Conheça Ridley Jones, a série fofa que um deputado distrital quer tirar do ar

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Vice-presidente da Câmara Legislativa do DF, o deputado Rodrigo Delmasso quer a retirada da série Ridley Jones – A guardiã do museu do catálogo da Netflix

Deve estar faltando assunto sério para que o vice-presidente da Câmara Legislativa do DF, Rodrigo Delmasso, se preocupe. O DF está fora da rota da variante Delta, o calendário de vacinação contra a covid-19 é mais do que satisfatório e, por isso, o nobre deputado distrital se ocupou de protocolar no MPDFT um pedido de retirada de uma série do catálogo da Netflix. Trata-se de Ridley Jones – A guardiã do museu. Em outros tempos, chamava-se censura.

Usando termos preconceituosos e conceitos ultrapassados, Delmasso acusou a série de ferir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Sem se ater à política e às ideias estacionadas do parlamentar, o Próximo Capítulo sai em defesa da fofíssima Ridley Jones – A guardiã do museu.

A série é dedicada a crianças em idade pré-escolar e acompanha a menina Ridley Jones (clara alusão ao explorador Indiana Jones), moradora de um museu de história natural infantil, do qual as mulheres da família dela são tradicionalmente as diretoras. A batuta está, no momento, com a mãe de Ridley. Certamente não é à toa que é um diretor homem o grande antagonista da diretora. Ele está sempre disposto a achar uma falha no trabalho da mãe de Ridley e ocupar o lugar dela ー Delmasso deve achar, naturalmente, ser na cozinha.

“Eu posso” e “eu estou pronta” são frases constantes nas músicas ー sim… a produção é daquelas séries que têm muita música entre as cenas ー de Ridley. A menina logo descobre que o que é exposto no museu ganha vida ao cair da noite, quando o local fecha. Assim, ela monta o próprio grupo de caçadores de aventuras, o Olhos do Museu. Fazem parte da tropa que vão ajudá-la na missão de guardar o museu a múmia Ismat, a macaca astronauta Peaches, o búfalo Fred, o pássaro Dudley e o dinossauro Dante.

Juntos eles enfrentam aventuras como salvar um filhote de pinguim que fugiu para o deserto, resgatar um colar preso no chifre de uma rena e decifrar enigmas para abrir um cofre. Os personagens têm cada um o seu conflito, como o fato de Dante não saber lidar com a própria cauda, como um adolescente que se sente fora do lugar, ou a baixa autoestima de Dudley, que gostaria de voar como fazem as águias. Os problemas são sempre resolvidos na conversa e com altas doses de amorosidade.

Diluídas nessas aventuras estão necessárias mensagens de inclusão. Ridley pergunta a Ismat se Fred é menino ou menina. A múmia responde que não sabe, que é “só Fred”. E para Ridley está tudo bem.

A própria Ismat esconde dos amigos que é filha de dois pais e, quando eles descobrem, percebe que, para a turma, está tudo bem.

A naturalidade com que Ridley Jones – A guardiã do museu trata essas questões está longe de ser uma apologia ou algo nocivo, como defende o deputado. Ela faz parte de uma necessidade: naturalizar desde cedo nas crianças o que é natural e assim deveria ser visto ajuda a tirar o Brasil da dura realidade de ser um dos países onde mais se cometem crimes de homofobia e transfobia no mundo. É de pequeno que se aprende a respeitar.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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