Após um excelente primeiro ano, Top of the Lake chega à segunda temporada ganhando um novo cenário e novos personagens
Pense em quantas séries policiais você conhece? Isso mesmo: todas, desde C.S.I. até Chicago P.D.. Aposto que foi um número expressivo. O gênero que mais faz sucesso entre o público, por vezes, cai no lugar comum de narrativa, mas Top of the Lake, a mais nova série desse formato, conseguiu uma narrativa própria que verdadeiramente oxigenou a fórmula.
A estreia da primeira temporada ocorreu ainda em 2013, com criação de Jane Campion e Gerard Lee. Com um piloto truncado e cheio de complexidades, aos poucos, vimos Elisabeth Moss interpretar Robin Griffin (e finalmente se livrar de Mad men), uma detetive cheia de frustrações, que encontra no trabalho a única forma de sobrevivência. A primeira temporada gira em torno de um caso investigado por Robin sobre o desaparecimento de uma garota de 12 anos, vítima de um esquema de exploração sexual.
Segunda temporada de Top of the Lake
Após quatro anos, a série ganhou uma segunda temporada que está sendo exibida pelo canal britânico BBC 2. Nessa nova fase, Robin retorna à sua cidade natal e, agora, vai encarar mais um caso: o assassinato da menina encontrada dentro de uma mala no mar.
O andamento do primeiro episódio é muito bom, cada detalhe apresentado mostra como a personalidade de Robin ainda se encontra em choque – depois de saber que seu chefe fazia parte do esquema de exploração infantil, na primeira temporada –, mas que, mesmo assim, ainda consegue lembrar o quanto a mulher tem o trabalho como tábua de salvação (aqueles cinco segundos finais, de Robin aproveitando o prazer de receber um novo caso é impagável).
Diferentemente da primeira temporada, agora o público sabe “exatamente” o que está acontecendo, quer dizer: sabemos quem morreu, quando morreu e principalmente quem matou. Surpreendentemente, tudo isso não atrapalhou em nada a áurea de mistério que a série tem, pelo contrário, ficamos ainda mais tensos esperando o provável choque entre a Robin e os criminosos.
Um aspecto que desconstruiu um pouco todos os pontos positivos presente no primeiro episódio desta segunda temporada foram os personagens “secundários”. Tive a leve impressão que eles estão sendo trabalhados em excesso. Sim, o primeiro ano da história também tinha uma quantidade significativa de elementos em cena, mas, dessa vez, a sensação que ficou é de que eles se sobrepõe ao personagem de Robin, causando certo incômodo.
Esse episódio de estreia também apresentou uma maior dosagem no quesito humor. Até ai nada demais, afinal, as dramédias são a grande tendência da tevê. Porém, acrescentar essa vertente em uma segunda temporada de uma série marcada por tragédia e crimes me pareceu um pouco forçado. Algumas piadinhas simplesmente não se encaixavam. Juro que não é meu mau humor.
Destaque para o elenco de Top of the Lake
É imprescindível fazer menção mais do que honrosa ao nível de atuação do elenco principal. Elisabeth Moss dispensa comentários, Nicole Kidman também está absolutamente sensacional no papel de mãe histérica. David Dencik não é muito reconhecido fora do Reino Unido e da Austrália, mas é outro que consegue levar o clichê do personagem intelectual e psicopata do “Puss” a um satisfatório nível de emoção.
Mesmo sabendo que é difícil (tecnicamente impossível) reciclar o grande sucesso de uma temporada de estreia, acredito que Top of the Lake – China girl (o nome desta segunda temporada) ainda pode trazer uma boa dose de entretenimento. Se quiser seguir, uma dica: conheça a primeira temporada, se curtir o gênero do piloto, será uma boa opção para exercitar um pouco o cérebro em noites de insônia.