Por Guilherme Abarno e Ronayre Nunes
“Que burro, dá zero pra ele!”, “É que me escapuliu”, “Ninguém tem paciência comigo”, “Foi sem querer querendo”. Os bordões inesquecíveis marcaram mais do que os fãs, mas uma verdadeira geração de telespectadores que buscou entretenimento nas telinhas brasileiras durante todo os anos 1990 e 2000. A popular série Chaves veio direto do México para arrebatar o público brasileiro e, pelo sucesso até os dias de hoje, mostra que não tem prazo de validade.
A produção criada por Roberto Gómez Bolaños estreou ainda no comecinho da década de 1970 no país de origem e chegou no Brasil na década seguinte. Na história, um enredo simples, mas com detalhes que deixaram a série única. Interpretado por adultos, o show mostrava o cotidiano de uma pequena vila construída para locações populares – comum no México da época – tendo como protagonista Chaves, um garoto de coração bom, meio estabanado e que se mete em várias aventuras com os amigos e vizinhos.
Além do próprio Bolaños, o elenco também era composto por María Antonieta de las Nieves (Chiquinha), Ramón Valdés (Seu Madruga), Florinda Meza (Dona Florinda), Carlos Villagrán (Kiko), Edgar Vivar (Seu Barriga), Rubén Aguirre (Professor Girafales), Angelines Fernández (Dona Clotilde), Horacio Gómez (Godinez) e Raúl Padilla (Seu Jaiminho).
Durante anos, o público brasileiro podia acompanhar Chaves e sua turma apenas no canal aberto SBT. No entanto, a partir de amanhã, a série terá uma outra casa. A partir das 23h15, o canal Multishow também passará a exibir o seriado mexicano. Um grande sinal de que a produção ainda tem potencial para alavancar público, mesmo quase meio século depois da estreia.
É impossível não ver a “reestreia” de Chaves e pensar: “Por que tanto sucesso?”. E segundo, Luís Joly, um dos autores do livro Chaves – Foi sem querer querendo e consultor informal do próprio canal Multishow para a exibição da comédia, as respostas são: estilo de humor, valores apresentados, repetições e personagens com fácil identificação.
“Não dá para listar só um motivo, são vários. O estilo de humor apresentado é uma coisa atemporal e universal. O seriado foi gravado na década de 1970 no México e faz sucesso até em outros países. Os valores da série são muito conhecidos. Os personagens são muito estereotipados, são figuras que você consegue facilmente relacionar com pessoas reais. Além disso, aqui no Brasil, teve muito sucesso com relação aos dubladores, e outro fato foi fundamental: as repetições. Desde muito tempo e várias empresas, ele continua no ar, passando por gerações. Esse elo de gerações é algo difícil de se alcançar. Os Simpsons, por exemplo, mesmo sendo muito longo, continua gerando episódios inéditos, mas o Chaves, com as repetições, fica muito grudado na cabeça das pessoas”, explica Joly.
Ainda segundo o autor, a nova casa do seriado significa uma renovação para Chaves (que terá alguns episódios ainda inéditos no Brasil no canal a pago): “Eu vou dizer que a gente, um grupo, atuou um pouco como consultores voluntários do Multishow. Ajudamos a estabelecer uma ordem de episódios e posso te dizer: eles estão tratando os programas com muito respeito. Vai ter abertura original e a opção de ouvir áudio original. É muito orgulho ver o Chaves de casa nova, isso significa muito. É um canal dedicado ao humor, em um momento importante para a televisão em geral”. Joly lembra também que o Chapolin também chegará ao canal.
*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira
Se tem alguém que sabe sobre o sucesso de Chaves, esse alguém é o fã, e entre apaixonados desde a infância, céticos sobre o novo canal e entusiastas da ingenuidade do personagem, o telespectador, acima de tudo, torce pelo personagem imortal.
“Eu gosto de Chaves pelo humor inocente e sem malícia, o que é muito difícil de encontrar hoje em programas de televisão. Chaves não tem conteúdos apelativos e essa inocência dos personagens é muito boa de se ver”. Ester Meireles, 20 anos, estudante:
“(A mudança é) Ótima, só vai agregar a série. Vai ter uma melhora de imagem e áudio”. Tássia Marcela da Silva, 24 anos, funcionária pública:
“O jeito como a série foi feita me deixa fascinado. Os atores são muito bons, o humor não é apelativo e é capaz de cativar pessoas de todas as idades. Além disso, o cenário e os efeitos eram simples, mas sempre me despertaram curiosidade e felicidade”. Jairo Neto, 25 anos, estudante de engenharia civil:
“Eu gosto porque mesmo com pouca variedade de episódios é um entretenimento eficaz e simples. As piadas não são compostas por temas polêmicos e não englobam duplo sentido, o que é positivo visto que o maior público são as crianças”. Milena Pazutti, 19 anos, estudante:
“A transição para o Multishow é válida é mais uma opção pra poder assistir”. Gabriel Castro, 25 anos, servidor público:
Você acha que o Bolaños tinha alguma noção do sucesso que Chaves alcançaria, mesmo após tantos anos?
Acho que ele não tinha noção, a gente entrevistou alguns atores e especialistas, e percebemos que Bolaños entrou nesse universo meio sem querer, ele era engenheiro, fez trabalhos na publicidade, e partiu para esquetes na tevê. O começo de Chaves foi em uma emissora pequena, e estourou quando foi para a Televisa. Mas não, eles não tinha noção do quanto isso ia se tornar um fenômeno na América latina.
Como você acha que seria a aceitação de Chaves caso tivesse a estreia hoje?
É muito difícil fazer a comparação entre os momentos de estreias. Se estreasse hoje, seria diferente. No começo ele não era um sucesso imediato, teve muita coisa que aconteceu, e contribuam para o programa se tornar um sucesso. Hoje é diferente, tudo acontece mais rápido. Mas a fórmula de sucesso do Chaves é atemporal, então sim, eu acho que faria sucesso hoje.
E um remake de Chaves faria o mesmo sucesso do original?
Eu acho que especialmente nesse caso o molde se perdeu. Eu não acho que hoje eles conseguiriam uma adaptação. Tem coisas que não dá pra recriar, talvez em outros formatos ou outras mídias o remake dê certo, agora no caso de humores muito individuais não pra recriar, é o caso dos Trapalhões, não vai ser igual ao original, pode ter um sucesso, mas com suas singularidades.
No futuro o Chaves continuará a fazer sucesso?
A gente escreveu esse livro entre 2004 e 2005, e Chaves já estava há muito tempo no ar. Agora, a gente está aqui discutindo sobre ele, então, acho que, em alguma plataforma, sim, ele continuará a ter sucesso, porque a base de fãs que ele criou se renova, não vai só envelhecendo. Tem muito gente nova assistindo, então, ele provavelmente continuará tendo sucesso.
Ao Próximo Capítulo, os responsáveis pela série falam sobre o fato de ter se tornado…
Emissora apresentou os principais nomes do remake da obra icônica de 1988 que será lançada…
Ao Próximo Capítulo, a drag queen carioca fala sobre o sentimento de representar o Brasil…
Como nascem os heróis tem previsão de estreia no primeiro semestre de 2025, na TV…
Sam Mendes, Daniel Brühl, Jessica Heynes, Armando Ianoucci e Jon Brown comentam sobre a nova…
Volta Priscila estreou na última quarta-feira (25/9) e mostra um novo ponto de vista sobre…