A TV Cultura traz de volta nesta terça-feira (30/6) a série Experimentos extraordinários, que estreou em 2014 no Cartoon Network e esteve no catálogo da Netflix. A trama voltada para o público infanto-juvenil trata de temas como superação das dificuldades e criatividade. No elenco, um dos destaques é a atriz brasiliense Bia Borinn, que vive a vilã Úrsula.
“É minha primeira vilã na TV. Foi também a primeira vez que fiz uma série com 26 episódios. Participei de metade deles e pude vivenciar um ritmo de gravações intenso. Eu sinto que amadureci muito”, afirma a atriz em entrevista ao Próximo Capítulo. “Eu adoro a série e acho de uma relevância enorme para o público pré-adolescente, cuja faixa etária é muito carente de conteúdo. Apesar de sempre ter aquelas coisas de ‘ai, faria isso diferente’ (risos), acho que vai ser muito legal”, completa.
Bia ressalta que a época que estamos vivendo, com muitas notícias negativas diante da pandemia de coronavírus, é propícia à reexibição de uma série otimista, como é o caso de Experimentos extraordinários. “Sermos fortes, resilientes e criativos é fundamental e é um exemplo a ser dado aos nossos jovens. Junto a eles podemos criar outras possibilidades de mundo, de sociedade. O planeta (e todos os seres que o habitam, incluindo nós, humanos) está precisando de pessoas que tenham autenticidade, curiosidade e conexão. A série é exatamente sobre isso”, explica.
Atualmente, Bia mora em Los Angeles com o marido e os filhos pequenos. Nos EUA, ela sonha com Hollywood, mas faz uma ressalva: “Não sou a louca que faz de tudo por um teste. Uma coisa é ser ator. Outra coisa é ser celebridade.”
Enquanto a oportunidade não vem, Bia prepara uma série para o IGTV em que viverá uma brasileira que vive nos EUA e se dedica a projetos que disseminam a cultura brasileira na Terra do Tio Sam.
Qual é a sua relação com Brasília hoje em dia?
Faz um tempo que não volto pra Brasília. A última vez foi em 2018 para apresentar um evento corporativo. É sempre uma sensação interessante, um carinho de sentir que nasci aí. Em 2010 fizemos uma temporada no CCBB que foi um sucesso de público com o espetáculo Tempo de comédia, de Alan Ayckbourn. Aí pude viver pouquinho na cidade, experimentar seu ritmo e a natureza em torno. A primeira vez que visitei a cidade foi em 1990, e foi muito especial. Jamais esqueci! A corrida a que assisti no autódromo, o impacto do Niemeyer e a cidade na Copa do Mundo… foi muito especial.
Como é sua participação em Experimentos extraordinários? Como você definiria a experiência?
Eu faço a vilã Úrsula, minha primeira vilã na TV. Foi também a primeira vez que fiz uma série com 26 episódios. Participei de metade deles e pude vivenciar um ritmo de gravações intenso. Eu sinto que amadureci muito; você tem que estar preparada, pois uma equipe enorme está lá junto com você. É literalmente uma atividade de “alta performance”. E é uma equipe muito talentosa e querida.
Como vai ser se rever na televisão depois de seis anos da estreia da série?
Olha, eu adoro a série e acho de uma relevância enorme para o público pré-adolescente, cuja faixa etária é muito carente de conteúdo. Então, apesar de sempre ter aquelas coisas de “ai, faria isso diferente” (risos), acho que vai ser muito legal!
Experimentos extraordinários fala de temas como superação, criatividade, sempre com um viés positivo. É importante esse lado nos dias de hoje?
Demais! Ainda mais nestes tempos de pandemia. Sermos fortes, resilientes e criativos é fundamental e é um exemplo a ser dado aos nossos jovens. Junto a eles podemos criar outras possibilidades de mundo, de sociedade. O planeta (e todos os seres que o habitam, incluindo nós, humanos) está precisando de pessoas que tenham autenticidade, curiosidade e conexão. A série é exatamente sobre isso.
A Úrsula foi seu primeiro papel em séries. Faria algo diferente hoje, que tem mais experiência?
Olha, é sempre incômodo me ver porque sou eu e não sou eu mais. Tem um episódio em especial, o primeiro que gravamos, que eu estou muito, muito, muito nervosa e eu consigo perceber. Mas não vou falar qual é! (risos). É igual teatro: errou, toca pra frente! (risos)
Hoje você mora nos EUA. É mais fácil, mais gratificante viver de arte aí do que aqui no Brasil?
Eu não vivo somente de arte nos EUA. Eu tenho uma iniciativa de ensino de língua de herança chamada Brazilian Play and Learn com uma equipe incrível e eu também dou algumas aulas de português e cultura brasileira. Aliás, a esmagadora maioria dos atores lá não vive de arte, ganha dinheiro nos “side jobs” para poder pagar as contas e fazer os testes. A competição em Los Angeles é muito grande e, ainda, a maioria dos papéis são masculinos. No Brasil, viver somente do meu trabalho era mais fácil porque eu já tenho uma carreira aqui, e fazia de tudo: teatro, TV (como atriz e apresentadora), publicidade, trabalhos de voz…mas o que eu sinto é que, enquanto a arte for vista como simples mercadoria, a sociedade como um todo sofre as consequências. Não somente eu. Um povo sem cultura, sem a expressão do que é e do que pode vir a ser, isso em todas as manifestações artísticas, tem poucas chances de se desenvolver, de amadurecer. Então, neste sentido, eu tenho muito a fazer aqui no Brasil.
Porque se mudar do país?
Fui para Nova York com a minha família em 2015 para melhorar meu inglês e estudar atuação. Nós viajávamos todo ano para assitir a peças na Broadway, ver o que estava rolando de dramaturgia, até mesmo para adquirir direitos para montar peças no Brasil. Então queríamos ter esta experiência, a de morar lá, já que nosso primeiro filho era pequeno. E, como acontece com a maioria, esse “vamos ficar por um ano e ver no que dá” já virou 5 anos e meio! (risos). Em 2017 mudamos para Los Angeles, porque, primeiro: é mais quente, né? E também porque o nosso foco profissional é o audiovisual (atuar, escrever, produzir).
Hollywood está em seus planos?
Definitivamente. Mas não sou a louca que faz de tudo por um teste. Uma coisa é ser ator. Outra coisa é ser celebridade. Uma coisa é ser artista, querer co-criar, participar de projetos bacanas e, claro, ganhar o pão de cada dia. Outra coisa é ser como um cão faminto (e não por comida) procurando todas as oportunidades possíveis para encontrar uma fresta para entrar pela porta dos fundos. Não. Meu tempo é muito escasso, tenho filhos pequenos. Então, que aconteça o que tiver de acontecer. E quando acontecer que seja com gente bacana. Tá tudo certo!
Você é sócia fundadora de uma escola de português e cultura brasileira em Los Angeles. Qual é a importância de levar o Brasil para eles?
É simplesmente fundamental, não somente por conta de deixar viva a língua portuguesa, mas também de quebrar estereótipos do que é Brasil e ser brasileiro. Formar um imaginário de país com estes filhos de brasileiros no exterior, estimular a falarem com os avós no Brasil, saber de onde você veio ajuda a construir o seu futuro.
Você faz o podcast História de boca, voltado ao público infantil. Como é esse projeto?
Recontamos histórias da literatura infantil e do folclore brasileiro e estamos em 39 países! E recebemos recados lindos de crianças do mundo todo. Está em todas as plataformas e tem um alcance imenso porque os pais se divertem também. Nasceu como uma homenagem ao nosso filho de 8 anos, Miguel, que ama histórias inventadas. Queremos alimentar a imaginação das crianças que estão imersas num mundo absolutamente visual, onde existe pouquíssimo espaço para o que não se vê; e difundir a língua portuguesa nas comunidades brasileiras no exterior, claro. Mas 60% do nosso público está no Brasil.
Você está preparando uma série para o IGTV. O que pode adiantar desse projeto?
Sim! Estou desenvolvendo os micro- episódios. Vai falar sobre uma dona de casa, brasileira, durante a pandemia, que mora em Santa Monica, em Los Angeles. Quero, por meio dessa micro-série, quebrar um pouco este estereótipo de mulher brasileira-morena-gostosa do samba. Assim como os roteiros argentinos conseguem ampliar nosso imaginário de povo argentino, por exemplo. Serão micro episódios e o gênero é o “dramady”(mistura de comédia com drama). Vai ser em inglês, com legendas em português, claro. Quero rodar este ano para estrear em 2021. Sem pandemia, de preferência (risos).
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