Bom Sucesso é a melhor novela das 19h em cinco anos. A trama encanta pelos temas abordados, pelo texto e pelas interpretações.
O horário nobre das telenovelas brasileiras costuma ser o das 21h (sou do tempo que era o das 20h, mas aí é outra história). Mas, atualmente, não é isso que acontece. Aliás, A dona do pedaço, exibida após o Jornal Nacional, é a pior das novelas globais nos dias de hoje.
A melhor é Bom Sucesso, trama das 19h escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm e dirigida por Marcus Figueiredo e Luiz Henrique Rios. Desde Sangue bom (2013), uma história inédita das 19h não me conquistava. Os motivos para o êxito de Bom Sucesso são muitos. A começar pela leveza sem escracho do texto. Mesmo falando de um tema pesado — a morte iminente de Alberto (Antonio Fagundes) —, a novela não fica massante e esbanja bom humor.
O maior charme de Bom Sucesso está, porém, em tratar a literatura como protagonista, coisa que qualquer governante deveria fazer fora da ficção. São tocantes as cenas em que Alberto, Marcos (Rômulo Estrela) ou Paloma (Grazi Massafera) recitam ou leem trechos de livros como Don Quixote ou Hamlet. Isso sem falar nas sequências em que personagens se imaginam dentro de uma história literária, como Peter Pan ou Cinderela — tudo com iluminação diferenciada e figurino caprichado.
Para completar, o elenco de Bom Sucesso está, em maior parte, dando conta do recado. Grazi Massafera está mais madura e entrega a melhor mocinha da carreira dela — o que faz a coluna morder a língua, pois a aposta é que ela não convenceria. Fagundes, Armando Babaioff (o vilão Diogo), Ingrid Guimarães (Silvana Nolasco) e Fabíula Nascimento (Nana) também se destacam. O estreante David Junior começou devagar com o seu Ramon, mas deu a volta por cima e vem rendendo bem. E ainda tem o elenco infantil e juvenil, a maioria com desenvoltura de gente grande. Bom Sucesso merece cada índice de audiência conquistado. Padrão de novela das oito!