No ar desde 4 de novembro na HBO, His dark materials se supera a cada episódio, com uma trama envolvente, repleta de significados implícitos, e um visual a nível cinematográfico
Uma história clássica dos livros criada por Philip Pullman mais uma vez ganhou uma versão audiovisual com o lançamento da série His dark materials, no último dia 4 na HBO. A produção é uma adaptação da saga literária sob o comando de Jack Thorne, nome por trás do espetáculo Harry Potter e a Criança Amaldiçoada.
O seriado gira em torno de Lyra Belacqua (Dafne Keen), uma jovem órfã que foi criada com estudiosos do Jordan College, em Oxford, após ter sido levada pelo tio Asriel (James McAvoy) durante um dilúvio. A série começa mostrando esse acontecimento e deixando claro que a protagonista é especial e terá uma missão algo longo da narrativa.
Essa função da personagem começa a aparecer no episódio de estreia, quando a série ambienta a tensão da história: o desaparecimento de um grupo de crianças. Na trama, isso tem início com a captura de Billy Costa (Tyler Howitt), uma criança dos chamados gípcios — espécie de casta mais pobre –, e depois de Roger Parslow (Lewin Lloyd), melhor amigo de Lyra e um dos serviçais da universidade de Oxford. O que faz com que a menina se interesse pelo assunto.
Em meio a isso, há outra questão, Asriel retorna a Oxford levantando um questionamento tabu dentro desse universo: a presença de um pó, que se manifesta apenas ao redor dos adultos. Isso causa uma tensão dentro da Faculdade Jordan e também do personagem com Lyra, que quer entender mais sobre o tema, mas é cortada pelo tio.
Crítica de His dark materials
A história de His dark materials se passa em um universo todo concebido por Pullman. Nele, todo humano tem um daemon, um animal que representa a alma fora do corpo. No caso de Lyra, ela convive com Pan, um bichinho que ainda não possui uma forma definida e fica mudando de corpo. Ele é um dos incentivadores para que a menina siga uma jornada de heroína.
A série é repleta de simbologias. Estado e igreja estão entre os temas dessa fantasia que apresenta um universo dividido por castas muito bem estabelecidas. Também há muito mistério em torno da protagonista e dos personagens que a o rodeiam, como Mrs. Coulter (Ruth Wilson), com quem Lyra acaba indo morar, Asriel e o Reitor (Clarke Peters).
O primeiro episódio de His dark materials é um pouco lento. O que é natural já que a história precisa ambientar o espectador em todo um novo universo. Mas, no decorrer da temporada — que terá oito episódios –, o ritmo vai acelerando e as respostas vão sendo entregues ao público. Isso cativa e faz com que o espectador queira continuar a seguir essa narrativa.
O visual da série é outro ponto de destaque. A produção é impecável com nível de cinema, com ótimos efeitos visuais que ficam muito perceptíveis nos daemons. O elenco também entrega boas atuações e o seriado se destaca por ter duas grandes personagens femininas vividas por Dafne e Ruth. Ambas roubam a atenção com atuações fortes e são melhores ainda quando estão dividindo a tela.
Pelo que já mostrou nos três primeiros episódios, His dark materials têm tudo para se fincar seu nome na história da televisão. Isso porque deve conseguir criar uma nova gama de fãs que podem beber de um universo amplo, disponível nas telas (com a série), nos livros (com a saga literária) e nos fones de ouvido, por conta da extensão que a trama ganhou nos podcasts.
A primeira temporada de His dark materials está sendo exibida pela HBO às segundas, na faixa das 23h. A série também está disponível na HBO GO. Uma segunda temporada está confirmada e, inclusive, gravada.