Mesmo assim, por ser bastante carismático, é popular entre os brasileiros. No núcleo do espaço, o ator interpreta Sebastiborg, um meio homem, meio máquina, o chefe de manutenção da Arara 1.
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