Personagens de Hache nos envolvem ao ponto de confiarmos em todos eles – mesmo que eles não mereçam. Leia a crítica da produção espanhola!
Assim como quem não quer nada a série Hache, de Verónica Fernández, entrou em novembro no catálogo da Netflix. Sem o alarde das grandes estreias, a produção vem com a chancela da boa safra espanhola. E não decepciona: o drama policial une suspense e o mundo das drogas a um elenco afiado.
Hache se passa na Barcelona dos anos 1960, que tem a noite dominada pelo clube de jazz Albatross, seja pelas boas mulheres que ali se apresentam, seja pela boa música. Durante o dia, o bar revela a verdadeira vocação. A casa noturna é apenas fachada para o tráfico de heroína comandado por Malpica (Javier Rey), traficante procurado nacionalmente (e mais tarde internacionalmente) por ser responsável pela saída da droga da Espanha.
É no Albatross que Helena (Adriana Ugarte) se refugia de uma briga e acaba procurando trabalho como prostituta para dar conta de sustentar a família, já que o marido dela está preso e a irmã é que tem que cuidar da filha dela. Mas logo, Hache (esse é o codinome de Helena) e Malpica estão apaixonados e viram cúmplices também no tráfico.
O “negócio” vai muito bem até que Malpica descobre um traidor entre seu bando. O roteiro de Hache é cheio de reviravoltas, daquelas que, bem amarradas, te levam para um caminho quase oposto ao que acontece realmente. Além de bem amarradinha, Hache é um série em que poucas cenas são gratuitas. Há de se prestar atenção a cada detalhe – e são muitos, pois eles serão importantes lá na frente. Apesar disso, há números musicais e cenas de romance que nos dão um certo refresco. Mesmo no batido tema do tráfico de drogas, Hache consegue surpreender.
Helena e Malpica são apenas alguns dos tipos de Hache que alternam momentos de fraqueza e de força ー a química entre os dois é ponto alto da atração. Helena é a protagonista e, com seu jogo dúbio, entre mãe dedicada e perigosa bandida, nos pega de vez. É difícil tirar os olhos de Adriana, tamanhos talento e carisma.
Não pense que não dá para ter compaixão de um traficante porque dá, assim como dá para ter ódio de policiais. Eduardo Noriega está ótimo como o inspetor Alejandro, assim como Pep Ambrós como o policial Julio e Ingrid Rubio, a dançarina e cantora Celeste.
Fã das séries na língua espanhola, como La casa de papel e Elite, o Próximo Capítulo comemora o anúncio da Netflix de que Hache terá segunda temporada. A data ainda não foi confirmada.