A atração é mais um acerto de 2019 da Netflix. Confira crítica da temporada completa de Boneca russa!
Já dá para dizer que a Netflix começou 2019 com o pé direito. A plataforma tem acertado em relação ao conteúdo de suas produções originais, a começar pela ótima Sex education — confira aqui nossa crítica — e, agora, com Boneca russa, que estreou no serviço em 1º de fevereiro, com oito episódios curtos com média de 20 minutos cada, e é outra grata surpresa do streaming.
Protagonizada por Natasha Lyonne, conhecida por Orange is the new black e American pie, a série se baseia em uma premissa bastante utilizada no cinema: uma personagem que revive repetidamente o dia da sua morte. Esse enredo foi visto em filmes como A morte te dá parabéns, Feitiço do tempo, Antes que eu vá, Antes que termine o dia e No limite do amanhã.
No caso de Boneca russa isso acontece com Nadia, que, no dia do próprio aniversário é atropelada, mas retorna para vivenciar o mesmo dia. Inicialmente, a personagem pensa estar vivendo uma alucinação do uso de drogas. Porém, com um looping constante, Nadia começa a perceber que esse seu retorno tem algum objetivo e a cada novo (“velho”) dia ela tenta consertar algo, mas acaba sempre morrendo.
A perspectiva de Nadia se amplia quando ela se depara com uma pessoa que está vivenciando a mesma experiência, o depressivo Alan (Charlie Barnett). A dupla, então, passa a bolar teorias sobre o que acontecendo com eles e é a partir daí que Boneca russa constrói sua história e se destaca mesmo com um enredo explorado em outras tantas produções. Primeiramente porque Boneca russa evita que a repetição se torne chata, um dos maiores desafios desse tipo de enredo. Aos poucos, a trama vai mudando um aspecto ou outro do dia, o que tem a ver com novas interações e também com a resolução do caso todo. A dinâmica dá corpo à trama.
O fato de ter dois personagens carismáticos como protagonistas é outro aspecto importante para o sucesso de Boneca russa. Natasha Lyonne está ali como o público a conhece muito bem, vivendo uma personagem feminina dona do próprio destino e com ótimas tiradas, o que rende boas cenas de humor. Charlie dá a Alan o que é preciso para a história, a sensibilidade que faz com que ele e Nadia se aproximem e ainda com que o espectador se conecte também com ele.
Outro ponto alto da série é ter uma mensagem implícita para a resolução de tudo. Tanto Nadia quanto Alan têm questões mal resolvidas que precisam enfrentar.
Boneca russa é um ótimo entretenimento. Surpreende, envolve e ainda consegue trazer uma lição de empatia e da importância do outro, mesmo que seja para ficar ao lado quando é preciso vivenciar momentos difíceis. E tudo isso numa temporada curtinha com episódios rápidos, ótimos para maratonar. Já pode mandar a segunda temporada, Netflix!
Obs: Não há nada confirmado ainda sobre uma sequência, até porque o final da primeira temporada de Boneca russa poderia ser, sim, uma conclusão da história. Mesmo assim, ainda há muito o que ser explorado e é claro que estamos torcendo por aqui por uma renovação!