Rodrigo Lombardi se destaca como o agente penitenciário Adriano em Carcereiros
Penitenciária Vila Rosário, 3/4/2016. Enquanto o agente penitenciário Adriano (Rodrigo Lombardi) chega para mais um dia de trabalho, um detento (ainda anônimo para nós) decreta: “Hoje começa o fim da Falange Carcerária e da nossa humilhação. Hoje nós vai dominar Vila Rosário”.
A cena inaugural de Carcereiros deixa bem claro o que virá por aí. O seriado escrito por Marçal Aquino e Fernando Bonassi e dirigido por José Eduardo Belmonte — mesma equipe por trás de Supermax — está repleto de cenas em que os agentes estão no foco. É na reação e nas emoções deles que está focada Carcereiros.
O seriado tem os 12 episódios disponibilizados na plataforma de streaming Globo Play. A previsão é que, às telinhas, a atração chegue apenas em janeiro do ano que vem. A espinha dorsal de Carcereiros é o livro homônimo de Drauzio Varella, o mesmo autor de Carandiru, obra que também rendeu seriado na Globo a partir de um longa-metragem.
As cenas fictícias de Carcereiros são intercaladas com depoimentos de agentes penitenciários, o que aumenta a sensação de que estamos numa produção delicada em que a fronteira realidade e ficção é bem tênue. À medida que os episódios avançam, o recurso vai se tornando mais escasso, dando mais espaço ao lado folhetinesco do produção. Outra diferença é que — nos moldes do excelente documentário Jogo de cena, de Eduardo Coutinho — alguns depoimentos reais são interpretados pelo elenco do seriado. É possível assistir a um tocante depoimento de um carcereiro vivido por Tony Tornado sobre os perigos e medos da profissão.
Aliás, o lado humano dos agentes penitenciários é o grande objeto de Carcereiros, tanto quando Belmonte está no comando como quando o público curte o documentário. Estamos diante de reflexões como “aí vem um preso e corta a cabeça do outro e você só pensa que vai ser o próximo” e “o agente penitenciário ou é carrasco ou é corrupto. A sociedade vê a gente assim” ou ainda “eu não acredito em tudo e não desacredito de nada”.
Prato cheio para Aquino e Belmonte, as questões internas dos profissionais aparecem mais do que o lado esperado e batido de apenas mostrar a violência e a superlotação — elas aparecem e são necessárias, mas não dominam. A palavra “monstro” é recorrentemente usada para designar essas questões. “Só agora que estou aposentado eu vejo que não era normal. É tudo muito traumático. Querendo ou não, é nosso monstro entender como o ser humano faz certas crueldades”, afirma um dos carcereiros.
O reflexo da rotina dura e das situações de risco que ela impõe aparecem na vida pessoal de Adriano (papel muito bem desempenhado por Lombardi, que pode ser visto em tom completamente diferente como o Caio de A força do querer). O rapaz recebe críticas por não acompanhar a criação da filha (fruto do primeiro casamento), se cobra por não cuidar do pai Tibério (Othon Bastos), doente com Alzheimer, e ainda é cobrado pela esposa, que quer engravidar, mas não consegue.
Mas o programa está longe de endeusar os agentes penitenciários. Eles têm emoções controversas — Adriano sofre ao se despedir de um detento que está saindo em condicional e ao ver um outro morrendo em seus braços, ao mesmo tempo que, segundos antes, é duro com eles. E, sem ser infalíveis, também se rendem à corrupção ou a troca de favores com os detentos.
Se você não tem estômago muito forte e não gosta de cenas violentas, não acompanhe Carcereiros — ainda mais se a ideia é fazer uma maratona, assistindo a vários episódios seguidos. Decapitações, palavrões, sangue, diálogos fortes, com direito a insultos e provocações. Tudo isso está lá. Na medida certa e sem excesso.
O elenco chama a atenção. Rodrigo Lombardi, Thaide e Tony Tornado se destacam. Mas é nos atores pouco conhecidos (oriundos do teatro e do cinema) e nas participações especiais (Caio Blat, Chico Diaz e Matheus Nachtergaele) que estão o charme da produção.
Com jeitão de cinema e pegada mais escura (no estilo de Supermax e Dois irmãos), Carcereiros tem na fotografia mais um destaque. A trilha sonora arremata o cuidado estético de Belmonte, indo do lirismo da Ave Maria ao protesto de raps.
Carcereiros consegue, enfim, reunir bons elementos de um folhetim: texto e elenco bem afinados, direção na medida certa. E ainda traz de brinde a interlocução com a realidade. Vale a pena ficar preso algumas horas em frente ao computador ou tablet.
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