A minissérie Chernobyl estreou na HBO em meio à expectativa dos últimos episódios de Game of thrones. Por isso, num primeiro momento, a produção passou despercebida. Mas assim que as atenções foram desviadas de GoT, a ficção criada por Craig Mazin ganhou o destaque merecido. Apenas com três episódios exibidos — e um quarto a ser transmitido nesta sexta-feira (31/5), às 21h –, a minissérie já se tornou na produção mais bem avaliada do IMDB.
Como o próprio nome indica, a minissérie retrata o acidente nuclear de grandes proporções que aconteceu em 26 de abril de 1986 na central elétrica da Usina Nuclear de Chernobil, localizada na cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia, que, na época, fazia parte da União Soviética. A produção vai além de apenas um retrato do que aconteceu no acidente. Ela tem o papel de revelar detalhes que tiveram impacto nas catastróficas consequências do acidente, como o fato de a União Soviética ter feito de tudo para esconder a tragédia e, por isso, ter demorado para evacuar a população que estava próxima à usina, o que resultou num grande número de mortes.
A história é dividida em cinco episódios. O primeiro, intitulado 1:23:45 — o exato momento do acidente nuclear –, começa dois anos após o desastre mostrando o físico Valery Legasov (Jared Harris) cometendo suicídio depois de deixar uma série de fitas gravadas. O personagem retrata uma figura real: Valery foi chefe da comissão que investigou o desastre e, antes de morrer, deixou uma grande reportagem em áudio com fatos poucos conhecidos que foram revelados apenas em 2006 pela BBC no filme Surviving disaster: Chernobyl nuclear disaster.
Depois dessa pequena introdução, a minissérie volta para o ano de 1986 e mostra minutos antes do desastre a situação que causou a explosão, um teste de segurança no Reator 4. A partir daí, a produção retrata o desespero dentro da usina e as primeiras consequências do acidente. É assustador ver na tela o encanto da população de Pripyat com as cores no céu da cidade, causados pela explosão do reator, assim como a correria dos bombeiros seguindo em direção as fumaças altamente tóxicas. Além de serem situações que assustam pela inocência das pessoas, elas têm um grande impacto, que ocorrem graças ao visual adotado pela série. É quase como ser teletransportado no tempo.
Também é no primeiro episódio que Chernobyl revela um grande problema relacionado ao acidente: o fato de a União Soviética ter demorado a reagir para esconder o desastre tanto do próprio povo, quanto para os outros países. Trazer essa informação à tona é um dos grandes trunfos da série, já que esse acobertamento do desastre teve impactos catastróficos para a população soviética e para parte da Europa. Tudo para não admitir um erro e não divulgar informações extremamente secretas.
No segundo episódio, Please remain calm (Por favor, permaneça calmo, em tradução livre), a minissérie tem como foco os perigos do acidente, que são apontados, principalmente, pelos personagens de Jared Harris e Emily Watson, que vive a também física Ulana Khomyuk — inspirada em vários cientistas e não em apenas uma pessoa. São os dois que revelam o verdadeiro alcance do desastre e buscam as primeiras soluções. Se o primeiro episódio é assustador, o segundo consegue ser desesperador. Perceber os reais impactos do acidente e as dificuldades em conter a radiação tem um efeito angustiante no espectador.
O terceiro capítulo, Open wide, on Earth (Abra largamente, na Terra, em tradução livre), se divide em dois momentos. O primeiro acompanha Lyudmilla Ignatenko (Jessie Buckley) — que foi apresentada no primeiro episódio –, a mulher do bombeiro Vasily (Adam Nagaitis), um dos primeiros a seguir para usina. Ela vai para Moscou para ficar ao lado do marido, que está entre os pacientes com alto grau de contaminação. Em cenas extremamente humanas, a minissérie mostra a personagem fazendo de tudo para estar ali com o companheiro e ignorando as restrições. É tocante ver o empenho de Lyudmilla, que só tem uma simples missão: não deixar o esposo sozinho nesse momento alarmante e iminente de morte.
A segunda narrativa do terceiro episódio trata do plano de Legasov para evitar uma maior contaminação, assim surgem os mineiros, que começam a criar uma espécie de sarcófago para impedir que a radiação fosse jogada no ar. Em meio a isso, o enredo se junta com o do hospital, quando Ulana Khomyuk resolveu investigar com os cientistas o que de fato aconteceu no dia do acidente. E é nesse momento que é feita uma revelação capaz de chocar os personagens e os espectadores: os operadores apertaram o botão que seria capaz de iniciar o procedimento de emergência e, mesmo assim, o reator explodiu.
Em três episódios, Chernobyl conseguiu entregar uma ótima narrativa, tanto quando se fala em produto de ficção, como em retratação documental. É impressionante o quanto a minissérie tem a capacidade de colocar na tela a realidade, seja nos sentimentos dos personagens, seja na atmosfera do ambiente. Chernobyl deve ficar marcada na história da televisão ao retratar um triste acontecimento na história da humanidade que nunca deve ser esquecido de forma realista, fiel e necessária. Reconhecer a própria história é, de certa forma, evitar que ela aconteça novamente.
Nesta sexta-feira, às 21h, a HBO exibe o episódio The happiness of all mankind (A felicidade de toda a humanidade, em tradução livre). Na próxima, dia 7 de junho, o canal transmite o quinto e o último capítulo da minissérie, Vechnaya Pamyat (termo russo usado para se referir à memória eterna). Confira abaixo as sinopses dos episódios.
The happiness of all mankind: Legasov e Boris Shcherbina (Stellan Skarsgård), autoridade do governo soviético, avaliam o uso de robôs lunares para remover os resíduos radioativos; Khomyuk enfrenta obstáculos com o governo para descobrir a verdade sobre a causa da explosão.
Vechnaya Pamyat: Legasov, Shcherbina e Khomyuk colocam as suas vidas e reputações em risco para revelar a verdade sobre Chernobyl.
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