‘Bookie’ mira no homem hétero de meia idade e acerta em uma ótima comédia

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Nova produção da HBO Max chegou há pouco e mostra uma despretensiosa sitcom sobre os infortúnios da vida

Já teve aquela sensação de que a vida anda mais difícil do que parece? Com os planos frequentemente dando errado? Essa sequência de desventuras e infortúnios — ou azar mesmo — é a vida de Danny (Sebastian Maniscalco) e Ray (Omar Dorsey), os protagonistas de Bookie. A nova produção da HBO Max apresentou a primeira temporada e já está renovada para a segunda.

Os dois homens de meia idade lutam com unhas e dentes para manter o negócio de apostas ilegais em jogos de futebol americano de pé, mas os desafios são enormes. Seja tendo de lidar com “clientes” da pior espécie, ou simplesmente com a própria covardia, Danny e Ray mantêm uma amizade de anos que agora se vê ameaçada pela legalização da atividade nos Estados Unidos.

A produção fica sob os cuidados dos showrunners Chuck Lorre e Nick Bakay. O primeiro é mundialmente conhecido por desenvolver verdadeiros hits da televisão — como Two and a half men (Dois homens e meio) e The Big Bang Theory (A teoria do Big Bang) — e ainda mais famoso pela briga pública protagonizada com Charlie Sheen (ex astro de Two and a half men), ainda em 2011.

Pois bem, agora águas passadas, a briga resultou na participação de Sheen em Bookie, e mais do que um golpe de marketing, tal participação é chave para explicar a essência da série: rir das próprias desgraças.

Comédia de tragédias do homem hétero de meia idade

Assim como muito explorado em Two and a half men, Bookie aposta alto nas mazelas do homem hétero de meia idade no mundo contemporâneo. Ray e Danny sofrem seja lidando com os “modernos gays maldosos”, a dificuldade em ter de pagar a pensão dos filhos ou equilibrar um caso extraconjugal.

A vertente, contudo, não se transforma em algo pastelão (também marca de Two and a half men) já que ao longo da temporada fica claro o quanto os protagonistas estão amadurecendo — especialmente após o 7º episódio (The Super Bowl: God’s gift to bookies). Vale pontuar também o certeiro trabalho coadjuvante de Vanessa Ferlito como Lorraine, a irmã de Danny; e Jorge Garcia como Hector, uma espécie de aprendiz no “negócio” de apostas. A dupla não é apenas um ornamento, mas ajuda a moldar a história.

Bookie se resume a uma comédia sobre a tragédia diária. Sobre os tropeços que todos levam e sobre a importância de levantar. E mesmo que, a priori, a produção não apresente muitas camadas, ao longo dos episódios a série consegue ir além, e entreter além do óbvio.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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