“Cheiro vintage”: Remake de ‘Vale tudo’ mantém música e logo originais

Com Gal Costa cantando Brasil na abertura, a autora Manuela Dias e o diretor Paulo Silvestrini reforçam cheiro vintage da releitura do clássico de 1988

Patrick Selvatti

O primeiro teaser do remake de Vale tudo foi divulgado pela TV Globo e, com ele, duas confirmações importantes: o tema de abertura — Brasil, de Cazuza, na voz de Gal Costa — e o logotipo originais foram mantidos. Em um primeiro encontro virtual com a imprensa, realizado nesta terça-feira (25/2), a autora, Manuela Dias, e o diretor artístico, Paulo Silvestrini, afirmaram que a produção terá um “cheiro vintage”. O Próximo capítulo marcou presença.

“Para quem não viu, as histórias são vivas e, depois de 37 anos, a nossa expectativa é de que 40% do público terá tido contato com a obra original, mas a novela é feita para todos. É uma chance incrível, atualizada, com esse cheiro vintage compondo com todos os setores. Para quem viu, é como reencontrar um amigo: ele continua sendo seu amigo, mas o tempo fez o seu trabalho”, declarou Manuela Dias.

“A essência da obra está preservada. A trama e os personagens estão ali, a gente brinda o público com pequenas homenagens para os fãs da obra de 1988, e, para quem não conhece, é a oportunidade de estar em contato com a expressão máxima do gênero”, afirmou Paulo Silvestrini.

Atualizações necessárias, porém, foram feitas. Para começar, a protagonismo negro. “Para mim, a representatividade sempre foi central. Dramaturgia tem que servir de ferramenta para transformação social. Contar histórias serve para estruturar teia de valores”, reflete Manuela Dias. “Em 1988, fazia sentido ter apenas dois negros na novela, até o nosso olhar não permitia enxergar diferente disso. Mas, para mim, a Raquel sempre foi negra, mesmo a original. Sobre Maria de Fátima ser negra agora, eu defendo que a Odete Roitman é pragmática. A vilã se adapta ao que funciona para ela. E a Maria de Fátima funciona para ela, e vai além da sua cor de pele.”

A escolha de Bella Campos (revelada em Pantanal e que fez apenas mais uma novela, Vai na fé) para reviver o papel que marcou positivamente a carreira de Glória Pires dividiu opiniões. Após a divulgação do primeiro teaser da nova produção, a jovem atriz recebeu um tsunami de críticas pela sua atuação questionável.

A trama

Na trama, de um lado, Raquel (Taís Araújo) é uma mulher forte, batalhadora, que preza pela honestidade acima de tudo. Do outro, a mania de grandeza de Maria de Fátima (Bella Campos), sua filha, torna a pacata Foz do Iguaçu, no Paraná, pequena para sua ambição. Ela não vê a hora de ter uma vida de influencer, tal qual as celebridades que acompanha na internet, e abandonar tudo o que lembre a sua detestável vida. E não vai medir as consequências para chegar aonde quer: com a morte do avô Salvador (Antonio Pitanga), vê na venda da casa que herdou a oportunidade de se mudar para o Rio de Janeiro, atrás do gigolô César (Cauã Reymond) e seguir com seu plano. Nem que isso signifique enganar e deixar a mãe para trás. Raquel, porém, acredita que a filha possa ter sido enganada e decide ir em busca da verdade.

Na Cidade Maravilhosa, a trama ganha novos e importantes personagens, como o controverso mocinho Ivan (Renato Góes) e a icônica vilã Odete Roitman (Debora Bloch), nesse embate ético sobre ser ou não ser honesto, que conduz toda a narrativa e convida o público a refletir, vibrar e se emocionar.

Vale tudo teve a autoria de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, teve direção geral de Dennis Carvalho e Ricardo Waddington.