Bob Esponja completa 25 anos e o dublador, Wendel Bezerra, mergulha na trajetória que tem com um dos mais populares personagens das animações
Por Pedro Ibarra
Há 25 anos, crianças de todo o mundo respondem que estão prontas para o Capitão. O porífero mais famoso dos sete mares, Bob Esponja, comemora um quarto de século em 2024 sendo um dos mais influentes personagens das telinhas. Atravessando gerações e conquistando corações desde que estreou, em 17 de julho 1999, o calça quadrada ainda é um queridinho do público mesmo com o passar de tanto tempo.
No Brasil, apenas uma pessoa fez a voz da amada esponja amarela. Wendel Bezerra, que já era um ícone por dublar o Goku, saiu da zona de conforto há mais de 20 anos para alegrar a criançada. “Era um grande desafio para mim fazer aquela voz, eu nunca tinha feito. Não era uma voz que era fácil e confortável para mim”, lembra o artista em entrevista ao Próximo Capítulo.
Voltando no tempo, Wendel assume que acreditou no projeto desde o princípio, mas jamais imaginou que seria tão perene. “Quando eu comecei a dublar o Bob Esponja, quando fui aprovado no teste, jamais imaginei que o personagem chegaria a 25 anos. Eu nem almejava, porque não era uma coisa tão comum fazer o sucesso que ele fez”, pontua. O dublador assume que agradece todos os dias por essa oportunidade. “É uma bênção”, clama.
Porém, a luta para encontrar a voz perfeita só foi coroada graças a um trabalho duro de uma incansável equipe, que buscou sempre se superar no que diz respeito ao personagem. “Eu dublo o Bob Esponja desde o primeiro episódio, e várias pessoas entraram, saíram, o criador morreu, e eles conseguem continuar deixando engraçado, continuar mantendo a essência, continuar não sendo repetitivos. Eu acho que esse é também um dos grandes motivos de atravessar gerações e continuar sendo atual e interessante”, destaca Wendel.
O dublador exalta a trajetória evolutiva de Bob. Na vida real a esponja marinha faz parte do filo menos evoluído dos mares, mas na televisão é um dos maiores da geração. “É um grande conjunto: os gráficos, a criatividade, o humor, a diferença bem marcante entre cada personagem”, reflete o artista, que ainda chama a atenção pela facilidade com que o ícone tem de conversar com públicos diversos. “A linguagem também é diferenciada. Crianças adoram, mas adultos também se divertem assistindo. O Bob Esponja é 100% puro, mas não é 100% infantil”, afirma.
Wendel conta que levou os ensinamentos que dublou para a própria vida. “O Bob Esponja ama segunda-feira. Ele é meu trabalho, mas mudou a forma como eu enxergo trabalhar”, comenta. “O Bob Esponja, particularmente, tem uma coisa que eu tentei trazer para a minha vida, de alguma forma, que é uma positividade e uma pureza que a gente pode colocar no nosso dia a dia”, acredita.
Para o artista, que vive esse personagem diariamente, o ponto da empatia está em todo o texto dos episódios e dos filmes do protagonista amarelo. Mesmo sendo uma esponja que vive em um abacaxi no fundo do mar e compartilhando aventuras com uma estrela, uma lula, um caranguejo e um esquilo astronauta, Bob Esponja é muito humano e relacionável. “Os personagens são muito ricos e distintos. E a gente encontra esses personagens na nossa vida. Você consegue fazer paralelos”, elogia Wendel.
Bob Esponja para sempre
Mais de 20 anos atuando em uma voz não tão confortável já é uma grande conquista. Contudo, se depender só da vontade de Wendel Bezerra, ele permanecerá no personagem para sempre. O dublador, atualmente, sofre de refluxo, o que pode gerar uma rouquidão, e sente medo de parar de fazer o personagem em algum momento. “Tenho que me cuidar. Hoje mesmo, comi um lanche sem querer e já fiquei preocupado, porque tem gravação mais tarde”, diz.
Para o artista, a resposta pode estar na tecnologia. “Eu até brinco com essa coisa de inteligência artificial, falo: ‘poxa, um dia eu vendo a minha voz, a gente faz um banco e aí a voz do Bob Esponja vai ser a mesma para sempre'”, propõe Wendel, que confessa: “Eu tenho medo de um dia não ser mais minha a voz dele. E também um desejo de me perpetuar”.
Três perguntas Wendel Bezerra
Qual o seu episódio favorito da animação?
Quando o Bob Esponja e o Lula Molusco vão entregar pizza. Esse é o primeiro e único episódio que o Lula Molusco protege o Bob Esponja, acho isso muito significativo. Também gosto muito de um em que o Bob Esponja fica com uma música na cabeça, até hoje lembro da melodia.
Qual o seu personagem favorito (que não o Bob Esponja)?
Homem-Sereia. Eu adoro o Homem-Sereia, então, quando ele está no episódio, eu já amo. Sou louco pra ver o Homem-Sereia num filme do Bob Esponja, em uma participação grande.
Você se incomoda quando te pedem para imitar o Bob Esponja ou qualquer outro personagem que você dubla?
Costumo dizer que no teatro o ator recebe o aplauso ou a vaia, o que seja, na hora. Na TV, o cara está exposto fisicamente, então as pessoas o reconhecem nos lugares e dão o feedback. E na dublagem não, ninguém me vê gravando, e eu também não vejo ninguém assistindo. Então, quando tem esse assédio, esse pedido, uma foto e tal, para mim, é o combustível que me faz entrar no estúdio de novo motivado e feliz, sabendo que isso tá tocando e marcando as pessoas.