Centenário de Chacrinha é comemorado com especial em que Stepan Nercessian brilha e recebe nomes como Roberto Carlos e Ney Matogrosso. Saiba como foi!
“Esse não é um programa de época. É um programa para todas as épocas.” O pensamento do apresentador Chacrinha dá o tom saudoso e festivo de Chacrinha, o eterno guerreiro, especial que a Globo exibe nesta quarta (6/9) em homenagem ao centenário de um dos mais importantes apresentadores da nossa televisão. A atração vai ao ar depois da novela A força do querer.
O especial revive os ares do Cassino do Chacrinha, com Stepan Nercessian incrivelmente encarnado como o protagonista. O primeiro acerto do programa é justamente se assumir como uma homenagem: Stepan deixa claro que ali está um ator e todo um elenco para um tributo a Chacrinha.
Um dos principais atrativos do Cassino eram as apresentações musicais — artistas consagrados e estreantes revezam-se no palco, um dos de maior audiência das tardes de sábado. (Aliás, nota-se que seria mais singelo exibir O eterno guerreiro sábado à tarde — nos livraria de Angélica e daria a faixa de volta a Chacrinha por pelo menos uma semana)
Passam por ali várias gerações — Roberto Carlos abre a noite e dá de cara o ar de importância ao especial. De quebra puxa o coro de “Chacrinha é nosso rei” e tira o que seria “a primeira selfie da vida do Velho Guerreiro”. Seguem-se números musicais com Marília Mendonça, um sensual Ney Matogrosso, Luiz Caldas, um emocionado Fábio Junior, Sidney Magal, Blitz, Anitta, Alcione e Ivete Sangalo. O “cantor mascarado” (é o Chitãozinho & Xororó?) Luan Santana atacou de Detalhes a capela antes do hit Meteoro.
Stepan vai para o trono como Chacrinha
O concurso de calouros era outra marca de Chacrinha. Aqui, ele aparece como uma competição de melhor imitador de Chacrinha. Estão no páreo Marcius Melhem; Otaviano Costa (“Chacrinha deve estar triste vendo isso, pulando na sepultura”, vaticinou, com razão, a jurada Glória Maria); Welder Rodrigues, lembrando o bom comediante de Tá no ar: a TV na TV e esquecendo o fiasco de Planeta B; Tom Cavalcante; e Marcelo Adnet, o único que entrou no espírito da coisa e brincou com a barriga de Leandro Hassum e com a pinta da Angélica. Para mim, ninguém superou Stepan. Esse sim vai para o trono! Para os jurados, você vai precisar ver para saber quem ganhou.
Nomes como Serginho Groisman e Fausto Silva apareceram depois da vinheta do “roda e avisa” com sisudos depoimentos. Também foi esse o momento em que apareceu Pedro Bial — fez falta Bial nos palcos, entre os jurados.
Os jurados eram um capítulo à parte no programa. Além de Angélica (eleita a criança mais bonita do Brasil pelo programa) e Glória Maria estavam ali nomes como Regina Casé, Tiago Leifert, Luciano Huck, Ana Maria Braga e Fernanda Lima, entre outros. O problema é que aqui foram alçados a coadjuvantes completos — salvo uma outra intervenção, passaram despercebidos.
O mesmo aconteceu com as chacretes. Vestida com maiôs várias polegadas a mais e sem charme nenhum elas não passaram nem perto de representar o que Rita Cadillac e companhia foram. Uma pena. Nem mesmo quando Anitta pediu para ficar no palco e dançar ao som de Sandra Rosa Madalena, de Sidney Magal, funcionou.
Também ficou de fora ou veio com pouca força a irreverência e o escracho de Chacrinha. O bacalhau da Maria Bethânia e a mandioca do Ronnie Von perderam a identidade em nome do politicamente correto. Menos, é claro, quando veio Ivete Sangalo e, ela mesma, pediu para a plateia brigar pelo bacalhau de Ivete Sangalo.
Em um determinado momento, os jurados entrevistavam Anitta e André Marques perguntou como ela dormia, se é nua ou de lingerie. Poderosa, ela devolveu: “Você não se lembra mais, André?” Esse é o clima da homenagem: livre, leve e solto. Todos pareciam se divertir. O grand finale, ao som de Aquele abraço, não deixa dúvida: “Chacrinha continua balançando a pança” e “dando as ordens no terreiro”.