Folhetins como Bom Sucesso e Segunda chamada trazem personagens negros com destaque e trama menos estereotipada. Amor de mãe promete continuar seguindo a tendência.
Há quem diga que, de alguma forma, as novelas refletem a sociedade brasileira. Se assim for, temos motivos para comemorar um pequeno avanço na luta contra o racismo. Nossos folhetins trazem cada vez mais personagens negros que têm trama própria, sem estar somente atrelados ao discurso contra o preconceito.
É claro que é necessário que o combate ao racismo esteja, sim, nas tramas. Mas ele aparece de forma mais sutil, quando, por exemplo, a novela das 19h, Bom Sucesso, tem um protagonista negro, Ramon (David Junior), que é um cara do bem e nada estereotipado. A mesma trama ainda tem um médico e uma editora negros, Mauri (Jorge Lucas) e Gláucia (Shirley Cruz). Em recentes entrevistas ao Próximo Capítulo, Jorge Lucas e Shirley Cruz comemoraram o aumento da representatividade em novelas.
Na excelente série Segunda chamada, isso também pode ser visto. Um dos professores mais ativos da escola onde se passa a ação é Marco André, que ensina artes e é vivido por Silvio Guindane. Semana passada, ele encenou uma peça de tirar o fôlego com os alunos do colégio estadual Carolina Maria de Jesus, batizada em homenagem a uma das primeiras escritoras negras brasileiras a ser reconhecida pelo talento.
E não para por aí. A próxima novela das 21h, Amor de mãe, tem Taís Araujo em um dos papéis principais. A atriz que marcou época em Xica da Silva por ser a primeira protagonista negra em novelas e em Viver a vida, por ser a primeira Helena negra de Manoel Carlos, estará de volta abrindo ainda mais o caminho para que a televisão brasileira represente o Brasil como ele é, multirracial, e como ele sonha ser, igualitário.