Como o Bruno da novela das seis, ator baiano de 26 anos comemora personagem que morreu, mas segue “vivo” na trama
Patrick Selvatti
Em Elas por elas, releitura de um grande sucesso de 1982, que estreia nesta segunda-feira (25/9), na Globo, sete amigas se reencontram após 25 anos, data que ficou marcada por uma tragédia. Essa reunião é cenário de um clima de tensão a partir da obstinação de uma delas em desvendar o mistério por trás da morte de seu irmão gêmeo. O intérprete de Bruno, que aparece apenas em flash back, é o ator Luan Argollo, de 26 anos, que conversou com a coluna no lançamento da novela, em evento nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.
“Eu estou bem emocionado, acabei de ver o teaser. A expectativa é muito boa, o elenco é incrível e é um personagem chave, que já morreu, mas se mantém vivo durante a novela toda. Ele está ali no meio dessa interrogação para todas as protagonistas, quem matou o Bruno? Vai ser uma busca até o último dia da novela pra descobrir quem foi que empurrou o Bruno do penhasco”, adianta ele, destacando que se trata de um personagem novo, que não existiu na primeira versão.
Na original, o irmão da protagonista Natália (Mariana Santos) era uma criança. Agora, na adaptação dirigida por Amora Mautner, reescrita por Alessandro Marson e Thereza Falcão, além de ter ganhado mais idade, Bruno ganhou uma personalidade com uma camada bem tóxica e abusiva, o que, para o ator, é um desafio delicioso. “Bruno tem me ensinado muito. Principalmente que o abuso da masculinidade tóxica vem fantasiada com sorrisos e distorções da realidade, uma manipulação”, afirma Luan.
O rapaz admite olhar para si próprio, reconhecendo o machismo que ainda habita em sua própria vida. “Não é fácil. Fazer terapia me ajuda, bater papo com pessoas à minha volta e, sem dúvidas, a arte. Acredito que a arte tem esse papel também, educar culturalmente. Enquanto ator, vejo o Bruno como uma oportunidade de mostrar a minha visão da masculinidade tóxica. Espero que gostem, estou me entregando de corpo e alma nesse papel”, observa.
Quase um protagonista
Nascido e criado em Ilhéus, no litoral baiano, Luan Argollo saiu da sua cidade natal aos 19 anos, para estudar atuação no Rio de Janeiro. Com formação técnica em artes cênicas, logo se apaixonou pelo cinema, onde atuou em três curtas. Após quatro anos de tentativas para um papel fixo, ele seria protagonista de Malhação, em 2020, mas a produção foi cancelada com a chegada da pandemia.
“Era um personagem desafiador e muito prazeroso de interpretar. Fiquei realizado. Confesso que, naquele momento, tentei entender ao máximo, principalmente por ter a pandemia. Mas, só depois de uns seis meses, percebi que precisava virar a página e foi um processo para aceitar. Agora, vejo como um grande aprendizado sobre a carreira do ator. O que estudei naquele tempo, hoje consigo colocar em prática com frescor”, desabafa Luan, que já havia feito participações pequenas em Malhação — Vida brasileiras e A dona do pedaço.
O primeiro papel fixo do ator baiano foi Todas as Garotas em Mim, série da Record. Ele interpretou o Plínio, um garoto descolado e piadista. Logo em seguida, fez Reis, onde interpretou Ismaias, um guerreiro de Davi (Cirilo Luna). Para Luan, ter estado em produções bíblicas trouxe muitos aprendizados. “Contar histórias que estão na Bíblia foi uma grande oportunidade. Encontrar a verdade do texto, entender as lições por trás das palavras. Pude estar trabalhando e entendendo como funciona o set de grandes produções”, agradece o artista múltiplo, que gosta muito de ler e ainda escreve e produz conteúdos audiovisuais.
Na terra do cacau
Por ser de Ilhéus, cenário da próxima novela das 21h da Globo, Renascer, um outro remake já em produção, Luan Argollo não esconde o desejo de fazer parte do elenco. “Fiz muitas preces para estar nessa novela. É um sonho representar minha região, falar do cacau. Isso está muito presente na minha vida. Acredito que pedi tanto que consegui um trabalho antes. Isso é maravilhoso, continuo alimentando meu sonho, estou crescendo enquanto ator e terão outras oportunidades, acredito”, finaliza.
