A série ganha a segunda temporada com novos personagens e comédia crítica para além do engraçado
Por Pedro Ibarra
A Globo estreia nesta terça (23/8) a segunda temporada da série Cine Holliúdy. A comédia sobre um cinema numa cidade do sertão nordestino nos anos 1970 que conquistou todo Brasil a querer acompanhar as histórias do “cinemista” Franscisgleydson (Edmilson Filho). O homem que quer manter o cinema vivo enquanto tenta achar o amor da própria vida em uma cidade em que todos se conhecem.
A série apresenta novidades nessa nova temporada. O cerne ainda é o mesmo: “mantém o tripé do humor, amor e realismo fantástico”, diz Márcio Wilson que criou o seriado baseando-se no trabalho de Halder Gomes no longa homônimo. O novo ano, mostra a questão que a chegada da televisão na cidade de Pitombas com o Cine Holliúdy e Franscisgleydson. Somado a isso, uma nova figura chega a cidade, Francisca (Luisa Arraes), a filha bastarda do ex-prefeito Olegário (Matheus Nachtergaele).
A coluna esteve no evento que revelou o episódio inicial de Cine Holliúdy 2 para a imprensa e convidados e pôde conversar com o elenco da série que será exibida na noite de hoje após Pantanal. No mesmo tom dos dois filmes e da primeira temporada, o segundo ano do seriado acredita muito no sucesso que já teve com o público. “A gente chega com a vantagem de que as pessoas estão com expectativas altas. As pessoas viram na Globo ou no Globoplay e querem ver mais. Acho que saímos ganhando de 2 a 0 esse jogo”, afirma Edmilson Filho em entrevista ao Próximo Capítulo.
O ator vê o seriado não só como um sucesso, mas como uma grande oportunidade de mudar a forma como o país vê o Nordeste. O povo não é um só, são estados diferentes, com culturas diferentes, sotaques e gírias diferentes. “Cine Holliúdy pode ser um portal para o Brasil todo. Porque nós temos bons comediantes em todo país. A diferença é que essa série traz uma representatividade maior para o nosso povo”, explica. Edmilson entende que a importância vai além do cômico. “Estamos levando cultura popular do Ceará para todo país”, exclama.
Comédia como crítica
A oportunidade e o palanque que a série ganhou na Globo se deu não só pela qualidade da comédia ou do elenco. A série se destaca por fazer, por meio do cômico e fantástico, uma crítica social interessante. Com personagens que representam não só um papel narrativo como um arquétipo, uma caricatura de figuras tradicionais do Brasil.
Matheus Nachtergaele acredita que o próprio personagem, o ex-prefeito Olegário, é uma das formas de crítica que o roteiro encontra. “Personagens como o Olegário são algumas das figuras que mais atrapalham o Brasil na vida real. Por isso é recorrente querer tirar sarro dessas pessoas”, avalia.
Ele acrescenta que aproveitou as discordâncias com o atual governo para refletir a indignação na própria arte. “Nos últimos anos eu tive tanta raiva do que estava acontecendo no Brasil, que boa parte dessa fúria eu coloquei no Olegário. Claro que para gente gargalhar, mas para deixar sair”, conta o ator. “O destempero dele é o meu destempero, é a minha falta de paciência com a eterna política fisiológica desse país”, completa.
O artista deixa um recado também, além do que interpreta por meio do roteiro. “A gente está se aproximando de um momento importante, a gente vai ter que voltar atrás do voto suicida que sofremos há quatro anos atrás por uma série de motivos, até justificáveis”, reflete o ator. As eleições são cruciais e ele alerta: “Agora é para valer, a gente tem que desejar de novo ser o grande país que um dia nós seremos”.
Participação especial na série, Nanda Costa concorda com Matheus com o moment atual do país. “É fundamental a gente saber em quem votar”, diz. “A gente está vendo como está o país. Temos que estar seguros do nosso voto e acreditar em um futuro melhor. Com certeza não é em um governo como esse”, completa.