Em entrevista ao Próximo Capítulo, o ator Bernardo Dugin, que vive Nero em Éramos seis, fala da experiência na trama que está na fase final
O ator Bernardo Dugin entrou em Éramos seis só para fazer uma participação em alguns capítulos. No entanto, a entrega que colocou em Nero, um dos jovens revolucionários da trama, o manteve na novela. Na pele do personagem, Dugin levou para a telinha discussões sobre liberdade e cenas de confrontos dignos de filmes de ação e de guerra.
Como entrou no meio do folhetim, coube ao ator mergulhar na história e numa preparação própria para se integrar ao elenco e a narrativa. “Eu não sabia se o Nero ia continuar, mas existia essa chance. Por isso mesmo corri atrás de estudar história, de observar como meus colegas se portavam, o tom das cenas que iam ao ar… Eu queria estar totalmente dentro daquele universo e jogar com eles”, lembra em entrevista ao Próximo Capítulo.
A poucos capítulos do fim, o astro faz mistério sobre o encerramento de Éramos seis. Mas uma coisa Bernardo garante: “Se eu pudesse dar um conselho seria: preparem os lenços. Vem muita emoção por aí”. Confira a seguir um bate-papo com o intérprete de Nero sobre a novela, a carreira e os projetos futuros!
Entrevista // Bernardo Dugin
Como você se preparou para dar vida a Nero?
Cheguei para fazer uma participação de alguns capítulos, então não participei da preparação oficial da novela, com os outros atores. Eu não sabia se o Nero ia continuar, mas existia essa chance. Por isso mesmo corri atrás de estudar história, de observar como meus colegas se portavam, o tom das cenas que iam ao ar… Eu queria estar totalmente dentro daquele universo e jogar com eles. Precisei suavizar o sotaque carioca, já que a novela se passa em São Paulo e na década de 1930. Então tirei aquele som de “X” que a gente carrega no “S”. Contei muito com a ajuda e a generosidade do preparador de elenco Antonio Karnewale, que conversava comigo e batia as cenas. O elenco me recebeu superbem e já me senti em casa. Isso foi fundamental. O Kiko Mascarenhas me disse uma frase genial, que fez um clique na minha cabeça: personagem de época não sabe que é de época.
O que acha que tem parecido e de diferente do personagem?
O Nero é um revolucionário. Nós temos em comum o desejo de mudança, o calor no coração e o sangue nos olhos para agir. Não espero nada cair do céu. Se quero, corro atrás e vou até o fim. Aliás, o Nero arriscou a vida por um ideal, né? Louvável. O que tenho de diferente? Em uma reunião política ele revela que é professor de música. Infelizmente não toco nenhum instrumento. Mas ainda tenho vontade de aprender. Fico hipnotizado por piano.
Seu personagem em Éramos seis é de um núcleo revolucionário e com muita ação. Quais têm sido os desafios para você interpretar Nero?
Quando soube que ia ter uma guerra na novela e que possivelmente o Nero iria, tratei de intensificar os exercícios físicos. Subir colinas, correr, pular, rastejar, carregar um fuzil, mochilas, cantil com água, roupas pesadas, molhadas, embaixo de sol requer um preparo especial. E o outro desafio foi estudar mais a história do nosso país. Lembro de ter estudado a Era Vargas na escola, mas confesso que não lembrava dessa guerra de São Paulo contra Getúlio. E entender o contexto nacional, internacional, e os interesses de cada grupo por trás disso foi muito enriquecedor. Nosso ofício é maravilhoso. Uma aula a cada dia.
Como você enxerga essa questão social da novela, que, apesar de se passar no passado, tem muito a ver com que se vivencia hoje? Foi mais fácil para você relacionar essas questões de luta para construir o personagem?
Todas as pessoas que me abordam para falar da novela têm praticamente o mesmo discurso: impressionante como nada – ou pouca coisa – mudou. E ali eles queriam exatamente a mudança. Novas eleições, mais liberdade. Por isso se articulavam politicamente. O nome do meu personagem “Nero”, já me despertou um caminho a seguir. Pensei, vou incendiar essas reuniões. Então já levei para cena um Nero mais inflamado. Incitante.
A novela entregou cenas dignas de cinema de guerra. Como foi esse processo de gravação e captação?
Foi um trabalho intenso e maravilhoso de uma equipe enorme. Pesquisa, efeitos especiais, a pós, com os efeitos visuais, a arte (teve até comida real para a gente no set), dublês, figurantes, fumaça, o manejo de armas com balas de festim, cenografia, figurino. Centenas de pessoas envolvidas para entregar o resultado que vocês viram. A gente se sentia realmente num front de batalha. Digno de superproduções. Me sinto privilegiado por ter vivido este momento e esta história.
O que podemos esperar nessa reta final da Éramos seis?
Não posso revelar nada da reta final. Inclusive nós atores só recebemos nossas próprias cenas dos últimos capítulos. Todas as cenas são secretas. Mas se eu pudesse dar um conselho seria: preparem os lenços. Vem muita emoção por aí.
Você começou a carreira de ator nos palcos. Como isso tudo teve início?
Quando eu tinha 6 anos assisti a minha primeira peça de teatro na escola. Fiquei vidrado. Enlouquecido. Ali tive a vontade de fazer aquilo também. Na escola sempre participei dos festivais literários, escrevia e declamava poesias… Mas só aos 12 tomei coragem para entrar num curso de teatro. Dali em diante, nunca mais abandonei os palcos. Teatro é meu ofício. Tevê e cinema aconteceram naturalmente. Muito como consequência do meu trabalho no teatro.
Além da novela, podemos te ver em outros projetos em 2020?
Depois da novela, volto com meu curso de teatro em Nova Friburgo – RJ. Amo a troca de aulas. Possivelmente teremos a estreia de um longa e de dois curtas, que seguem para festivais. E, claro, sigo nos palcos. Vem peça nova este ano.