Com medo de serem cancelados, participantes adotam postura de julgamento dentro da casa. E ironicamente seguem para um caminho de cancelamento do lado de fora
Esse será o BBB para “cancelar o cancelamento”, decretou Camilla de Lucas numa dinâmica de apresentação quando os participantes das duas casas se juntaram logo nos primeiros dias da 21ª edição do Big brother Brasil. É difícil dizer se a digital influencer estará certa quando o programa chegar ao fim em maio. Mas uma coisa é evidente: o BBB21 já tem como tônica na primeira semana a discussão sobre a cultura do cancelamento.
Depois de duas edições em que as questões como racismo e machismo tomaram conta da dinâmica do programa, o BBB21 segue pelo mesmo caminho. Entretanto, de forma não tão natural. As discussões parecem surgir quase que propositalmente, seja por medo de expor alguma opinião contraditória que vá pegar mal com o público, seja até com uma forma de achar que é isso que o espectador quer ver.
Mesmo que a maioria tenha pregado, assim como Camilla, querer o fim da cultura do cancelamento, o que se vê é um grupo cancelando os próprios colegas dentro da casa. Caio, Rodolffo, Juliette e Lucas foram os primeiros cancelados pelos participantes. Alguns até deram “motivos”, mas nada que merecesse o cancelamento como ocorreu. Carla Diaz também é uma candidata ao posto.
Os dedos apontados têm vindo de Lumena, Karol Conká e Fiuk, participantes que começaram o programa como favoritos. Lumena e Fiuk, inclusive, garantiram a imunidade dada pelo público, que, hoje, deve estar arrependido. Já Karol Conká era vista antes do confinamento como uma artista engajada.
Os três têm se mostrado tóxicos ao adotarem uma postura de donos da razão, um título que conquistaram entre os participantes. Dentro da casa são visto pela maioria como sensatos. Enquanto do lado de fora, o público entende essa atmosfera como arrogância. O problema é que o trio deve demorar a figura no paredão. Mas quando for deve ser “tombado”, para citar um sucesso da própria Karol Conká, e acabar bebendo do próprio veneno de cancelar todo mundo dentro de casa.
O público do BBB21 já mostrou que quer menos debate aprofundado e mais tretas de convivência naturais do programa, que envolvem votação, comida e provas. O que deve ser um reflexo de uma sociedade preocupada demais com os problemas do mundo real e em busca de uma alienação televisiva, o que o Big brother Brasil é.
Por isso, tudo indica que Rodolffo deve passar ileso por esse paredão, deixando a disputa entre Kerline e Sarah. E, se o público realmente estiver de olho, pode entender que a mensagem ao eliminar Kerline é de que os cancelados lá dentro, nem sempre serão os cancelados aqui fora, sendo uma redenção para Lucas.
