Estará o Brasil hoje mais avançado do que em 1987? Um sinal poderá ser dado quando o Viva começar a passar a reprise da novela Brega & Chique, prevista para substituir Sinhá Moça na faixa das 14h30. Isso porque essa era a novela do “nu com a mão no bolso”, lembra? Ao som de Ultraje a Rigor, a vinheta trazia um rapaz nu, de costas, caminhando “com a mão no bolso”. O Brasil de 1987 se sentiu escandalizado e uma palmeira foi colocada no traseiro do modelo. Depois, a imagem foi liberada. Depois, foi censurada ー a pedido da tradicional família brasileira e não do governo, vale ressaltar. E o vai-e-vem durou a novela inteira. Como será que o Brasil de 2018 vai se portar?
A polêmica da abertura foi grande, mas não conseguiu ofuscar o brilho de Brega & Chique, uma das melhores comédias da década na televisão brasileira. Inspirados, o autor Cassiano Gabus Mendes e o diretor geral Jorge Fernando comandavam um timaço que tinha Marília Pêra e Glória Menezes à frente. A dobradinha entre as atrizes deu super-certo e entrou para o rol das melhores da tevê brasileira.
O rico empresário Herbert Alvaray (Jorge Dória) mantém duas famílias paralelamente ー sem que uma saiba da outra, naturalmente. Oficialmente e para toda a sociedade, ele é casado com a socialite Rafaela (Marília Pêra), com quem tem três filhos: Ana Cláudia (Patrícia Pillar), Teddy (Tarcísio Filho) e Tamyris (Cristina Mullins). O genro Maurício (Tato Gabus Mendes) e a sogra Francine (Célia Biar) vivem pela mansão da família.
Por debaixo dos panos, também se relaciona com Rosemere (Glória Menezes), uma mulher pobre e simples. Para Rose, ele é Mário Francis, um homem que em nada se parece com o empresário rico. Eles têm uma filha, Márcia (Fabiane Mendonça). Do primeiro casamento, a batalhadora Rose tem Vânia (Paula Lavigne) e Amaury (Cacá Barrete). E ainda ajuda a cuidar do pai, Lourival (Fabio Sabag).
Quando os negócios não vão bem e Herbert percebe que pode falir, ele forja a própria morte e sai de cena ー em tempo: Cassiano deixa claro aí que, quando bem escrita, a trama da falsa morte e do personagem que tem duas vidas funciona e não é o fiasco da trama de Elizabeth/Duda de O outro lado do paraíso.
E aí que Rafaela e Rose se cruzam. O padrão de vida de Rafaela cai e ela se muda para um bairro de classe média. Na mesma época, Rose recebe uma misteriosa herança em dólares, fica rica e se muda para o mesmo bairro. Elas se tornam vizinhas e, mais do que isso, amigas, uma ajudando a outra a se adaptar à nova vida. As aulas de etiqueta de Rafaela para Rose renderam momentos impagáveis.
Além de Rose, Rafaela conta com a ajuda de Montenegro (Marco Nanini, numa parceria incrível com Marília Pêra), ex-secretário particular de Hélio que sempre foi apaixonado por ela. Segundo o site Memória Globo, os momentos de improviso entre Marília Pêra e Nanini eram tão bons que chegaram a ser levados ao ar.
Rose, por sua vez, tem o grosseiro Baltazar (Dennis Carvalho) em sua cola. O sobrinho de Baltazar, Bruno (Cassio Gabus Mendes), também teve bons momentos na novela, com seus erros de português corrigidos pela professora Mercedes (Patricya Travassos).
A novela já era boa e melhora ainda mais quando Herbert ressurge, com uma terceira identidade e uma recauchutagem total: Cláudio Serra, agora interpretado por Raul Cortez, mais um medalhão no elenco de Brega & Chique. É como Cláudio que ela procura a reaproximação com as mulheres e com a terceira parceira, Zilda (Nívea Maria). Durante uma conversa, Rose e Rafaela descobrem que eram casadas com o mesmo homem e que ele tinha uma terceira esposa, rompem a amizade, mas logo percebem que unidas é que podem contra ele. Claudio morre ー de verdade ー enquanto sonha com a face antiga e deixa as mulheres ricas, devido a dólares descobertos na Suíça.
Brega & Chique acabou marcando época, recebendo prêmios como o Troféu Imprensa e o da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Era uma das novelas mais pedidas no site do Viva e será exibida ao mesmo tempo que Roda de fogo, outro sucesso oitentista da Globo. Será que o Viva quer promover uma volta aos anos 1980?
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