Segunda temporada de Euphoria foi marcada pelo tratamento contemporâneo dado a temas como drogas e relações familiares
por Pedro Ibarra
O público já encheu os olhos com lindas cenas, levantou da cadeira de tensão, riu, sentiu raiva e xingou nas redes sociais, mas toda temporada tem um fim. Cheia de fios soltos para justificar, Euphoria chega ao episódio final neste domingo com status de fenômeno.
O seriado que já tinha sido forte tópico de discussão na primeira temporada, agora quer mais. Está caminhando para se tornar uma daquelas produções que junta milhões em frente à televisão no horário nobre da programação a cabo de domingo. Euphoria divide, todo domingo, as redes sociais brasileiras com BBB e chegou até a desafiar o megalomaníaco Super Bowl neste segundo ano da história da adolescente Rue.
Porém, a série não conquistou essa grandeza do nada. O que parece uma narrativa batida — uma menina que após um grande trauma se afunda nas drogas e puxa consigo todos que estão ao redor — ganha força com as camadas dramáticas, com o fato de não olhar de forma romântica para o abismo do vício e de manter núcleos interessantes e pertinentes. A construção é também toda envelopada por quesitos técnicos de ponta. Mais uma vez, o que mais chama a atenção é como a parte visual, extremamente bem executada, consegue ter efeitos não só na popularidade da produção, como também passar os sentimentos propostos no enredo da série.
Quanto ao roteiro, Euphoria teve acertos e erros, deixou personagens de lado, mas liberou espaço no palco para que outros ganhassem tempo de tela, uma menção, principalmente, para Maude Apatow e Sydney Sweeney, que brilham como as irmãs Lexi e Cassie, além do carismático Fezco, de Angus Cloud.
O principal, contudo, esteve sempre na forma como, apesar de uma história incômoda, a série conseguiu ultrapassar a barreira do cult e ganhar um público maior por meio de uma estética refinada e de um diálogo contemporâneo. Falar com uma grande fatia dos espectadores é uma responsabilidade enorme, ainda mais no que diz respeito a balancear o fato de agradar quem assiste e manter uma história que una relevância, crítica social e ousadia. Entretanto, até o momento, Euphoria tem acertado bem mais que errado.
Uma série sobre adolescentes, mas para adultos; que consolidou Zendaya como uma das maiores estrelas da nova geração do audiovisual; e, por mais que fale de um tema muito delicado, entrega entretenimento e crítica na mesma medida. Euphoria angariou um espaço entre os maiores seriados da atualidade e não à toa é recordista de espectadores no mundo. Para além de todas as críticas que recebe, a produção tem a faca e o queijo na mão para entrar para a história neste oitavo episódio da segunda temporada.