No segundo trabalho na tevê, Yara Charry dá a volta por cima e defende Jade, um dos melhores papéis de Malhação – Vidas brasileiras.
Em 2016, a vida da atriz Yara Charry deu uma guinada. Estudante de moda e estilismo na França ー país onde nasceu ー , Yara foi surpreendida com um convite para fazer novelas no Brasil. A personagem era Sophie da novela Velho Chico.
A atuação dividiu a crítica especializada, que não foi unânime com relação ao trabalho da jovem, que hoje tem 20 anos. Mas a pouca idade esconde a maturidade de Yara.
“As críticas construtivas são sempre muito bem-vindas e lido muito bem com isso. Foi minha primeira experiência como atriz, então, não vejo como crítica dura. Estudo bastante para me encontrar cada vez mais como atriz”, afirma Yara.
Agora, ela dá a volta por cima. Em seu segundo papel, ela é Jade, uma das protagonistas da atual temporada de Malhação, intitulada Vidas brasileiras. Por trás dos traços de vilania de Jade, está uma fragilidade que será abordada quando for a quinzena dedicada à menina que , no início da temporada, sofreu com a exposição de fotos íntimas na internet.
“A tecnologia nos trouxe muita coisa bacana, nos apresentou um universo novo e incrível, mas, como tudo na vida, tem seu lado ruim e, neste caso, é a invasão de privacidade e exposição”, reflete.
Visivelmente mais à vontade como atriz, Yara ainda tem a oportunidade de, como Jade, soltar a voz, já que a estudante faz parte da banda formada por alunos do colégio Sapiência. E ela não faz feio, fruto de muito estudo, palavra que vem guiando a passagem de Yara pela televisão brasileira.
Leia entrevista completa com a atriz Yara Charry!
Esta temporada de Malhação tem um protagonista a cada 15 capítulos. Está ansiosa para quando for a vez de Jade?
Estou muito ansiosa! Quem está acompanhando a temporada já deve ter percebido que a Jade é uma personagem divertida e muito segura, mas tem muito mais por trás dessas primeiras impressões. As histórias tratam de temas muito importantes e acredito que todos os protagonistas têm conteúdo suficiente para estabelecer conexão e identificação com os telespectadores, principalmente com os jovens. E isso vai além do entretenimento. Com tantas coisas acontecendo no mundo diariamente, é importante dar voz aos jovens para que eles se sintam inspirados e antenados diante dos vários desafios que podem e vão surgir. A Jade não vai fugir dessa responsabilidade e estou animada para que conheçam a história dela.
A Jade tem fotos sensuais expostas nas redes sociais e procura a ajuda da professora Gabriela. Estamos perdendo a privacidade com os avanços tecnológicos? Como é a sua relação com a tecnologia?
O que a Jade passou é uma grande violação de privacidade e, a princípio, isso a deixou em uma situação delicada, com medo da reação das pessoas, com vergonha. Ninguém merece passar por essa exposição. A tecnologia nos trouxe muita coisa bacana, nos apresentou um universo novo e incrível, mas, como tudo na vida, tem seu lado ruim e, neste caso, é a invasão de privacidade e exposição. Acho que a minha relação com a tecnologia é responsável. Eu sempre gostei dos avanços tecnológicos, até porque sou de uma geração que já nasceu conectada, então, aprendi que preciso ter atenção e cautela com o que compartilho ali.
A Jade canta em cena. Como é sua relação com a música?
Sempre adorei música! Canto desde os meus quatro anos de idade. Na minha infância, a minha mãe me matriculou em um curso onde fiz aulas de canto e aprendi a tocar piano. Depois do curso, entrei em um coral e a partir disso a música nunca mais saiu da minha vida. Cantar e tocar instrumentos se tornaram um hobby e agora fazem parte da minha profissão também. Eu fiquei muito feliz quando descobri que a Jade iria cantar em cena e fazer parte de uma banda! Com a personagem, tenho a oportunidade de aprender várias músicas novas e ampliar meu repertório de canções brasileiras. Um presente!
Qual é a importância de estar numa produção voltada para o jovem?
Eu tenho 20 anos e por isso também me identifico com o público jovem e entendo a importância de falar sobre os temas desse universo. No caso dessa temporada de Malhação, acredito que a possibilidade de tocar vários jovens é ainda maior. Nessa idade, as descobertas e as novas experiências são constantes. Cada jovem vive amores, conflitos e expectativas diferentes e, em Vidas Brasileiras, a gente vai mostrar 17 diferentes maneiras de falar a mesma língua com cada um dos jovens espalhados pelo Brasil. A importância da diversidade está nos temas e no alcance.
Como você veio para o Brasil?
Cheguei ao Brasil no final de 2016. Vim para o país porque fui chamada para fazer um teste para a novela Velho Chico. Foi uma grande novidade, pois antes do convite eu não tinha nenhuma experiência como atriz. Após passar no teste, me apaixonei pela atuação e meu comprometimento seguiu a mesma intensidade. Na França eu estudava marketing de moda e estilismo, então foi uma grande surpresa me identificar tanto com o universo de atriz. Gravando Velho Chico eu tive a certeza que era isso que eu queria fazer na vida. Depois da novela, resolvi ficar no Brasil e me dedicar aos estudos. Entrei na faculdade de artes cênicas da CAL e conciliei a faculdade com curso de teatro e vários workshops.
Arrependeu-se em algum momento da troca de Paris pelo Brasil?
A decisão de vir morar definitivamente para o Brasil não foi tomada de um dia para o outro, e eu não me arrependi em nenhum momento. Antes de decidir, eu simplesmente sentei e pensei: o que irá me fazer feliz pelo resto da vida? O Brasil e a atuação estavam em minha resposta, então eu vim. Mesmo sem saber se iria dar certo eu tinha certeza que não iria me arrepender da experiência que viveria aqui. Hoje eu posso dizer que estou feliz por atuar e continuar construindo o meu sonho.
O ensino na França é muito diferente do que no Brasil. Como você poderia aconselhar os brasileiros a atingir o nível francês?
Eu não estudei em colégios brasileiros e por isso não consigo fazer uma comparação entre os ensinos. Mas o que posso dizer é que investir na educação é fundamental para qualquer nação.
Você sofreu preconceito ao chegar aqui, seja racial, seja por ter vindo do mundo da moda?
Felizmente não me lembro de ter sofrido nenhum tipo de preconceito. Quando cheguei ao set de Velho Chico, fui muito bem recebida por toda a equipe. E isso se repetiu com o que vivi posteriormente. Fui muito bem recebida aqui no Brasil.
Em Velho Chico, você recebeu críticas duras. Como lida com isso?
As críticas construtivas são sempre muito bem-vindas e lido muito bem com isso. Foi minha primeira experiência como atriz, então, não vejo como crítica dura. O retorno que tive, no geral, foi muito positivo e me fez crescer muito como profissional. Ainda hoje as pessoas me abordam e falam da Sophie com carinho. Estudo bastante para me encontrar cada vez mais como atriz e estou sempre aberta ao aprendizado. Interpretando a Jade, eu espero aprender e crescer mais e mais como atriz.