O longa-metragem Barry, da Netflix, revela a juventude de Barack Obama. A produção aborda as questões de desigualdade racial presentes nos anos 1980 nos EUA e, por conta disso, um Obama mais frio do que o mundo conheceu
Veredicto: Bom
Longa Barry disponível na Netflix. 104 min.
Independentemente de qualquer questão política, a saída de Barack Obama da presidência dos Estados Unidos deixará um vão. Um vazio da representação do carisma do clã formado por ele, a mulher, Michelle, e as duas filhas do casal. Encanto esse que, de certa forma, falta no Barack representado em Barry, filme da Netflix. A produção chegou à plataforma de streaming em 16 de dezembro (onde está disponível) e, antes, foi exibida no Toronto Internacional Film Festival (Tiff).
Com direção de Vikram Gandhi (Kumarê e Vice) e roteiro de Adam Mansbach (Wake the fuck up e The north pole), o longa-metragem retrata um Barack Obama que pouca gente conheceu, a começar pela falta de simpatia, muito causada pela dura realidade vivida por ele. A história se passa em 1981 e mostra quando o ex-presidente dos EUA ainda era apenas Barry (Devon Terrel), um jovem estudante que acabara de ser transferido para Columbia University, em Nova York, e precisava lidar com todas as contradições de sua vida.
O drama biográfico tenta mostrar que foi nesse período que Obama começou a moldar muitos dos pensamentos que levaria à discussão durante a passagem pela presidência da República dos EUA, como a própria política, a justiça social e a desigualdade racial. Por abordar aspectos fortes da vida de Barack Obama e também da realidade dos anos 1980 nos Estados Unidos, o longa tem momentos pesados e que revelam um lado enfadonho do ex-presidente, que anos depois foi adorado pelo carisma e pelo bom humor.
Ao mesmo tempo que isso pode parecer chato no filme, também aponta que Barry precisou passar por muita coisa até se tornar a figura do Barack Obama tão conhecida nos dias de hoje. Como qualquer jovem, ele era inseguro e tinha uma dificuldade de identidade. Filho de um pai queniano, que ele nunca conheceu, com uma mulher branca, Barry tinha dificuldade de se encaixar tanto no “mundo branco” como no “mundo negro”. Inclusive, o personagem repete isso diversas vezes ao longo do filme ao dizer que “não se encaixa”.
E é exatamente ao trazer esse tipo de discussão que o longa Barry acerta. Apesar de ter uma história pouco envolvente, são os debates que salvam a produção. Em Barry, a figura juvenil de Barack Obama expõe um Estados Unidos racista, que mudava de cor do Morningside Heights para Harlem, em que ele não era visto pelos brancos como um estudante universitário e ganhava olhares tortos dos negros por namorar uma mulher branca.
Inclusive, a presença da namorada de Barry, a jovem Charlotte (Anya Taylor-Joy), pode incomodar. Não é que a personagem não seja interessante, ela é. Até por ter sido uma compilação de várias namoradas de Obama. Mas é difícil não pensar ao longo do filme: “cadê Michelle? em que momento eles vão se conhecer?”. Aspecto que chega a ser engraçado, porque mesmo sem aparecer a força de Michelle Obama na vida de Barack é revelada no filme. Talvez, toda a amargura de Barack Obama tenha ido embora quando Michelle apareceu e quando de fato ele encontrou seu espaço nos Estados Unidos.
O papel de Barack Obama em Barry coube ao ator estreante Devon Terrel. Inexperiente, o estadunidense só havia trabalhado no piloto da minissérie Codes of conduct, produzida para a HBO e que acabou não sendo aprovada pelo canal.
A escolha de Devon se mostra muito pertinente. Fisicamente, o artista lembra bastante Barack Obama. Tanto a estatura quanto o sorriso e o próprio ator disse viveu dramas semelhantes ao de Barry em sua vida. Em material de divulgação do filme, o diretor Vikram Gandhi contou que a decisão pelo ator foi uma indicação do agente Charlie Jennings, assim como a contratação da atriz Anya Taylor-Joy, que esteve no filme A bruxa (2015).
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