A atriz de 40 anos revelou, durante a pandemia, um abuso sofrido quando tinha 12 anos e encabeça uma campanha de combate à pedofilia
Por Patrick Selvatti
Karen Junqueira, no ar como a Golda de Reis, na Record, vive um momento muito especial. Aos 40 anos, sentindo-se plena com a maturidade, ela assumiu para si uma causa nobre que, infelizmente, foi impulsionada por uma experiência pessoal e muito íntima.
Durante a pandemia, a atriz revelou publicamente o abuso que sofreu, quando tinha 12 anos, pelo pai de uma amiga e passou a liderar a campanha #cuidedainfancia. Ao retornar à cidade natal, Caxambu (MG), ela reencontrou o abusador e percebeu que seu silêncio não fazia mais sentido. “Um crime que acontece diariamente e é necessário falar sobre”, declarou, à época.
À coluna, Karen Junqueira disse que a decisão de agir mudou sua vida. “Me ressignificou como pessoa. Compreendi que meu silêncio não mudaria o que aconteceu comigo, então resolvi me colocar como exemplo para as mães”, afirmou a atriz. “Fui em busca de diálogo, falar sobre uma crise que está em nosso cotidiano. Educação sexual não é falar de sexo precocemente. E ajudaria muito as crianças”, acrescentou ela.
Política e cuidadosa
A mineira é um dos destaques de Reis, superprodução da Record — casa onde teve seu nome creditado na abertura de seis obras. Na trama atual, ela dá vida a Golda, uma cortesã que comanda um estabelecimento onde homens do exército circulam o dia todo. Karen considera a personagem política e cuidadosa, focada em sobreviver.
“Numa época onde a vida valia pouco, há de ser astuta para se manter. Ela lidava com homens de poder, e as mulheres que trabalhavam em hospedarias eram persuasivas e inteligentes”, descreve.
Para ela, Golda ser uma prostituta e estar em uma trama bíblica produzida e exibida em uma emissora com crença religiosa muito bem marcada não representa um problema. “As cortesãs são muito antigas e isso não era um problema para homens religiosos”, pontua a atriz.
Karen está adorando o novo trabalho, especialmente por ser de época. “Acho que trazem riqueza na composição de uma nova personagem. Sou amante de séries épicas, sempre acompanhei muitas. Roma, Borgias, The Tudors, Ana Bolena…”, conta a atriz. “Essas mulheres eram sutis, inteligentes e altamente manipuladoras. A Golda precisa usar sua sensualidade para flutuar em ambientes hostis”, conclui ela, que se tornou conhecida nacionalmente pelo trabalho em Malhação, nos anos 2000, e foi a responsável por encarnar no cinema a ex-chacrete Rita Cadillac, no longa metragem Chacrinha: O velho guerreiro.