Cadu, Miguel e Pérola. Os três amigos de infância têm a responsabilidade de representar a nova face da juventude brasileira – pelo menos é o que prometia a divulgação de Perrengue. Com cada personagem designando “um” obstáculo da vida adulta (Cadu tem dificuldades de relacionamento; Miguel precisa lidar com os desafios de sua profissão e Pérola está a caminho de definir sua identidade entre uma mulher e uma garota irresponsável), os três encontram na amizade uma tábua de salvação comum aos perrengues do cotidiano do jovem brasileiro (sim, esse é o grande trocadilho/slogan da produção).
O episódio de estreia de Perrengue (que foi duplo) começa de fato a partir do momento em que Pérola herda a casa da avó e convida Miguel para morar com ela. Os três amigos de infância agora, mais juntos do que nunca, tentam equilibrar o que significa crescer.
A emissora vende a produção como a primeira empreitada no mundo das séries, mas, na verdade, essa é a primeira série apenas após a nova direção da MTV (que passou das mãos do grupo Abril para o canal a cabo da VIACOM, em 2013). Antes o canal já tinha empreendido as excelentes Descolados e A menina sem qualidades (ambas em 2009).
Partindo do bom histórico era de se esperar que Perrengue apresentasse um conteúdo de grande qualidade, o que de certa maneira aconteceu.
De positivo, a série tem os personagens “reais”, designação que surgiu com Skam ainda em 2015. Isso significa, basicamente, que os personagens Cadu, Miguel e Pérola são mais do que simples personagens, tendo perfis em redes sociais e uma integração maior com os fãs (você pode seguir Cadu aqui, Pérola aqui e Miguel aqui). A ideia é que o panorama das redes sociais complemente a história. Vamos ver se a MTV consegue tal objetivo.
É importante citar também a química entre os três. Mesmo nas séries internacionais é um desafio muito grande encontrar uma boa harmonia entre mais de um personagem protagonista, e Perrengue consegue isso facilmente. Algumas cenas também chamam a atenção pela maturidade, a parte da análise que os três fazem no final sobre as próprias vidas em comparação com grandes nomes da arte, ciência e esporte, é uma simbologia delicada, e, ao mesmo tempo forte, dos Milleniums.
Em contrapartida, é difícil passar por algumas cenas dignas da novelinha Malhação. Os diálogos também são um desafio a ser ultrapassado. Frases desconexas e sem a menor denotação do real deixam a trama distante do grande público. A produção técnica também deixa a desejar (a direção escolhe planos abertos sobre o horizonte da cidade para simbolizar a passagem do dia), mantendo a história presa num ar de novela.
O enredo também merece uma reflexão: para onde os três amigos estão indo? Além de problemas de relacionamentos – traduzidos em paixões não correspondidas, o que Cadu, Miguel e Pérola tem para contar? Dificilmente a MTV terá a coragem de abordar algum tema relevante que vá além do uso de drogas recreativas e cenas de sexo. Consigo imaginar que o maior plot da série será o envolvimento amoroso entre dois, dos três, o que abalaria a amizade, mas que poderia ser “consertado”. Após isso, sinceramente não consigo visualizar nada mais para a história. Veja a série, não é uma coisa estúpida, ou intragável.
Veja especialmente pela aposta que o canal fez em criar uma série nacional. Mas veja sabendo que existirão falhas, que talvez possam se tornar acertos nas próximas empreitadas da boa e velha MTV.
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