A arte e a política estão lado a lado quando se é uma drag queen. Essa é a opinião de Alessandro Brandão, ator que vive a Chefe em Quanto mais vida, melhor! e começou a carreira nos palcos da capital federal. Além da Chefe, ele tem a própria drag: Nina acaba de lançar, ao lado de Sara (Gabriel Sanches) o disco Céu de framboesa. Chefe é a segunda drag seguida de Alessandro na televisão. Antes ele deu vida a Rouge em Pega pega.
Na entrevista a seguir, Alessandro fala sobre a esperança representada em Quanto mais vida, melhor! e sobre inclusão social. “A Nina e o Alessandro são a mesma pessoa. Uma se comunica com o mundo partindo do estereótipo feminino e o outro partindo do estereótipo masculino. Isso traz uma realidade, uma verdade que impacta a minha realidade e a de quem convive comigo. Transforma, liberta. É isso que a arte faz, por isso muitos têm medo, censuram, banem”, afirma. Confira os principais pontos da entrevista!
Quando vemos uma drag queen logo imaginamos por trás dela pessoas extrovertidas e capazes de falar tudo que vem à mente. Chefe é quase o contrário disso, reservada, misteriosa. Como lidar com essa dicotomia da personagem?
A Chefe é uma pessoa complexa, ela tem seus segredos. E também é uma artista drag queen. Eu gosto de ver que a Chefe sai desse lugar que as pessoas elegem para um artista drag. As pessoas insistem em criar caixinhas para entender melhor outras pessoas e suas narrativas de vida. A Chefe quebra com isso. O ser humano é diverso, tem narrativas de vidas diferentes uns dos outros, e uma pessoa LGBTQIA+ não é diferente, aliás nós convivemos com muitos conflitos desde sempre e isso nos faz diferentes uns dos outros. Isso me fez buscar lugares mais íntimos, menos óbvios na construção dela. Acredito que isso traz mais verdade para ela, não a deixa chapada.
Quanto tempo o Alessandro demorava para se transformar em Chefe?
Dependia do roteiro. Quando era dia de show eu chegava umas 4 horas antes da gravação. Quando era cena que não precisava estar montada chegava duas horas antes (risos), mas sempre tinha uma preparação mais demorada que meus colegas de cena.
Esse nome da personagem esconde algo do passado dela? O que pode adiantar sobre isso?
Não posso ainda adiantar muita coisa. Mas, sim, em breve começa a surgir porque a chamam de Chefe e outras histórias virão à tona. Muitas surpresas virão.
A novela fala da morte, mas adota um tom de leveza, bem da faixa do horário mesmo. Sente que era o momento de oferecer mais leveza ao público?
Mais do que leveza, a gente queria levar esperança. Passamos dois anos bem pesados, 2020 e 2021. Ficamos isolados, longe dos abraços, longe das pessoas amadas, perdemos muita gente querida, muitas pessoas foram embora. Foi difícil manter a esperança e a novela veio para ser leve e cheia de esperança, de amor.
Boa parte do elenco jovem da novela passa pela Pulp Fiction. Como é sua relação com os atores mais jovens? Há troca entre vocês?
Somos uma família, a gente se adora. Nos vemos sempre. Aliás o elenco da novela ficou muito unido. Acredito que fazer a novela por um ano e com tantos protocolos nos deixou com muita vontade de trocar. Porque nosso mundo era o elenco, as pessoas que podíamos mais conviver éramos nós mesmos, porque testávamos para covid dia sim, dia não e isso nos deixava seguros para estarmos juntos.
Quanto mais vida, melhor! tem representatividade, apostando em personagens drag queens e em atores transexuais. Qual a importância disso?
É muito importante o fato de essas pessoas estarem incluídas na trama sem que o gênero seja a questão. Nós estamos ali vivendo a vida das nossas personagens. O mais lindo é que uma gama de pessoas LGBTQIA+ está em todas as frentes, não só no elenco. Temos pessoas trans, não binares, gays, lésbicas em todas as equipes, juntes, trabalhando e fazendo o nosso melhor. Passamos muito tempo exigindo respeito, inclusão, representatividade, lugar de fala e agora começamos a encontrar tudo isso em alguns oásis (como gosto de chamar) e vejo nossa novela como um desses lugares, ainda temos muito o que modificar, mas estamos conseguindo e conquistando.
Sara e Nina, drags vividas por você e pelo Gabriel Sanches, acabaram de lançar Céu de framboesa. O disco tem várias faixas “politizadas”. As canções ali presentes são um grito por liberdade, contra o preconceito? Como a arte pode agir em favor da libertação social?
Nós escrevemos sobre nossas vidas, sobre nossas angústias. Ser drag queen já é um posicionamento político. Não tem como não ser. É uma expressão artística que vem moldada pela repressão, pelo preconceito, pelas fobias sociais, é uma explosão de arte em busca de liberdade e libertação. A batalha da drag é estar na linha de frente, se expor, mostrar a fragilidade humana sem fraquejar. Só quem dá voz a sua drag sabe o que é. A Nina e o Alessandro são a mesma pessoa. Uma se comunica com o mundo partindo do estereótipo feminino e o outro partindo do estereótipo masculino. Isso traz uma realidade, uma verdade que impacta a minha realidade e a de quem convive comigo. Transforma, liberta. É isso que a arte faz, por isso muitos têm medo, censuram, banem.
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