Dado às margens do Rio Ipiranga, o brado de “independência ou morte” repercute até hoje na televisão, especialmente quando está no ar uma novela que se passa àquela época. Em Novo mundo, a cena em que Dom Pedro I (Caio Castro) proclama nossa independência vai ar na data certinha: neste 7 de setembro.
O que aconteceu depois daquele dia? Isso você vai poder descobrir em Filhos da pátria, seriado cômico previsto para estrear em 19 de setembro, mas já disponível na Globo Play, serviço on demand da Globo.
A Globo fez uma ginástica para encaixar a cena da independência em Novo mundo exatamente no capítulo desta quinta (7/9). Ao que tudo indica deu certo.
Na cena, Leopoldina (Letícia Colin) recebe a convocação do reino de Portugal para voltar à corte daquele país. Para não partir sem libertar o povo brasileiro, ela assina a separação entre os países e entrega para que Joaquim (Chay Suede) leve até Pedro, que está em São Paulo.
Também participam da cena Romulo Estrela e Alex Morenno, intérpretes de Chalaça e Francisco, respectivamente. Segundo material divulgado pela Globo, a gravação durou quatro horas e reuniu 160 pessoas, entre equipe e figuração, além de 23 mulas e sete cavalos.
Já na reta final, Novo mundo coroa, com esta cena, o belo trabalho que Caio Castro e Letícia Colin vêm fazendo, sem dúvida, é o melhor momento do rapaz na tevê.
“O subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos”. A frase de Nelson Rodrigues, como uma espécie de epígrafe, abre o primeiro capítulo de Filhos da pátria, seriado escrito por Bruno Mazzeo.
A ação se passa nos idos dos anos 1800 e começa em 8 de setembro de 1822, um dia depois de Dom Pedro proclamar a independência do Brasil. Ao som do irreverente samba Quando o morcego doar sangue (“Para tirar meu Brasil dessa baderna/ Só quando o morcego doar sangue/ E o saci cruzar as pernas…”), de Bezerra da Silva, somos apresentados a personagens como a escrava Lucélia (Jessica Ellen) e o descendente de portugueses e funcionário público Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero).
Os dois ficam sabendo da proclamação no meio de uma praça por meio de um anúncio feito pelo irmão de Lucélia, Zé Gomes (Flávio Bauraqui). Espécie de precursor do jeitinho, Zé Gomes cobra pela informação e não poupa nem a irmã.
O roteiro de Bruno Mazzeo é recheado de referências ao Brasil dos dias de hoje — inflação e corrupção são preocupações desde aqueles tempos — e acerta em cheio ao trazer frases de efeito, como “sua anágua, suas regras” e “eu disse que você vai ser um homem poderoso, não um grande homem”. Suborno em troca de privilégios em licitações públicas também aparece logo na estreia. Qualquer semelhança…
Tudo isso soa ainda melhor quando falado por Fernanda Torres, sensacional como a esposa de Geraldo, Maria Teresa, e por Matheus Nachtergaele como Pacheco, amigo que tenta se dar bem em cima do protagonista. Mas quem brilha mesmo é Alexandre Nero. Completamente livre de personagens pesados de anteriormente e sem se repetir como faz Nachtergaele, Nero se destaca.
Também é muito bom ver que o elenco jovem de Os filhos da pátria chama a atenção. Jessica Ellen tem a malícia certeira para Lucélia. Lara Tremouroux aparece luminosa como Catarina, filha de Geraldo e Maria Teresa. E Johnny Massaro se firma como um dos melhores atores da geração dele na filha do fanfarrão Geraldinho. Playboy dos tempos da coroa, o folgado e metido a espertalhão tem apenas uma certeza: “Eu sou a identidade do Brasil”. Alguém aí duvida?
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