Leia entrevista com a atriz portuguesa Maria João

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No ar em Novo mundo, como a botânica Letícia, a atriz Maria João se sente em casa no Rio de Janeiro, mas não perde Lisboa de vista

A ponte-área entre Lisboa e Rio de Janeiro é uma constante na vida da atriz Maria João. Nascida em Benavente (Portugal), ela mantém apartamento e amizades na capital carioca. Atualmente, pode ser vista como a botânica Letícia, uma participação especial em Novo mundo, trama da faixa das 18h da Globo. No início da novela, ela contracena com o conterrâneo e amigo Ricardo Pereira, outro lusitano que adotou os folhetins brasileiros — ele já se rendeu aos encantos tupiniquins e mora em terras cariocas.

Dividir-se entre os dois países não é uma novidade para Maria João. A primeira novela dela por aqui foi O clone (2002). Depois, vieram outros títulos, entre os quais Sabor da paixão (2003) e Boogie Oogie (2014). “Estou completamente adaptada à vida no Rio, tenho o meu apartamento em Ipanema, tenho aquela que considero a minha família brasileira e me sinto em casa”, afirma. A atriz, também afeita ao cinema e às novelas portuguesas, conversou com o Próximo Capítulo.

Confira os principais trechos da entrevista com Maria João

Em Novo mundo, você revive, mesmo que numa trama de ficção, um momento histórico para Brasil e Portugal, quando a princesa Leopoldina vem a terras brasileiras se casar com D. Pedro. Como está sendo essa experiência?
É um privilégio poder levar essa história tão importante ao público. É uma enorme responsabilidade. Por isso, é importante que, apesar de tratar-se de uma trama de ficção, tudo seja estudado com a maior seriedade. No meu caso, a minha personagem representa todos os naturalistas que, no início do século 19, vieram para o Brasil em busca de conhecimento e evolução. Foram personagens muito importantes da história e que merecem ser bem retratados. É uma viagem interessante mergulhar numa realidade e numa época diferente daquela em que vivemos, e é preciso fazer um estudo profundo para se fazer justiça à história.

A novela se passa em 1817. Como foi sua preparação para o período histórico e para a profissão da Letícia?
Fizemos um rigoroso trabalho antes de começar a gravar. Sobre o período histórico, nós tivemos vários workshops com historiadores, além, obviamente, de todo o trabalho individual por meio de documentários, livros e outros registros sobre a época. Em relação à profissão da Letícia, procurei estudar tudo o que encontrei sobre botânica, fiz uma imersão no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro com o acompanhamento de botânicas e desenhistas, estudei várias figuras daquela época que desempenharam essas funções por meio de biografias e documentários, e fiz com o meu parceiro nessa novela, Ricardo Pereira, uma imersão na mata com o exército para criar memórias, foi uma experiência incrível.

Crédito: Globo/Tata Barreto. Maria João e Ricardo Pereira em Novo mundo

Você atua ao lado de Ricardo Pereira, que também é português. Já haviam trabalhado juntos antes?
Eu e o Ricardo somos amigos desde os 18 anos e, apesar de já termos feito um filme juntos, nunca tínhamos contracenado. A experiência está sendo maravilhosa. O Ricardo é um grande parceiro de cena, é muito bom trabalharmos juntos, nos entendemos muito bem. Fizemos um intenso trabalho de preparação e isso foi fundamental para criarmos toda a verdade e cumplicidade que esse casal exige.

Novo mundo não é sua primeira novela brasileira. Já está adaptada ao trabalho por aqui?
Sim, a minha relação com a Globo tem 17 anos e esta já é a minha quinta novela. Sempre fui muito bem recebida e construímos uma excelente relação, que pretendo que continue a dar muitos frutos. Estou completamente adaptada à vida no Rio, tenho o meu apartamento em Ipanema, tenho aquela que considero a minha família brasileira e me sinto completamente em casa.

Você se lembra de alguma coisa engraçada que essas idas e vindas podem ter ocasionado?
No início, quando vim fazer O clone, passei por várias situações engraçadas devido à diferença da língua. Apesar de falarmos a mesma língua, há inúmeras diferenças que me colocaram em algumas situações muito caricatas. Eu perguntava, por exemplo, onde é a casa de banho (banheiro) e ninguém sabia me dizer! Ou então perguntava algo sobre o pequeno almoço (café da manhã).

Crédito: Internet/Reprodução. Maria João e Reginaldo Faria em O clone

Os fãs dos dois países são diferentes?
Não encontro grandes diferenças. O público gosta sempre de nos ver e abordar na rua, e isso é muito bom. Sinto-me muito acarinhada pelo público brasileiro e adoro quando me dizem que gostam de ouvir o meu sotaque nas novelas.

Como é sua rotina, se dividindo entre Rio de Janeiro e Lisboa?
É uma ponte-aérea de nove horas (risos). Já estou muito acostumada com essa rotina de me dividir entre os dois países.

O intercâmbio cultural entre os dois países fica mais evidente na música, com discos como o da Carminho cantando Tom Jobim, ou o de António Zambujo cantando Chico Buarque. Como você vê essa troca?
Fico muito feliz de perceber que essa troca cultural está a acontecer também no sentido de Portugal para Brasil. E digo isso porque desde sempre recebemos muito da cultura brasileira como música, televisão e cinema, mas o oposto não acontecia ou acontecia muito pouco. Existe ainda muito para mostrar da nossa cultura. Mas esse intercâmbio está mais ativo agora, e eu fico feliz por, de alguma forma, fazer parte disso com o meu trabalho aqui.

Quais são as principais diferenças entre fazer novelas no Brasil e em Portugal?
O Brasil é um dos maiores produtores de televisão, criando e exportando para todo o mundo. Claro que tem uma estrutura muito grande, com muita experiência na teledramaturgia. A nossa ficção é mais recente, com uma estrutura menor, mas temos feito um ótimo caminho. Neste momento existe muita produção de ficção em Portugal nos vários canais.

Em que aspectos Maria João é uma atriz à brasileira e uma atriz à portuguesa?
Trabalho em diferentes mercados sempre com a mesma paixão. Tenho um enorme respeito pela profissão. Atuar é uma paixão à qual tenho dedicado a minha vida.

Você tem uma carreira grande no cinema também. Sente-se mais à vontade no cinema ou na tevê?
O que me desafia enquanto atriz são as personagens. Não gosto de me acomodar. O que gosto é de ter uma personagem em que me pergunte: “Será que consigo fazer isto?”. Aí, sim, está lançado o desafio que me motiva e preenche enquanto atriz.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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