Muito mais do que um simples segurança. Jairo (Lucas Oradovschi) é motorista, ombro amigo e até anjo da guarda de Lui Lorenzo (José Loreto) na novela Vai na fé. O ator se diverte em cena e acaba divertindo quem está em casa também. De coração enorme, Jairo acaba estendendo os cuidados para Wilma (Renata Sorrah), Vitinho (Luis Lobianco), Sol (Sheron Menezzes) e Ivy (Azzy).
“Apesar das hierarquias que existem nas relações de trabalho, o ambiente na mansão de Lui Lorenzo é muito familiar, com muita intimidade e amizade entre os integrantes”, afirma Lucas, em entrevista ao Próximo Capítulo.
O ator está acostumado a levar o público às risadas. Nas telas ele fez Adorável psicose (Multishow) e está em Feliz ano novo… de novo (Amazon prime video). Nos palcos, a comédia é mais do que opção, é objeto de pesquisa: “Minha formação como ator passa muito pela busca por um teatro popular. Trabalho com máscaras, com palhaçaria, teatro de rua, relação direta com a plateia. Em minhas criações sempre apostei na comicidade como chave, como potência política.”
O lado engraçado de Jairo esbarra na abordagem do relacionamento dele com Ivy. Apaixonado pela dançarina, o motorista investe de maneira insistente, ignorando sinais de que a moça não quer mais do que a amizade dele. “O que Jairo faz é errado, é grave. É evidente que ele admira a dançarina e sente muito desejo por ela, mas se houvesse um manual do que não fazer numa conquista, numa relação de sedução, poderia haver esse exemplo Jairo. Ivy é uma mulher de atitude que exerce livremente a sexualidade”, reflete.
Para Lucas, “é importantíssimo a novela abordar esse tema. O dia a dia para as mulheres no Brasil é muito pesado. São incontáveis casos de violência, de assédio, de feminicídios todos os dias. É desesperador. Tenho acompanhado a repercussão das cenas nas redes sociais e vejo a maioria dos comentários reprovando as atitudes de Jairo. Muitos torcem também para que ele possa ter outras histórias para além dessa situação de assédio.”
No malabarismo do artista brasileiro pela sobrevivência, Lucas é ator, diretor, professor, iluminador, pesquisador e preparador de elenco. “O teatro foi me abrindo caminhos, me ensinando e me ampliando nessas frentes de trabalho. Viver de arte e cultura no Brasil não é fácil, não. É aprender a viver na corda bamba, sem estabilidade financeira (conseguir separar a estabilidade emocional da financeira é bem difícil)”, comenta. Com tudo isso, Lucas mantém o otimismo: “Os últimos seis anos foram um pesadelo para muitos setores, mas o nosso foi especialmente atacado com muita violência. Tenho fé que teremos agora uma retomada cultural, o que acredito ser o caminho para tirar o país desse limbo conservador e das garras da extrema-direita.”
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