Ju Colombo se diverte na pele de Quintilha, dona da única pousada de Canta Pedra, em Mar do sertão. Leia entrevista!
Nada que acontece em Canta Pedra passa despercebido por Quintilha. Vivida por Ju Colombo em Mar do sertão, a dona da única pousada da cidade já viu de tudo: de amores a conchavos políticos. Esperta, ela faz da informação uma poderosa arma.
“Todos os babados acontecem lá (risos). Quintilha não só é a dona da única pousada, como é envolvida com as pessoas fortes de Canta Pedra. Dessa forma, teremos muitas tramas que vão se desenvolver lá e também o envolvimento direto de Quintilha em relacionamentos conflituosos e divertidos, como as confusões com suas funcionárias”, afirma a atriz, em entrevista ao Correio.
“A personalidade astuta e o grande apego ao vil metal fazem com que ela transite nas esferas que dominam a cidade. É uma das mulheres que comandam Canta Pedra: da religião aos acordos financeiros, nada escapa ao radar dessa mulher”, completa.
Mar do sertão é uma novela de mulheres fortes — da doce Candoca (Isadora Cruz) à vilã Deodora (Debora Bloch). Quintilha não fica atrás. “Nascida e criada em Canta Pedra, ela chega à condição de proprietária da pensão. Alcançar essa situação como mulher e preta em uma cidade do interior nordestino exige coragem, força e muita determinação. Não sabemos dos laços familiares dela, mas saberemos da sua influência e relações afetivas. Aguardem”, valoriza a atriz.
Ju Colombo comemora essas personagens femininas tão fortes. “Nós, mulheres, estamos construindo essas narrativas há muito tempo, lidando com inúmeros desafios e nos transformando internamente para a construção de uma sociedade mais justa, humana e respeitosa. Ter esse nosso processo contemplado, valorizado e reconhecido em um veículo de alcance como a TV aberta, na novela e na maior emissora do país é uma vitória. Temos uma estrada longa pela frente, tanto entre nós mulheres, como no contexto sociocultural, político e econômico. Mas é uma vitória”, diz Ju.
Entrevista // Ju Colombo
Você também é cantora. Como é esse seu lado?
Amo a música. Se eu não tivesse como primeira opção ser atriz, seria cantora! Eu sempre cantei em banda, paralelamente ao meu trabalho de atriz. Cantar, para mim, é uma forma de entender o mundo, é a trilha dos acontecimentos na minha vida. Eu tenho uma memória musical muito forte e uma parada com o jazz, que é a seguinte: eu tenho certeza de que já vivi uma existência como jazzista nos pubs, onde a música quebrava fronteiras e unia todas as pessoas naquela farra potente que é a música negra em toda sua extensão de corpo e alma!
Você tem um trabalho musical ao lado de seus filhos. Como é esse encontro de gerações pela arte?
Essa foi uma das primeiras determinações espirituais que eu fiz, quando me converti ao budismo. Eu venho de uma família absolutamente musical. Toda minha infância foi marcada por muita brincadeira de rua (mãe da rua, amarelinha, empinar pipa, esconde-esconde) e muita música. Sábado, na casa da minha avó, era dia de deixar a casa brilhando. A gente limpava e ia fazendo a playlist da noite. Acabava a limpeza, almoçava (todo mundo cozinhava junto) e ia pro quintal ensaiar os passos da noite: samba rock, funk (isso em São Paulo; sou a paulistana de alma mais carioca que você conhece, risos) e à noite era dançar até o sol raiar. Melhor sensação da vida!
Como os meninos entraram nisso?
Quando meus filhos nasceram, essa já era a dinâmica da minha casa: receber os amigos, cozinhar e dançar. Aos poucos, meus filhos passaram a me acompanhar nos trabalhos e eles amavam me ver na TV, no teatro e cantando. Brigavam para subir no palco! Então, eles tiveram desde a infância, muitas vivências artísticas, conviveram intensamente com a mãe artista e os amigos das artes. Está no sangue deles! Transformar esse caldeirão de experiências em trabalho profissional foi um pulo! Agora, tudo é uma conquista com muitos desafios . A harmonia no relacionamento entre nós, equilibrar os temperamentos e personalidades, o ciúmes e, principalmente, lidar com a inveja e a competição das pessoas que admiram e, ao mesmo tempo, acabam interferindo negativamente, por não se sentirem capazes de construir isso também! Aliás, eu lido muito com a inveja e a competição. Foi preciso amadurecer para saber distanciar o suficiente para não permitir que esse sentimento atrapalhe minhas relações
Ao lado do Gabriel, seu filho, você também faz o projeto Na Sala, do YouTube em que fala sobre cantores que não estão na grande mídia. Qual a importância da internet na descoberta de novos artistas? No caso da música, ela é o novo rádio?
Você definiu muito bem: a internet, nessa situação, é o rádio contemporâneo! O Na Sala é um programa criado pelos meus filhos Gabriel e Alexandre. Eu entrei depois. Eles já tinham ido estudar cinema nos EUA; eu já com a minha carreira consolidada no audiovisual. Alê é um câmera e um editor ímpar, ele tem uma criatividade absurda! Gabriel morou muitos anos lá. Se formou em cinema e passou a trabalhar em diversos projetos. Ganhou uma experiência e um olhar estético que é tudo o que eu queria, nas produções autoria que sempre sonhei. Montar a Black Umbrella, nossa produtora, foi a decisão mais acertada, porque tínhamos tudo: local, (filmamos em casa), equipamento de primeira linha, bons profissionais e uma cabeça de TNT; muitas ideias e assuntos que entendemos ser relevantes para a sociedade e para o nosso desenvolvimento como ser humano. Decidimos que seria uma produtora de responsabilidade social! É lindo ver meus filhos mergulhados na arte, na educação (sou arte – educadora) e atentos para as necessidades sociais, comprometidos com um Brasil mais digno e sendo agentes proponentes dessas transformações. Eu morro de orgulho!