Desde a Duda de Cama de gato (2009), a atriz Bia Arantes não para — nesses 10 anos foram cinco novelas, isso sem contar as participações especiais. Atualmente, ela empresta seu talento a Valéria, de Órfãos da terra.
Em entrevista ao Próximo Capítulo, Bia contou que não vê a necessidade de “descansar a imagem” entre um personagem e outro, como algumas pessoas dizem ser importante. “Não necessariamente eu enxergue como descansar a imagem, mas como se desafiar, a cada novo papel, para conseguir transmitir a mensagem esperada. Outra coisa que adoro muito são as caracterizações. Um personagem pode ter muitas nuances e experimentá-las, inclusive em mudanças físicas, é algo que considero marcante e me faz adentrar ainda mais na interpretação”, afirma.
Sobre a personagem atual, Valéria, que sonhava em se casar na Igreja com tudo que tem direito, Bia Arantes confessa que já pensou mais sobre ter esse momento na vida real. Mas isso não significa que ela descarte. “Por ter me visto tantas vezes como noiva, na ficção, hoje não enxergo essa pompa toda como um objetivo de vida (risos). Até mesmo porque considero que essas questões são pessoais e vai muito do gosto de cada um. Quero algo, quando for esse o momento da minha vida, que seja mais simples, em um lugar tranquilo, de repente próximo à natureza, e com as pessoas que considero muito importantes em minha trajetória pessoal e profissional”, planeja.
Além de ser atriz, Bia estudou ciência política, o que dá a ela uma visão um tanto privilegiada da situação do país. “Acho que a idolatria partidária é um primeiro grande erro, haja visto que a nossa organização política é falha desde os primórdios. Uma reforma política seria o ideal para o nosso país. E principalmente, a mudança na educação e consciência coletiva de cada cidadão é o mais crucial”, avalia.
A Valéria de Órfãos da terra sonhava em se casar na Igreja, com uma festança badalada. Você também tem esse sonho?
Confesso que já pensei mais sobre isso. Eu, na verdade, por ter me visto tantas vezes como noiva, na ficção, hoje não enxergo essa “pompa” toda como um objetivo de vida (risos). Até mesmo porque considero que essas questões são pessoais e vai muito do gosto de cada um. Quero algo, quando for esse o momento da minha vida, que seja mais simples, em um lugar tranquilo, de repente próximo à natureza, e com as pessoas que considero muito importantes em minha trajetória pessoal e profissional.
Desde 2009 você fez muitas novelas — pelo menos cinco, sem contar as participações. Como faz para “descansar a imagem”?
Acredito que cada trabalho traz um fortalecimento da imagem de um ator e é claro que o que mais desejamos é viver de arte. Sendo assim, considero especial demais poder fazer o que amo, com trabalhos sequenciais, em diversos formatos. Como são personagens bem distintos, carregados de essências muito peculiares, sinto que é só crescimento, e penso que o público também reconhece isso. Então, não necessariamente eu enxergue como “descansar a imagem”, mas como se desafiar, a cada novo papel, para conseguir transmitir a mensagem esperada. Outra coisa que adoro muito são as caracterizações. Um personagem pode ter muitas nuances e experimentá-las, inclusive em mudanças físicas, é algo que considero marcante e me faz adentrar ainda mais na interpretação.
E para variar o tom dos personagens?
Cada personagem tem um “tom” específico, então busco sempre estudar com profundidade a essência do ser que irei interpretar. Me basear no roteiro que recebo e, também, em outros materiais, é algo que considero válido. E, claro, como atriz, acho importante o processo interno que acontece em mim quando tenho que encontrar o “tom” de um personagem, isto é, vejo a necessidade de me desapegar, mas sempre com profunda gratidão, do papel anterior, para conseguir mergulhar no próximo, e assim, aos poucos, sei que tudo vai se encaixando e vou sentindo quais carências e acertos têm na minha arte.
Você é bastante elogiada pela beleza. Acha que isso acaba fazendo com que você tenha que se esforçar mais para provar seu talento?
Acho que uma coisa, felizmente, não precisa estar ligada a outra. Ou seja, o físico não deve ser um parâmetro para qualificar o talento de uma pessoa, isso independentemente da área que ela exerça. No meu caso, não me sinto cobrada nem pelos outros e nem por mim. Eu simplesmente faço o meu melhor, emprestando meu corpo, minha alma, minhas verdades para cada trabalho. E percebo que o público que me acompanha sente isso.
Você participou do Dança dos famosos. Deu pra levar algo do quadro para a carreira de atriz?
Acredito que sempre conseguimos extrair algo de um trabalho que, de alguma forma, em um momento oportuno, contribua para um próximo papel. Eu já tive contato com a dança muito cedo, quando fiz balé. Então, a dança é uma paixão antiga e, com ela, aprendo a expressividade, a intensidade também de encenação, a leveza de passos precisos, a concentração, equilíbrio, entre outros fatores que com certeza me permitem usufruir na dramaturgia, justamente porque a dança traz uma consciência corporal e conseguimos entender melhor o corpo e, claro, isso é enriquecedor para qualquer cena.
No Dança dos famosos você é avaliada por jurados técnicos que, muitas vezes, são rigorosos. Como você lida com as críticas?
A crítica sempre vai existir, mas me coloco num lugar de aprendizagem. Ou seja, acredito que a gente sempre está se construindo como pessoa e profissional. Então tento absorver o que acredito que me fará bem, mas nem tudo dá para levar ao extremo da questão. A vida, para mim, acontece no equilíbrio de tudo. E pude experimentar isso nesse desafio, pois eu me expunha como Bia e não como uma personagem, então dava uma ansiedade, porém foi um processo muito prazeroso e só tenho a agradecer pela oportunidade.
Você é formada em ciências políticas. Como foi parar na carreira artística?
A carreira artística veio antes da Ciência Política, pois foi uma vontade que cresceu em mim de poder conhecer mais o ser humano. Tanto é que a filosofia, ciência política, psicologia, são áreas que gosto muito e considero complementar a carreira artística.
A atriz que estudou ciência política vê esperança para o Brasil? De que maneira?
Não sou uma cientista política, mas tenho uma opinião civil muito próxima a muitas pessoas. Acho que a idolatria partidária é um primeiro grande erro, haja visto que a nossa organização política é falha desde os primórdios. Uma reforma política seria o ideal para o nosso país. A sociedade reaver algum tipo de participação, diminuindo o número de cargos, renovando completamente alguns ideais. E principalmente, a mudança na educação e consciência coletiva de cada cidadão é o mais crucial. Não dá pra seguirmos em dicotomia e apostando no “jeitinho brasileiro”.
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