Desde o início da carreira, a atriz e produtora baiana Maria Gal vem derrubando barreiras e lutando pela presença dos negros na dramaturgia. Ela criou uma produtora em que levou a temática para os palcos e, em breve, também levará para as telinhas com a série Os Souza e para as telonas com um filme sobre a escritora Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo.
Mas, antes de tudo isso, Maria Gal já representa as mulheres negras no elenco da novela As aventuras de Poliana, do SBT, em que vive a personagem Gleyce Soares, uma mulher que faz de tudo para dar uma vida melhor aos dois filhos adolescentes. Papel esse que a atriz diz que tem muitos aspectos em comum: “A Gleyce representa a típica mulher brasileira. A mulher guerreira que corre em busca dos objetivos. Eu, Maria Gal, como uma mulher, negra e nordestina tenho esse perfil também”.
Como surgiu a oportunidade de integrar o elenco de As aventuras de Poliana?
Fui convidada para fazer o teste para interpretar a personagem Gleyce Soares, junto com outras atrizes, e só algum tempo depois fui informada que havia passado. Foi uma surpresa maravilhosa porque depois de tanto tempo achei que não tivesse sido aprovada.
Como foi o seu processo de concepção para a Gleyse? E o que acha que tem em comum com a personagem?
A Gleyce representa a típica mulher brasileira. A mulher guerreira que corre em busca dos objetivos. Eu, Maria Gal, como uma mulher, negra e nordestina tenho esse perfil também. A Gleyce é uma mãe generosa, super família, que busca o progresso da família. Não sou casada nem tenho filhos, ainda, mas tenho bastante esse perfil. Ela é também uma mãe super amorosa, divertida e sem papas na língua quando se sente desrespeitada.No processo de concepção da Gleyce tive alguns encontros com nosso coach, Ariel Moshe, que foi extremamente importante e sou muito grata. Traçamos a partir do texto as características da Gleyce e até descobrimos um bordão que foi incorporado no texto. “Ô PAIZINHO DO CÉU!” (risos).
Hoje temos visto cada vez mais mulheres negras em destaque na tevê. Como você vê isso? E quais desafios ainda temos?
Acredito que realmente melhorou mas ainda estamos muito aquém do que deveria ser, já que vivemos numa sociedade na qual mais de 55% da população se autodeclara como negro. O desafio ainda é grande, pois queremos nos ver numa quantidade maior na tevê e em papéis não estereotipados, e sim como protagonistas. Nas campanhas publicitárias em 2017, por exemplo, nós tínhamos apenas 1% das campanhas com mulheres negras. É de extrema importância que as empresas, de um modo geral, se dêem conta que a diversidade é uma vantagem competitiva. E as empresas que já têm essa consciência de forma inteligente e estratégica já estão saindo na frente, colocando mulheres negras nos protagonistas de suas campanhas. Na teledramaturgia a mesma coisa. Afinal de contas, hoje no Brasil, já vivemos o black money: se não me vejo não consumo, não assisto e não dou audiência.
Você é bastante engajada na representatividade e até tem uma produtora própria. Como veio a ideia de criar essa produtora? E a quantas anda a empreitada da série Os Souza?
Minha produtora foi criada em 2011 e a partir de então só produzimos teatro. Produzimos o espetáculo As paparutas com texto de Lázaro Ramos. Há cinco anos ampliei a produtora para produzirmos também audiovisual. Sobre a série Os Souza fechamos um contrato com um canal de tevê e patrocínio com uma grande empresa. Há alguns canais interessados também na segunda janela.
Além da novela você está com um projeto no cinema. O que pode contar sobre o filme Carolina?
Posso falar que a história de Carolina Maria de Jesus é uma das histórias mais impressionantes da literatura brasileira, portanto, este é um filme necessário e relevante neste contexto histórico que vivemos. Estamos aprovados nas leis de incentivo e captando recursos. Já temos inclusive alguns patrocínios. As empresas que estiverem interesse em conhecer o projeto para patrocinar pode entrar em contato no email contatocarolinaofilme@gmail.com
No seu currículo, você tem passagens pela televisão, cinema e teatro. Como foi o seu início na atuação? O que te motivou a seguir a carreira de atriz?
Minha vontade de ser atriz começou ainda na infância. Comecei a fazer teatro em Salvador, no Teatro Vila Velha e Bando de Teatro Olodum. O que me motivou a ser atriz foi a vontade de contar histórias e a possibilidade de interpretar diferentes personagens. Cada personagem te leva para um universo e isso me fascina. Os grandes atores e criadores negros dos EUA como Viola Daves, Denzel Washington, Lee Daniels, Spike Lee, Will Smith e Shonda Rhimes são grandes fontes de inspiração para mim.
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