Programa Palavra em série, do GNT, reúne atrizes celebrando obra de escritoras em monólogos cênicos
As atrizes Lilia Cabral, Regina Casé, Camila Pitanga, Andrea Beltrão e Monica Iozzi emprestam ao programa Palavra em série, do canal GNT, suas atuações e vozes para retratar de forma cênica as obras de cinco autoras: Adélia Prado, Tati Bernardi, Ana Cássia Rebelo, Hilda Hilst e Clarice Lispector.
A proposta de Palavra em série, que estreou ontem e tem exibição todo sábado às 23h15 no GNT, surgiu do diretor Alberto Renault, conhecido por trabalhar na emissora em programas como Casa brasileira e Chefs brasileiros. “Eu tinha acabado de ler os livros Ana de Amsterdam, de Ana Cássia Rebelo, e Depois a louca sou eu, de Tati Bernardi, e vi claramente ali — ou ouvi — a voz de mulheres, eram monólogos muito cênicos. Vi nesses depoimentos a possibilidade de uma encenação. Não queria fazer uma ficção com cenários e figurinos, queria ficar perto do depoimento, do documentário”, revela em entrevista ao Correio.
Assim nasceu o formato, em cinco episódios, cada atriz é convidada a debater em frente às câmeras as temáticas dos livros das autoras ao lado de Renault. “Convidei atrizes, cada uma muito autoral nos seus trabalhos e diferentes entre si, porém todas com a força e a potência para encarar a câmera e se entregar sem artifícios. São escolas distintas — essa variedade vai também de encontro a escolha das autoras”, explica o diretor.
Dinâmica do programa Palavra em série
O episódio de estreia contou com Andrea Beltrão debatendo Deus, morte e sexo presentes nas poesias de Adélia Prado. No segundo é a vez de Monica Iozzi falar das temáticas femininas abordadas por Tati Bernardi. Depois é Lilia Cabral quem toca no delicado tema da depressão presente no livro de Ana Cássia Rebelo. O quarto episódio conta com Camila Pitanga falando sobre a poesia de Hilda Hist. O encerramento é com Regina Casé interpretando uma crônica de Clarice Lispector.
“Eu diria que os temas dos episódios são alguns dos aspectos das obras selecionadas. Foram as obras que nos levaram a falar dos temas. A morte, a ansiedade ou a depressão — em intensidades distintas e com variações — são temas universais, tão universais que perpassam a obra dessas cinco autoras, cada uma com sua linguagem, cada uma questionando e interpretando a vida à sua maneira”, complementa Alberto Renault.
Duas perguntas // Alberto Renault
Você tem experiência em programas de diferentes temáticas no GNT. Como é transitar entre eles?
As diferentes temáticas estão presentes no meu dia a dia. Tenho uma curiosidade renascentista pela vida: arquitetura, gastronomia, literatura, esses e tantos outros temas me interessam imensamente. O que une assuntos diversos, talvez seja meu olhar, a busca por uma linguagem televisiva e estética que traduza esses conteúdos. Uma busca por conseguir chegar com alguma poesia na casa das pessoas.
O programa é composto por atrizes e escritoras mulheres. Houve uma intenção de buscar e abordar as mulheres?
Foi intencional. Quis essa simetria: 5 autoras e 5 atrizes, 10 vozes femininas. Mas não o fiz com nenhuma intenção preestabelecida de algum discurso. Quis mostrar vozes femininas, como um coral musical. Nem sempre um compositor sabe porque escreveu uma partitura para aquelas vozes. Quando imaginei o projeto, imaginei como um concerto de vozes femininas. E vejo cada programa como um concerto solo. Achei bonito juntar a voz e a palavra de duas mulheres em cada episódio. Num outro projeto poderão ser apenas homens, depois uma outra composição…