Lançada neste mês, a série é como um reboot de Narcos e retrata o início dos grandes nomes do tráfico no México
O produtor-executivo José Padilha sempre disse que Narcos era uma série sobre o narcotráfico no mundo e ele já tinha provado isso na terceira temporada da trama, quando abriu o leque após a morte do “protagonista” Pablo Escobar (Wagner Moura) e deixou o gancho para a história ser retratada no México. E é isso que acontece em Narcos: México, produção lançada neste mês na Netflix.
A série poderia ter sido uma quarta temporada de Narcos. Seria o caminho natural, porém, as mudanças no elenco e até a temporalidade do seriado, que se passa em um período diferente de Narcos, fizeram com que o serviço de streaming decidisse por lançar a série de forma independente, como se fosse uma produção derivada.
Apesar disso, Narcos: México segue a mesma fórmula de Narcos: com uma narração em inglês; um traficante em ascensão e um agente da DEA seguindo o rastro do início do narcotráfico; misturando fatos reais e ficção; e a mesma trilha de abertura com a permanência (da ótima) Tuyo, de Rodrigo Amarante.
Para retratar o início do tráfico de cocaína no México, a produção acompanha o ex-policial e traficante de maconha Miguel Ángel Felix Gallardo (Diego Luna), que, ambicioso, enxerga uma forma de unir o país para produzir e distribuir a droga em grande escala para os Estados Unidos.
Para isso, ele deixa a pequena cidade de Sinaloa, maior produtora de maconha, para tentar montar esse império em Guadalajara ao lado do primo Rafael Caro Quintero (Tenoch Huerta), um gênio por trás da produção da droga, e Ernesto ‘Don Neto’ Fonseca (Joaquin Cosio), um dos nomes mais antigos de Sinaloa e que tem abertura com outros traficantes.
Em paralelo a isso, Kiki Camarena (Michael Peña), um agente da DEA, cansado de estar em seu posto, pede transferência, não consegue ir para Miami e acaba indo para Guadalajara. Lá, ele não quer seguir a rotina dos agentes que fazem vista grossa de tudo que acontece na cidade e começa a investigar até que encontra o rastro do início do acordo de Miguel Àngel na cidade.
Crítica de Narcos: México
Como nas temporadas anteriores de Narcos, a série consegue transitar muito bem entre realidade e ficção. Muito do que é retratado no seriado realmente aconteceu e, para comprovar, basta uma pequena pesquisa na internet. Então é interessante ver isso na tela.
Entretanto, o maior problema de Narcos: México é não ter tanta força quanto a trama na Colômbia. Em primeiro lugar por conta dos personagens, Pablo Escobar era um protagonista “carismático” e com atitudes tão violentas e loucas, que levavam a trama a ter um ritmo eletrizante. Como Miguel Ángel era um homem de negócios e mais discreto, a série acaba tendo que assumir um ritmo mais lento, com bem menos ação.
Também existe uma falta de aproximação da motivação de Kiki Camarena com a caçada ao tráfico, como era no caso dos agentes da DEA na Colômbia. A atmosfera de “gato e rato” levava Narcos a uma narrativa redonda, aqui isso se perde um pouco.
Mas Narcos: México conta com boas atuações, uma história que cria curiosidade com reviravoltas e um gancho para uma narrativa que pode crescer com a apresentação de Joaquín El Chapo, o grande nome do narcotráfico atual no México. Além disso, é uma série em que se pode tirar muitas lições, como quando o seriado fala das falhas da intervenção militar ao tentar combater o tráfico, algo que vivemos atualmente no Brasil.