Gugacast Letra & Música foi lançado neste ano e já recebeu Thedy Corrêa (Nenhum de Nós), Fernanda Takai e John Ulhoa (Pato Fu) e Lucas Silveira (Fresno). Ao Próximo Capítulo, Guga Mafra falou da concepção do projeto e também de toda sua inserção no mundo dos podcasts
O brasiliense Guga Mafra é um dos grandes nomes atualmente do podcast no Brasil. Desde 2016, ele está à frente do Gugacast, um dos maiores podcast do país apresentado em formato de talk show. O projeto surgiu após outras experiências do candango no gênero. “Eu acabei me tornando um apresentador fixo do Braincast e lá tinha um quadro que era a leitura de e-mails. Era feito meio sem cuidado, a gente pegava um e-mail qualquer na hora e lia. Uma vez, de brincadeira, eu me autoproclamei o editor da leitura de e-mails e comecei a fazer uns esquetes no quadro, que virou um dos mais esperados do programa. Foi daí que, em 2016, surgiu o Gugacast, da ideia de fazer um programa focado nisso e também da vontade que tinha de contar algumas das minhas próprias histórias”, lembra.
Neste ano, o podcast chegou à quarta temporada com um público de 60 mil ouvintes por episódio e uma novidade: o lançamento de uma série musical. Desde fevereiro, uma vez por mês, Guga Mafra dedica o espaço do Gugacast ao projeto Gugacast Letra & Música, em que recebe artistas do cenário da música para falar das histórias por trás das composições das letras, dos álbuns e seus significados. ” Quando eu era adolescente eu adorava a ideia de decifrar as letras de bandas como a Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Titãs. Aí, no ano passado, eu me juntei a uma banda pra tocar covers justamente dessas bandas, para a gente relembrar e reconectar com a cultura brasileira. E foi daí que o projeto ganhou corpo”, explica.
A estreia foi com Thedy Corrêa, do Nenhum de Nós, e desde então, Guga recebeu Fernanda Takai e John Ulhoa, da banda Pato Fu, e Lucas Silveira, do Fresno. Nesta terça-feira (14/5), o episódio conta com Digão e Canisso, dos Raimundos. A ideia é que o programa tenha 12 episódios. Já estão confirmadas as presenças de Edgard Scandurra, do Ira, e do cantor Leo Jaime. “A ideia do Gugacast Letra & Música é ocupar 12 episódios nessa quarta temporada do Gugacast. Um por mês. A gente já tem uma lista de convidados que ultrapassa esse número, então é provável que o projeto continue no ano que vem”, adianta. Também há uma expectativa da criação de um projeto voltado para a vida de Guga Mafra em Brasília nos anos 1990.
Entrevista // Guga Mafra, do Gugacast
Quando você começou a se interessar pelo formato de podcast?
Eu sempre fui um fã de rádio, desde a minha infância. E eu sempre curti o formato de talk rádio, a ideia de que você está de manhã, caminhando ou dirigindo para o trabalho e ouvindo um locutor conversando com você. O podcast é isso, só que ao invés de trafegar por ondas no ar, ele trafega pela internet. Então eu curto podcasts desde que eu descobri que eles existem, lá por 2002.
Quando percebeu que seria interessante fazer um podcast?
Foi algo mais orgânico. Em 2009, fui cofundador de uma das maiores empresas de branded content do Brasil, a boo-box/ftpi e o Jovem Nerd, que produzia o maior podcast do Brasil, o Nerdcast, veio trabalhar com a gente. E aí a gente começou a criar formatos e projetos para integrar publicidade e conteúdo e foi algo que deu muito certo. Eu comecei a fazer isso para outros podcasts também, como o Tecnocast, o Matando Robôs Gigantes e o Braincast. Então, passei a entender muito a dinâmica de cada um deles, o que funciona, o que torna um conteúdo atraente e engajador. E comecei a participar de alguns episódios também. Eu acabei me tornando um apresentador fixo do Braincast e lá tinha um quadro que era a leitura de e-mails. Era feito meio sem cuidado, a gente pegava um e-mail qualquer na hora e lia. Uma vez, de brincadeira, eu me autoproclamei o editor da leitura de e-mails e comecei a fazer uns esquetes no quadro, que virou um dos mais esperados do programa. Foi daí que em 2016 surgiu o Gugacast, da ideia de fazer um programa focado nisso e também da vontade que tinha de contar algumas das minhas próprias histórias. Eu fiz para ser ouvido só por alguns amigos e acabou ficando gigante. Já no ano seguinte a gente foi primeiro lugar do Spotify e top 10 da Apple. Foi só aí que eu percebi onde o projeto tinha chegado. A gente atinge mais de 60 mil pessoas por episódio. É tipo tocar pra um estádio lotado toda semana.
Você lançou um novo programa o Gugacast Letra & música. O que te motivou a fazer esse novo formato?
Na verdade o Letra & Música é uma série dentro do Gugacast. Uma vez por mês, a gente dedica um dos episódios do Gugacast a ele. Um dos esquetes que eu fazia no Braincast era a “análise musical” onde a gente dissecava, de brincadeira, o significado das músicas. A gente trouxe esse quadro para o Gugacast. Mas como ele é um programa de histórias eu pensei: “e se a gente trouxesse os compositores pra contar a história verdadeira por trás das músicas? O significado das letras?” Então o programa veio disso. Quando eu era adolescente eu adorava a ideia de decifrar as letras de bandas como a Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós, Titãs. Aí, no ano passado, eu me juntei a uma banda pra tocar covers justamente dessas bandas, para a gente relembrar e reconectar com a cultura brasileira. E foi daí que o projeto ganhou corpo. Eu comecei a entrar em contato com as bandas e artistas e aos poucos eles foram topando participar.
Seus programas normalmente são divididos por temporada. Gugacast letra & música também será assim? Você já tem todos os convidados definidos?
A ideia do Gugacast Letra & Música é ocupar 12 episódios nessa quarta temporada do Gugacast. Um por mês. A gente já tem uma lista de convidados que ultrapassa esse número, então é provável que o projeto continue no ano que vem.
Quem você já recebeu e quem ainda vai receber?
O primeiro episódio foi com o Thedy Corrêa do Nenhum de Nós. A gente falou de quase 30 músicas da obra da banda. Tivemos um feedback positivo incrível de várias pessoas que passaram a ouvir as músicas deles, ou voltaram a ouvir por conta do programa. O segundo episódio foi com a Fernanda Takai e com o John Ulhôa do Pato Fu e foi igualmente incrível. O terceiro episódio é com o Lucas Silveira, da banda Fresno. Foi um papo bem profundo. O Lucas é um gênio da geração dele e um livro aberto. O cara fala sobre tudo. As próximas gravações agendadas são com o Edgard Scandurra do Ira, com o Digão e Canisso dos Raimundos e com o Leo Jaime. Mas em geral todo mundo que a gente chama para participar topa na hora, porque é uma chance muito legal para o artista de falar por quase duas horas sobre a obra dele, sobre as músicas que ele fez, de uma maneira aprofundada. Não tem muitos outros programas por aí que permitam isso.
O mercado de podcast tem crescido bastante no Brasil. A que você atribui isso?
Ele vem crescendo bastante no mundo, na verdade. Acho que tem a ver com a possibilidade de o podcast ser uma companhia para momentos como o trânsito, fazer exercícios, cuidar da casa. É um jeito muito legal de consumir conteúdo seja de entretenimento, seja de informação, sem você ter que parar para ficar olhando pra ele. Outra coisa é quanto os avanços da tecnologia nos últimos 10 anos facilitaram isso. Antigamente podcast era coisa de nerd, de geek, era um negócio complicado de acessar, de assinar. Com os smartphones foi ficando mais fácil. Nos primeiros iPhones, você só podia assinar pelo iTunes, só baixar via wi-fi e com limite de espaço. De lá pra cá passamos por 3G, 4G. Dados ficaram mais baratos, todos os celulares são smartphones e têm uma diversidade de aplicativos, além de plataformas como Spotify e Deezer. Nos Estados Unidos e na Europa o crescimento também se dá por conta da proliferação dos smart speakers, como Alexa e Siri. É cada vez maior a possibilidade de interação com conteúdo sem tela e o podcast é um caminho natural nisso. Mas o que faz crescer mesmo é o fato das pessoas se tornarem ouvintes. À medida que mais anunciantes e mais produtores de conteúdo se tornam ouvintes, mais conteúdo é produzido, patrocinado e divulgado.
Você é brasiliense. Como é a sua relação com a cidade? Pensa em fazer podcasts focados em Brasília?
Você só percebe o quanto a cidade em que você nasceu é parte do que você é quando você sai dela. Eu nasci na Asa Norte, morei no Guará e na Asa Sul. Tive (ainda tenho, na verdade) uma banda de rock, toquei no Teatro Garagem do Sesc, frequentei a 109. Ouvia o Cult22. Tudo isso é parte muito importante do que eu sou e das histórias que eu conto no Gugacast. Tem uma história de quando as bandas de Brasília dos anos 1980 iam tocar em São Paulo, elas se apresentavam dizendo: “Boa noite, somos a Legião Urbana, de Brasília”; “Somos o Capital Inicial, de Brasília”. E aí as bandas paulistas davam uma sacaneada neles, porque ninguém ficava falando de que cidade veio. Eu me identifico totalmente com isso. Entendo totalmente o ímpeto que eles tinham de falar isso. Ser “de Brasília” – ainda mais quando você produz cultura, entretenimento pop, é uma parte importante da apresentação e eu me sinto assim até hoje. Eu tenho um projeto onde eu vou contar um pouco dessas histórias sim. Uma história de amor, diversão e rock que se passa em Brasília nos anos 1990. Deve sair mais pro fim do ano.