Novo programa de Miguel Falabella, Brasil a bordo só não é um fiasco total pelo elenco, que consegue salvar algumas cenas. Confira a crítica da estreia do humorístico!
Dois dias depois de estrear a nova temporada do ótimo Tá no ar: a TV na TV (leia aqui a crítica), a Globo derrapa trazendo Brasil a bordo, que será exibido às quintas-feiras após o Big brother Brasil. Com texto de Miguel Falabella, o humorístico não arranca uma gargalhada ー na verdade, minguam os sorrisos, quase sempre amarelos.
Há algum tempo, Falabella não brilha como autor. O datado, mas engraçado Sai de baixo, o ótimo Toma lá, dá cá e o irregular Pé na cova fazem companhia ao insosso e desnecessário Brasil a bordo.
O pior de Brasil a bordo é o texto, sem graça e muitas vezes preconceituoso. As piadas sobre sexo e homossexualidade beiram o grotesco. Uma cena ou outra se salva. O sonho de Berna (Arlete Salles, muito bem no papel) de que engoliu o olho de Ernesto Cerveró e o nome da empresa aérea que abriga as cenas, Piorá Linhas Aéreas, até que funcionam. Incomodam trocadilhos infames como “a instalação elétrica desta casa está por um fio.”
Como é a história de Brasil a bordo?
Bem… essa pergunta é difícil de responder, mas vou tentar. A série é confusa, com muitos personagens, o que só piora (ops!) tudo. Vamos lá: Berna é a matriarca da família Cavalcanti, clã que está à beira de levar a Piorá Linhas Áereas à falência. Nos primeiros minutos do episódio, ela, o marido, Gonçalo (Luiz Gustavo, num repeteco insuportável do tio Vavá de Sai de baixo) e os parentes Durval (Marcos Caruso, ótimo como de costume), Vadeco (Miguel Falabella), Decenove (Frank Borges), Camilinho (Rafael Canedo), Caravelle (Maria Eduarda Carvalho) e Johnny Beautiful (Magno Bandarz) se reúnem em frente à tevê para acompanhar o anúncio do resultado do julgamento que manterá ou não a decisão de impedir a Piorá de operar.
Depois de uma longa apresentação dos personagens, ficamos sabendo que o resultado é favorável à empresa, desde que os empregados se tornem sócios da família. Assim surgem mais três personagens: a comissária São José (Maria Vieira) e as despachantes Shaniqwa (Mary Sheila de Paula, mais um destaque do elenco) e Almira (Stella Miranda). As pendengas entre patrões e empregados rendem algumas piadas ー atuais, é verdade, mas sem graça. Divididos e sedentos por poder, os mais jovens resolveram se juntar às empregadas e mudam de lado.
Quando decola, o único avião da Piorá tem como passageiros um deputado e a esposa dele. O parlamentar tem um ataque cardíaco a bordo e, quando é atendido, descobre-se uma grande quantia de dólares presos ao corpo dele. Sinal verde para que os Cavalcanti e toda a tripulação se estapeie por um centavo que seja.
Com tanta turbulência, o voo de Brasil a bordo não tem nada de tranquilo. O pouso pode ser de emergência. Isso se não for bom apertar os cintos, pois há possibilidade de o piloto ter sumido e surtado entre tantos clichês.