Ikaro Kadoshi se torna a primeira drag queen a apresentar transmissão do Oscar

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A artista fez parte da equipe que comandou a transmissão Brasileira do Oscar na TNT ao lado de Murilo Rosa, Vítor de Castro e Fernanda Soares

Por Pedro Ibarra

A transmissão do Oscar 2022 no Brasil foi marcada por um fato histórico. Pela primeira vez, uma artista drag queen fez parte de uma equipe de transmissão do Oscar no mundo. Ikaro Kadoshi é responsável por conquistar esse feito.

Ikaro é ator mais conhecido pelo trabalhpomo dra queen que exerce há anos. Um dos principais trabalhos da carreira foi o programa Drag me as a queen do canal E!. No reality, Kadoshi, Penelopy Jean e Rita von Hunty ajudavam pessoas a fazer um grande trabalho de drag queen, ajudando desde âmbito profissional, até o pessoal das participantes. A drag também já havia conquistado o feito de ser a primeira a apresentar uma transmissão da competição de Miss Universo

“Estou vivendo um sonho” afirma Kadoshi. O artista é apaixonado por cinema, porque eles sempre foram um refúgio que teve. “Os filmes foram a esperança, o acolhimento, o amor e as histórias que me ajudaram a me entender e superar tudo. Virou amor, virou vício. Nascia um cinéfilo aos 10 anos. Meu primeiro trabalho foi em uma videolocadora, só para eu poder assistir filmes de graça”, conta.

Ao Próximo Capítulo, Ikaro falou sobre mais detalhes da transmissão, sobre si e analisou a representatividade nas premiações e indústria cinematográfica. Confira abaixo a entrevista completa.

Entrevista / Ikaro Kadoshi

Qual sua expectativa para apresentar o Esquenta do Oscar, prêmio que milhares de pessoas pelo Brasil vão acompanhar?

As melhores possíveis! Além do marco histórico de ser a primeira drag queen a apresentar uma transmissão do Oscar na TV no mundo, eu sou um cinéfilo desde criança. Então estou vivendo um sonho!

A TNT montou um grande elenco para comentar o Oscar desse ano. O que o público pode esperar da cobertura?

Nós vamos nos divertir, passar o máximo de informações e curiosidades dos filmes concorrentes desse ano e falar das nossas próprias expectativas de quem ganha as estatuetas! Quer melhor trabalho que esse?

Sobre a premiação, está com a lista de indicados em dia? Tem algum favorito para sair como vencedor da noite?

Sempre! Eu torço muito para que “Ataque dos Cães ” leve todos os prêmios que puder! Esse filme é um marco! A atuação em grande parte é no silêncio. Fala da repressão humana. Do ser, do sentir. É um grito silencioso tão grande que incomoda. E por mais que se passe em 1920, não podemos nos identificar com essa realidade hoje?

Outro ponto que é muito interessante no Oscar é o tapete vermelho. Pessoas em casa discutem os looks todo ano. Como é para você poder dar suas opiniões para um público bem maior do que um grupo de amigos em casa?

Eu vou continuar fazendo o que fazia em casa: admirando todos os looks e agradecendo por tantas atuações incríveis que os concorrentes me deram e me fizeram refletir na minha existência. Até porque, sobre looks eu tenho uma regra: se eu não gosto eu apenas não uso. Acho cafona demais ficar falando gostei ou não gostei de algo que o outro tá usando. Deixemos as pessoas serem felizes. Aliás, passou da hora né?

Qual ator ou atriz pode surpreender nos looks este ano?

Lady Gaga e Billy Porter são a certeza de que você vai ver algo além da moda: sempre vemos arte.

É muito representativo ter uma artista drag brasileira apresentando para o Brasil um dos maiores eventos do cinema internacional. O que representa para você essa oportunidade? Qual a importância que você acredita que esse feito tem para comunidade LGBTQIA+?

Ser uma criança LGBTQIA+ na década de 80 não foi fácil! Bullying, incompreensão, violência. Eu tinha 10 anos quando a homossexualidade deixou de ser doença pela OMS, em 1990!! Os filmes foram a esperança, o acolhimento, o amor e as histórias que me ajudaram a me entender e superar tudo. Virou amor, virou vício. Nascia um cinéfilo aos 10 anos. Meu primeiro trabalho foi em uma videolocadora, só para eu poder assistir filmes de graça.
Para a comunidade eu não sei, não posso falar por ninguém além de mim. Pra mim, um sonho virou realidade. Depois de tantos filmes, me vejo sendo o protagonista do meu! E estou concorrendo a várias categorias incluindo roteiro original, melhor filme, melhor ator. Risos.

Falando de representatividade. Como você avalia a representatividade neste Oscar? E sobre a indústria cinematográfica no gera

A indústria cinematográfica, mesmo que a passos pequenos, vêm se desconstruindo. (Melhor do que estar estagnada!). A Academia começa a criar as consciências – mesmo tão tardias – da importância da diversidade em atores, roteiros. A sétima arte tem a função de imitar a vida, ou seria o contrário como diz a frase, como um todo. E não somente uma parcela da população que sempre se viu representada ali.
Me alegra qualquer avanço, mesmo que pequeno, que vemos em cada cerimônia. Seja um convidado a apresentar uma categoria, um texto descritivo mais acolhedor, atores assumidamente LGBTQIA+ com seus amores sentados na plateia. Mulheres concorrendo a melhor direção. Pessoas pretas concorrendo a várias categorias. É isso que queremos, ver a realidade do mundo traduzida não só na cerimônia do Oscar, mas nos filmes, nos sets de filmagem. É o mínimo que se espera hoje.

Pedro Ibarra

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