João Côrtes fala ao Próximo Capítulo sobre a comédia Encantado’s, sobre planos para o futuro e a nova função de roteirista no cinema e no streaming. Confira!
Aos poucos a série Encantado’s, no Globoplay, vem chamando a atenção do público e da crítica. Com texto bom e direção que acerta em não “gritar”, a comédia encanta mesmo é pelo elenco ー difícil achar alguém fora do lugar ali. Ao lado de nomes como Luís Miranda, Tony Ramos, Vilma Melo e Neusa Borges, entre tantos outros, João Côrtes define a turma como “elenco de atletas de alta performance”.
João interpreta Celso Tadeu, rapaz sonhador que trabalha de dia no mercado que dá nome ao seriado como anunciando as promoções do local, fantasiado e sobre um par de patins. À noite, como a maioria dos personagens, ele integra a escola de samba Joia do Encantado, na qual é coreógrafo da comissão de frente. Encantado’s conta a história de pessoas que se dividem entre esses dois universos. Nas palavras de João, a comédia “celebra a cultura do subúrbio carioca, o carnaval e toda a dedicação envolvida para fazer tudo acontecer.”
“Fazer humor é uma delícia pra mim, me sinto muito em casa. Mas isso não significa que seja menos desafiador. A responsabilidade é gigante. Comédia é difícil e fundamental. Mas eu tenho adorado mergulhar também em projetos dramáticos, densos. Me sinto evoluindo como artista, crescendo e me potencializando. Eu tento construir uma carreira diversa, escolhendo papéis diferentes, que mostrem minha versatilidade como ator”, comenta João.
Esse outro lado, mais sóbrio, poderá ser visto em Rio Connection, série também do Globoplay ainda sem previsão de estreia. Desta vez, João dará vida a Alberto Martins, “um diplomata brasileiro, polêmico e carismático, que se envolve com a máfia e se torna uma peça chave para o tráfico de drogas.”
Essa série é uma produção internacional, que envolve, além do Brasil, EUA, Itália e França. A ação se passa no Rio de Janeiro da década de 1970, quando o tráfico de cocaína na Cidade Maravilhosa era comandado pela máfia italiana. “É uma série de ficção policial, preenchida de ação, sensualidade e um humor um tanto quanto perverso”, adianta João.
Entrevista // João Côrtes
Seu primeiro filme como diretor e roteirista, Nas mãos de quem me leva, foi premiado em vários festivais internacionais. Esperava essa recepção?
Não mesmo! Fizemos um filme 100% independente, na raça e no amor à arte, e não tínhamos grandes expectativas. Colocamos o filme em festivais, e ficamos muito surpresos com a recepção que o filme teve. As pessoas realmente se identificaram, se conectaram com a história, com os personagens… Esses prêmios todos só nos deram ainda mais força pra continuar criando e investindo no cinema.
Sobre o que é Nas mãos de quem me leva?
O filme conta a história da Amora, uma jovem de 20 e tantos anos, que fica órfã quando ainda é criança, e passa a morar com a avó, com quem tem uma relação turbulenta, mas de muito amor. Ela trabalha em uma livraria ao lado de seu melhor amigo, Fran, e tem paixão pela fotografia. Tudo muda em sua vida quando Amora se apaixona por um homem mais velho, Bruno, que desperta novos sentimentos e a possibilidade de uma outra vida para ela. É um filme sobre liberdade, sobre a conquista da nossa independência, sobre a sutileza e as nuances que existem por trás das relações que construímos na vida.
O que mais inspira o roteirista João Côrtes a escrever?
Acho que o que mais me inspira são minhas angústias, minhas dores, meus medos… Eu tento canalizar tudo para o papel. Além disso, acho que busco escrever histórias que ainda não assisti na tela. Quero contar histórias que me representam, que me toquem de alguma maneira. Quero construir narrativas potentes, que transformem a quem assiste. Eu sempre derramo nos roteiros o que há de mais pessoal dentro de mim. Acredito que quanto mais sincero e mais pessoal, maior a chance de chegar nos corações de quem lê.
Você também é colaborador no roteiro de Depois do universo, filme que teve uma ótima estreia na Netflix, ficando entre os mais assistidos do país. A que se deve esse sucesso do longa?
Principalmente, ao Diego Freitas. Diego é um gênio. Não só como roteirista, mas como diretor. Ele é visionário, tem uma sensibilidade e uma precisão únicas para contar histórias. Mas além disso, se deve a toda a equipe absurdamente talentosa por trás. Trilha sonora, direção de arte, figurino, fotografia, e um elenco muito especial. Eu tive a sorte de poder fazer parte desse projeto, e foi um prazer imenso. Ajudar o Diego a contar essa história linda, me emociona demais.