Crítica: Melhores do ano ou da Globo?

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Em sua campanha publicitária a Globo se orgulha por falar com “cem milhões de uns”. Curioso que nesses cem milhões não estejam incluídas as outras emissoras. Hoje o Domingão do Faustão entrega o chamado Melhores do ano, prêmio definido pelo apresentador Fausto Silva como o “maior da televisão brasileira” nas chamadas institucionais.

Estamos acostumados com os superlativos desnecessários e enfadonhos do apresentador, o que não quer dizer que gostamos deles. Mas apresentar os melhores do ano em 15 categorias com três indicados cada uma sem nem um nomezinho de outra emissora é colocar um cabresto no telespectador. Como um coronel televisivo saído de novela de Benedito Ruy Barbosa, Faustão convoca o público a votar nos 45 indicados.

Está certo que o ano de 2017 não foi dos melhores para Record, SBT, Rede TV!, TV Brasil e Band em termos de dramaturgia. E que nove das categorias são dedicadas a novelas e séries. Mesmo assim ignorar apresentadores como Rodrigo Faro, Silvio Santos, Eliana, Ana Paula Padrão e o jornalismo da Band pelo menos como indicados soa um tanto quanto estranho — para dizer o mínimo.

A prática não é uma novidade na Globo. Vira e mexe o Vídeo show ou o próprio Domingão do Faustão revisitam a carreira de alguém e “apagam” a passagem dele por outra emissora. Como num truque de mágica mal feito e inescrupuloso. É feio!

Ah, mas isso faz parte do jogo, né? As outras emissoras também ignoram a existência da Globo. Ignoram? Apresentado pelo SBT desde a década de 1980 com passagens pela TV Tupi e pela Record, o Troféu Imprensa está aí para provar que não.

Com picardia e bom-humor, Silvio Santos pragueja a cada vez que o prêmio de melhor daquele ano não vai para uma atração do SBT — e olha que são muitas as vezes e as emissoras contempladas. Tem mais: Silvio Santos recebe as estrelas “alheias” para entregar os prêmios e, como bom anfitrião, as trata bem — meio fora do tom, atualmente tem feito piadas sem graça e preconceituosas, mas isso é outra história. Às vezes até brinca perguntando quando elas vão para o SBT e sempre solta muitos foguetes quando a Globo libera alguém para ir à festa.

O fato é que Silvio e o Troféu Imprensa — esse, sim, o mais tradicional prêmio da tevê brasileira — reconhecem a saudável pluralidade da nossa telinha. Corre, Fausto: dá para aprender com o mestre para não fazer feio no Melhores do ano de 2018!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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