O ator Marcelo Octavio estreia na tevê como Otávio de Tempo de amar. Em entrevista ao Próximo capítulo, ele fala sobre teatro, política e cinema. Confira!
O musical é um dos gêneros que mais crescem no teatro brasileiro. Tanto que já temos uma geração de atores especializados em soltar a voz e dar vida a um personagem ao mesmo tempo. É o caso de Marcel Octavio, o Otávio da novela Tempo de amar está em seu primeiro folhetim e é experiente nos palcos, especialmente em musicais. Em Brasília, pôde ser visto recentemente na montagem de Rio mais Brasil.
“Na tevê, a minha plateia é uma câmera focada no meu rosto e o microfone que capta até o meu som quando respiro”, compara o ator, que se prepara para deixar a trama das 18h, pois o revolucionário Otávio deve morrer nos próximos capítulos.
Viver um comunista revolucionário na década de 1920 trouxe a Marcel a oportunidade de levar a discussão política para dentro dos lares brasileiros, o que é sempre saudável. “Devemos nos manter abertos para ouvir a todos e, sim, nunca nos esquecermos dos nossos ideais. Precisamos sempre nos questionar, manter-se curiosos, nunca perder o estímulo pela política, nem pela democracia, por pior que os tempos pareçam”.
Formado em cinema, Marcel faz mistério, mas garante que vem coisa nova nas telonas em pouco tempo. Isso sem deixar de lado os palcos e a tevê, nova paixão do ator. Energia é o que não falta!
Leia entrevista completa com Marcel Octávio!
Você faz sua estreia em novelas como o Otávio em Tempo de amar. Quais são as principais diferenças entre estar nos palcos e nos estúdios?
A transição é complicada e aprendo muito todo dia no set de gravação. São, de fato, duas formas distintas de arte. Estou acostumado a atuar no teatro, onde preciso me assegurar que todos sentados na platéia, desde a primeira até a última fileira, consigam ver meu rosto e entender o que digo. Aqui na tevê, a minha plateia é uma câmera focada no meu rosto e o microfone que capta até o meu som quando respiro. São ajustes de intensidade e forma que tenho que fazer e me policiar para não exagerar.
O fato de a novela ser uma trama de época acaba a aproximando de uma fantasia, algo mais teatral. Isso te ajudou a compor o Otávio?
Sim, o fato de ser de época me tira do cotidiano, então já parto do princípio que não posso usar meu corpo do dia a dia. A partir de treinos em casa e com nossas preparadoras da novela, cheguei no jeito próprio do Otávio, sua fala, seu corpo, mas também sem esquecer que ele deve parecer real.
O Otávio é um comunista que luta pelos ideais dele a qualquer custo. Isso te inspira de alguma forma a lidar com a realidade que vivemos no Brasil de hoje?
Inspira no sentido que acredito que sempre devemos nos manter abertos para ouvir a todos e, sim, nunca nos esquecermos dos nossos ideais. Quanto ao “qualquer custo”, já não concordo tanto. Hoje acho que já há conhecimento e história suficientes para entender que nenhum tipo de extremismo é saudável.
Como isso pode ajudar o público a refletir sobre a crise institucional que o Brasil atravessa hoje? Acha que isso foi um dos intuitos do autor com o personagem?
Meu personagem representa um lado da política que foi, durante muito tempo aqui no Brasil, duramente reprimida: os comunistas. Suas ações extremas foram consequência dessa repressão também extrema. Agora, sendo a novela, um meio de grande visibilidade, nossos autores, o Alcides (Nogueira) e a Bia (Corrêa do Lago), se preocupam com todos os personagens e como eles serão vistos pelo público. O Otávio é um revolucionário, sim, e acredito que a maneira como ele se desenvolve na trama e seus questionamentos e aprendizados nos ajudam a entender que precisamos sempre nos questionar, manter-se curiosos, nunca perder o estímulo pela política, nem pela democracia, por pior que os tempos pareçam.
Você vem de muitos musicais no teatro. Sente falta desse formato na televisão. Teria espaço?
Amo musicais, trabalho há 10 anos nisso no teatro. Acho que falta pouco para os musicais brasileiros chegarem aos cinemas e à TV. É claro que sendo meios diferentes (teatro e TV), a forma de se montar musicais também deve ser diferente, mas não é por isso que não devemos experimentar! Gostaria de fazer mais filmes musicais brasileiros.
Sua formação acadêmica é em cinema. Vem um filme por aí? Você já tem algum projeto nesse sentido?
Estou escrevendo um novo projeto mas por enquanto não posso comentar. Tive que parar um pouco agora para me concentrar na novela e no meu último musical, o Rio Mais Brasil.
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