A poucos dias do fim de Bom Sucesso, o Próximo Capítulo faz um balanço do que deu certo e errado na trama de Rosane Svartman e Paulo Halm. Confira!
Há muito tempo uma novela das 19h não conquistava público e crítica como é o caso de Bom Sucesso, trama que termina na próxima sexta-feira (24/1) e já deixa saudades. Talvez o grande trunfo dessa novela (além do texto) seja que ela não se apoia no batido triângulo amoroso ー mesmo que no início da trama houvesse a disputa de Paloma (Grazi Massafera) por Ramon (David Junior) e Marcos (Rômulo Estrela).
Aqui, a questão maior era outra: a existência, o valor da vida, o aproveitar os pequenos prazeres escondidos no dia a dia. Tudo isso era discutido por meio do personagem Alberto (Antonio Fagundes). E as cenas eram embaladas por pura literatura. Um luxo!
Adiantando que o saldo é mais do que positivo, o Próximo Capítulo se despede de Bom Sucesso dizendo o que funcionou e o que não foi tão bom assim na novela. Confira!
Deu certo!
As cenas inspiradas na literatura – Eram momentos de delicadeza pura quando personagens da novela liam trechos de obras de autores que iam de Clarice Lispector a William Shakespeare, de Miguel de Cervantes a Jorge Amado, de Ray Bradbury a Machado de Assis. Tudo com muito capricho: cenografia na medida, figurinos perfeitos.
O elenco – Que elenco afiado é o de Bom Sucesso! Grazi Massafera conseguiu fazer a primeira mocinha bem feita – e que luz tinha Paloma. Antonio Fagundes, David Junior, Fabíula Nascimento (Nana), Lucio Mauro Filho (Mario) e Silvana (Ingrid Guimarães) também se destacaram. Mas não foi só gente grande que brilhou. O elenco jovem da novela se saiu muito bem, especialmente Igor Fernandez (Luan), Bruna Inocencio (Alice), Diego Montez (William) e, na reta final, Lucas Leto (Waguinho). Isso sem falar na dupla mais do que fofa João Bravo (Peter) e Valentina Vieira (Sofia), nome a ser anotado para o futuro.
O vilão – Bom Sucesso pode ser encarada sem o menor medo como um divisor de águas na carreira de Armando Babaioff. O ator já havia se saído bem como o Ionan de Segundo sol (2018), mas nada como o Diogo de Bom Sucesso. O personagem foi crescendo e ganhando humor com as tintas dadas pela interpretação de Babaioff. Em entrevista ao Próximo Capítulo, Armando disse que o humor “ajuda e suaviza a maldade dele. Esse cinismo é uma característica muito forte.”
A representatividade – A começar pelo protagonista David Junior, que vive o Ramon, Bom Sucesso tem vários negros em papéis de destaque. O que não era para ser exceção é e acaba chamando a atenção. “Bom Sucesso é, com certeza, uma linha de evolução”, apontou o ator ao Próximo Capítulo. E não é apenas a presença. Os negros de Bom Sucesso ocupam posição social de destaque, como o médico Mauri (Jorge Lucas) e a editora Gláucia (Shirley Cruz), e têm trama própria que não se limitam à questão racial.
Não deu certo!
A barriga envolvendo Elias – Quase no fim de Bom Sucesso veio a inevitável barriga, tempo em que a trama fica ali cozinhando o público em banho-maria sem que algo de muito importante aconteça. Foi rápida – ainda bem! ー, mas não deu para entender muito. O ex-marido de Paloma, Elias (Marcelo Faria), voltou do nada (a gente nem lembrava que ele existia), encontrou a filha acidentada em estado grave e se negou a doar sangue para ela, a não ser que recebesse um dinheiro enorme por isso. Depois disso, se envolveu em cenas pesadas, violentas e acabou morrendo. Completamente fora do tom!
A trama da transexualidade – A atriz brasiliense Gabrielle Joie estreou em novelas num papel que podia marcar, mas vai passar em branco: a jovem Michelly. No início da trama, ela ainda pareceu que ia discutir respeito e tolerância ao lutar para usar o banheiro feminino e tentar driblar o preconceito de colegas. Mas parou por aí. Agora, na última semana, os autores ressuscitaram a trama e Michelly dispensou o cortejo de um professor dizendo ter namorado, conseguiu o direito de usar o banheiro e decretou: “chega de Michel” ao pedir para que o nome dela fosse trocado também na chamada. Tinha potencial para muito mais.