Elite chega sem fôlego à quinta temporada. Vivido por André Lamoglia, o brasileiro Ivan é o melhor dos episódios novos
A cambaleante série Elite chegou à quinta temporada ainda com a impressão de que poderia ter parado na terceira. Mas, desta vez, a produção tem um quê para nos dar um motivo a mais para encarar os 8 episódios: o melhor personagem da temporada é o brasileiro Ivan, interpretado sem muito brilho por André Lamoglia.
Ivan chega ao colégio Las Encinas com os hormônios em polvorosa ー como parecem ser todos os personagens da série. Mas o personagem logo mostra que tem uma profundidade diferente. Não só pelo fato de ele se dividir entre os irmãos Ari (Carla Díaz) e Patrick (Manu Ríos). Isso é apenas mais um triângulo mantido pelos jovens saidinhos de Elite ー com direito a várias cenas de nudez. Dessa vez tem até um dendê a mais, quando Patrick chama a atenção de Cruz (Carloto Cotta), o pai de Ivan, num novo triângulo de fazer Nelson Rodrigues corar.
As questões trazidas por Ivan, mesmo que fora do tom de oba oba que reina na irregular temporada, são importantes de serem vistas. Vão além da dúvida entre se assumir homossexual ou do triângulo amoroso. O estudante traz uma fragilidade latente, vinda da falta de vínculo paterno, apesar de a presença física de Cruz estar sempre ali. As várias mudanças por conta do trabalho paterno ainda reverberam numa identidade em eterna formação.
A discussão existencial acaba aparecendo também no arco de Patrick. O menino chega a questionar a razão da própria existência a se queixar que tem que sempre fingir ser outra pessoa para ser amada.
É uma pena que toda essa discussão seja periférica em Elite em detrimento de uma investigação policial mal desenvolvida e das relações frívolas entre os outros personagens