Séries debatem temáticas importantes, como racismo e sexualidade, em meio ao entretenimento
Tensão racial, intolerância e excesso tecnológico são alguns dos assuntos que fazem parte dos debates atuais. E eles estão deixando a exclusividade do âmbito das rodas de conversa para figurar na tevê.
As questões de gênero e sexuais são, por exemplo, o mote da série Fora do armário, que estreou no último dia 5, às 21h, na HBO. Dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, a produção documental conta com 10 episódios e aborda diferentes tipos de situações ligadas à sexualidade.
“Queríamos mostrar as dificuldades desse universo, mas também histórias de superação de barreiras. Queríamos normalizar ao exibir cenas banais do dia a dia, a mãe de uma drag queen fazendo comida enquanto ajuda a filha a escolher uma peruca”, revela Tatiana, em entrevista ao Correio.
O capítulo de estreia de Fora do armário, intitulado A nova geração, apresentou Raphaella, Caio e Kaito, três jovens transgêneros. O segundo episódio tem como foco a influência da “saída do armário” em duas famílias, quando Suzy e Genilson revelaram a homossexualidade aos filhos. Até o décimo episódio, o seriado ainda falará sobre fé, pessoas públicas, drag queens e a descoberta da sexualidade na melhor idade.
“Nossa ideia é fazer com que os filhos, os pais e os irmãos entendam. É uma série com cenas fortes e que vai abordando muitas questões. Espero que as pessoas consigam entender que, no final de tudo, depois de tanta luta, dor e tristeza, o que sobra é o amor”, completa a diretora.
Confira a entrevista completa com os diretores de Fora do armário
Novas abordagens
Lançada na Netflix em fevereiro deste ano, a produção Seven seconds, de Veena Sud, se destacou ao tratar, por meio de um drama policial, a tensão racial presente nos Estados Unidos — e também em outros países, como o próprio Brasil, onde negros e jovens são as principais vítimas de mortes violentas, segundo o Atlas da Violência, do Ipea.
Em 10 episódios, a produção apresenta o drama da família de Bluter. Latrice (Regina King) e Isaiah (Russel Hornsby) precisam ver o filho entre a vida e a morte após ser atropelado pelo policial Peter Jablonski (Beau Knapp), que fugiu do local do crime sem prestar socorro, ao mesmo tempo em que veem a polícia tentar pintar a imagem do filho deles como um bandido. Por meio da história de Brenton Butler, personagem baseado em uma pessoa real, Seven seconds expõe a tensão entre policiais e jovens negros e entrega um final realista até demais, com o objetivo de incomodar e causar debate.
Também é de uma forma inédita que a série The handmaid’s tale fala sobre intolerância contra as mulheres e os LGBTs. A série de Bruce Miller, inspirada no livro homônimo de Margaret Atwood, cria uma distopia para retratar o tema por meio da história de June (Elisabeth Moss), mulher que perde todos os direitos depois que um regime cristão assume o poder nos Estados Unidos.
O governo totalitário cria a república de Gilead, em que as mulheres e os gays são vistos com maus olhos e jogados em castas mais baixas da sociedade. Porém, June (ou Offred, como é chamada) tem um ponto importante para o regime: é uma mulher fértil. Então, ela se transforma em uma aia, espécie de reprodutora para o comandante Fred Waterford (Joseph Fiennes) a quem ela pertence. Mensalmente, ela é obrigada a participar de uma cerimônia envolvendo Fred e a mulher dele, Serena Joy (Yvonne Strahoski), ambos incapazes de gerar um filho, em que é estuprada com o objetivo de engravidar.
Com 10 episódios, a primeira temporada de The handmaid’s tale chegou neste ano ao Brasil e está disponível no Paramount Channel, com exibição aos domingos, às 21h. A segunda temporada tem previsão de estreia em 25 de abril nos Estados Unidos e ainda não tem data de lançamento no Brasil.
Debate filosófico
Aposta da Amazon Prime Vídeo lançada neste ano e chamada de a nova Black mirror, a série Electric dreams é inspirada na obra do escritor de ficção científica Philip K. Dick e, em formato de antologia (quando cada episódio retrata uma história), aborda questões ligadas à realidade atual por meio do excesso tecnológico em um contexto futurista e distópico.
O tal futuro assustador imaginado por Dick por conta do avanço tecnológico ganhou as telinhas com produção de Ronald D. Moore e Michael Dinner. “Acredito que computadores têm tirado um pedaço de nossas vidas. Muito do futuro sobre o qual Dick fala em seu trabalho se tornou verdade, tecnológica e politicamente falando”, analisou Dinner ao HuffPost. Ele ainda completou: “Queremos entreter e provocar reflexão”. A primeira temporada de Electric dreams tem 10 episódios e está disponível na Amazon.