Ao Próximo Capítulo, Cris Vianna fala sobre o tempo de carreira e as personagens recentes, principalmente Lulu, ex-Miss que vive em Família é tudo
Por Patrick Selvatti e Pedro Ibarra
Múltipla e ainda na busca de novas possibilidades, a atriz, modelo e cantora Cris Vianna é um nome bastante produtivo do audiovisual brasileiro na atualidade. No ar como Lulu na novela Família é tudo, Cris comemora os 20 anos de carreira cheia de trabalho e vivendo um ciclo.
Cris começou nas passarelas e chegou a desfilar para alguns dos maiores nomes da moda brasileira e mundial. Agora vive Lulu Mancini, uma ex-Miss. Apesar do trabalho de Miss e de uma modelo de passarela ter certas diferenças, os universos conversam. É como se, após todo esse tempo, Cris se reencontrasse consigo mesma. No entanto, ela faz este trabalho rindo muito, já que pela primeira vez faz uma personagem de um núcleo de comédia escrachada.
Ou seja, mesmo após novelas do calibre de América (2005), O profeta (2006), Fina estampa (2011), Salve Jorge (2012), Império (2014) e O tempo não para (2018), Cris se encontrou em mais e mais lugares. Estreou no streaming com títulos como Arcanjo renegado e o mais recente musical da Globoplay Vicky e a Musa. Sem contar com um terceiro lugar no programa The masked singer, em que soltou a voz fantasiada de arara.
À Revista, Cris Vianna conversa sobre a atual fase da carreira, os 20 anos de estrada, as queridas personagens recentes e o debate sobre diversidade e representatividade na televisão aberta e no streaming.
Entrevista com Cris Vianna
Em Família é tudo, você vive uma ex-Miss que ainda colhe os louros da fama. Como tem sido reviver esses tempos gloriosos em que você modelou, lá no início da carreira?
Apesar da Lulu estar em um mundo diferente, o das miss, consigo fazer muitas conexões com a minha trajetória como modelo. Eu tive uma passagem muito bonita nesse ramo enquanto estudava e fazia cinema/teatro paralelamente. Desfilei na SPFW, para Paco Rabanne, Versace, Vera Arruda, entre outros. Então, reviver essas lembranças está sendo maravilhoso! Pesquisei bastante sobre o universo da minha personagem, o trabalho de modelo me trouxe referências.
Lulu também é seu primeiro mergulho nesse tipo de comédia rasgada. Como tem sido a experiência?
Está sendo uma delícia viver essa experiência. Estou me descobrindo cada vez mais, mergulhando nessa nova camada como atriz. Lulu é muito divertida e solar, me identifico muito com a alegria dela.
Desde a sua estreia, em América (2005), que, inclusive, está sendo reprisada no Viva, você não parou mais. Qual o balanço que faz desses quase 20 anos na tevê?
Tantas coisas passam pela minha cabeça. Sempre que lembro que completei 20 anos de carreira, me surpreendo. Parece que foi ontem que investi nesse sonho, estudando e indo atrás das oportunidades. Sou muito grata a cada parte da minha trajetória, mesmo que nem todas tenham sido felizes. Acredito que o balanço é muito positivo, não abri mão dos meus valores, das coisas que achava que eram fundamentais pra mim, fui atrás do que eu queria. E, ainda, tem muita coisa pra conquistar!
Como foi a experiência de atuar na série juvenil Vicky e a Musa, no Globoplay? Esse universo fantástico é algo que te move, de alguma forma?
Nessa série linda do Globoplay, eu faço a Fafá, mãe da protagonista Vicky. Eu me inspirei muito na minha mãe nessa construção da personagem, fui criada por mulheres. Tenho muitas lembranças delas. Lembro de como fui criada, tento pegar isso de referência. Apesar de ser uma realidade distante da minha quando era adolescente, me diverti bastante. Poder contar essa história em um universo fantástico para o público infanto juvenil é uma delícia.
Vicky e a Musa é uma produção musical, em Família é tudo, você também vive a mãe de uma aspirante à cantora, e essa também é uma faceta sua. O que podemos falar sobre a cantora Cris?
A música sempre fez parte da minha vida através das aulas de canto e de alguns espetáculos musicais. A primeira coisa que fiz na minha carreira foi cantar no grupo Black Voices, que durou três anos, depois fui me dedicando mais à atuação. Acredito que como artista, ter outras habilidades me ajuda a desenvolver os personagens. Em 2021, vivi uma experiência muito interessante como cantora. Participei do reality The Masked Singer Brasil, da Globo, e fiquei em 3º lugar com a fantasia de arara! Foi uma mistura de sensações, fiquei nervosa, mas, ao mesmo tempo, muito feliz de estar no palco me apresentando.
Como enxerga esse novo cenário em que os artistas pretos estão recebendo o devido destaque nas obras de teledramaturgia, após passarem anos fazendo mais papéis de serviço, por exemplo?
Nos últimos tempos, o debate sobre a representatividade na TV, no cinema e no streaming tem ganhado mais força; por isso, acredito que, depois de tanto tempo de luta, as coisas estão mudando. Mesmo assim, ainda vejo um país que precisa evoluir, ainda vejo um Brasil preconceituoso. Essa luta não é de hoje e vai continuar, mas sou otimista. Acredito que já conquistamos, sim, espaço e notoriedade, mas sinto falta de mais pessoas pretas em papéis de destaque, tanto na frente das câmeras quanto nos bastidores em altos cargos.
Cada personagem que eu faço, penso na importância que ele tem para as meninas pretas. O caminho é longo, mas eu acredito nessa mudança.