O humor ácido e bem afastado do pastelão característico dos britânicos dá o tom da série Dá licença, saúde, que tem duas temporadas (uma com seis episódios e outra com oito) no catálogo da Netflix. A comédia tem fôlego para mais um ano, com certeza. Saiba os motivos a seguir!
Rupert Grint, o eterno Rony de Harry Potter, encara logo o protagonista de Dá licença, saúde, Daniel Glass. Daniel é um típico fracassado: o casamento com Rebecca (Pippa Bennett-Warnerrompe) vai de mal a pior; ninguém o leva a sério na empresa em que ele trabalha, uma revendedora de seguros; a mãe dele só o chama pelo nome do irmão; ele inventa doenças para tirar atestado médico e ficar em casa jogando videogame. E tem como piorar, acredite! Numa consulta para arranjar mais um dos atestados bobos ele descobre que tem câncer no esôfago ou, como diz o médico, no “efôsago”.
O diagnóstico, feito pelo médico Iain Glennis (Nick Frost), o leva a uma espécie de redenção: Becca desiste da separação e passa a mimá-lo; os chefes dele voltam atrás na decisão de demiti-lo e o deixam à vontade para trabalhar em casa quando não estiver bem; e o melhor amigo dele, Ash (Tolu Ogunmefun), tenta acabar com o caso extraconjugal que mantém com Rebecca.
Mas o câncer de Daniel não dura nem um episódio de Dá licença, saúde. Totalmente atrapalhado, Dr. Glennis, descobre que errou no diagnóstico e que Daniel está bem de saúde. E aí que vem o grande mote de toda a trama das duas temporadas da série escrita por Nat Saunders e James Serafinowicz e dirigida por Matt Lipsay: as mentiras de Daniel.
Não pense que vem lição de moral por aí. Dá licença, saúde não é uma fábula dos Irmãos Grimm. Numa dobradinha hilária que dá o ritmo do seriado, Rupert Grint e Nick Frost esbanjam química e brilham a cada piada ー algumas um pouco ácidas e estranhas demais, nos mesmos moldes de The good place, outra série da Netflix. Vale lembrar: com britânicos ditando os diálogos o politicamente correto passa longe de Dá licença, saúde.
As mentiras de Daniel e Dr. Glennis só crescem e acabam envolvendo os dois numa trama policial que ganha mais espaço na segunda temporada, quando o trio ganha uma companhia de luxo no elenco. Lindsay Lohan está perfeita como Katerina West, herdeira da empresa onde Daniel trabalha e da qual, a essa altura, ele já é garoto propaganda vendendo produtos dos mais esquisitos e inúteis. A moça é boa atriz quando não está metida em confusões extra-telas e prova isso em Dá licença, saúde.
A curta duração dos episódios de, em média, 30 minutos, o ritmo acelerado dos acontecimentos, o elenco afiado (Daniel Rigby está ótimo como o policial Hayword, assim como Dustin Demri-Burns na pele do estranho e misterioso Will) e os bons ganchos entre um capítulo e outro contribuem para que a comédia da Netflix seja uma boa opção para os fãs de maratonas. Eu mesmo praticamente matei as duas temporadas num sábado. Se bem que não sei se é bom falar em “matar” perto dos personagens de Dá licença, saúde!
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