A expectativa em torno da exibição do episódio A longa noite (que ficou conhecido como a Batalha de Winterfell), o terceiro da oitava temporada de Game of thrones, era grande. A produção prometia a maior batalha da sua história, que a própria série apelidou de “a grande guerra”, o conflito entre os homens e os caminhantes brancos.
Para isso contou com uma hora e 22 minutos de episódio (o maior das oito temporadas do seriado); 11 semanas de gravação; a presença de 750 pessoas participando das filmagens; e o mesmo diretor de dois capítulos e batalhas marcantes da produção, Hardhome (5×8) e a Batalha dos bastardos (6×9), ambos dirigidos por Miguel Sapochnik — que ainda volta à oitava temporada no quinto episódio.
O problema é que A longa noite acabou não tendo o mesmo efeito que outros episódios, como o próprio Batalha dos bastardos e outras guerras da série, de agradar boa parte dos fãs. Pelo contrário o episódio dividiu opiniões. Isso porque a trama teve erros e acertos dentro desse mais de uma hora de transmissão.
O CONTEÚDO ABAIXO CONTÉM SPOILERS
O primeiro grande erro da Batalha de Winterfell está na decisão de Game of thrones de exibir tudo de forma “muito real”. A edição optou por cenas escuras e esfumaçadas — que até ficaram granuladas no televisor de muita gente (inclusive no meu) — com a intenção de mostrar ao espectador como era a visão dos exércitos dos humanos na batalha. Só que, dessa forma, era impossível enxergar qualquer acontecimento. Boa parte do episódio é uma grande confusão para o espectador, sendo difícil entender o que estava acontecendo. Não sabíamos coisas, como se o personagem morreu ou não, se virou walker ou não.
A batalha em si também tem muitas falhas. Se comparada com os outros confrontos exibidos na série essa é uma das piores. Muitas situações não têm lógica, como o lobo Fantasma na linha de frente ao lado de Jorah Mormont e dos dothrakis, que correram em direção a “nada”; o fato de o Rei da Noite e os demais cavaleiros dos caminhantes brancos não entrarem no confronto corpo a corpo em momento nenhum; o comportamento quase inerte dos dragões no conflito; sem falar em personagens que estiveram em situações muito reais de morte — como Daenerys, Brienne, Jon e Sam, só para citar alguns –, que ficaram vivos ao fim do episódio.
Outro ponto negativo em torno de A longa noite é que a série foi caminhando a cada temporada para mostrar que a ameaça dos caminhantes brancos era ainda maior do que o conflito pelo Trono de Ferro. O mote da temporada — e que vinha sendo apontado como o verdadeiro da série — foi resolvido em apenas alguns segundos, quando Arya Stark deferiu um golpe no Rei da Noite. A impressão é que a série vendeu uma coisa e entregou outra. Nada de longa noite nem de caminhantes brancos, o conflito real mesmo é do Trono de Ferro, que será retomado a partir do quarto episódio, a ser exibido no domingo que vem, em 5 de maio, às 22h, na HBO.
Só que o episódio não teve apenas defeitos — apesar de terem sido graves. O enredo de Arya Stark e Melissandre foi, sem dúvidas, o melhor momento da Batalha de Winterfell. O seriado ousou ao não entregar um desfecho óbvio, esperado e bastante teorizado que envolvia Jon Snow e Daenerys Targaryen como os “salvadores” da guerra contra os caminhantes brancos e a série fez isso seguindo uma lógica e sendo fiel à trajetória da Stark no seriado, com uma cena que levantou o público. Sem falar que as cenas de Arya e Melissandre — as mais claras, inclusive — foram as melhores exibidas em A longa noite.
As cenas da cripta, envolvendo Sansa e Tyrion também foram boas, assim como o momento da morte de Lyanna Mormont, uma morte dura, mas digna de “Game of thrones raiz”. O início do episódio também foi muito bom, com o retorno de Melisandre e a cena muito bem feita dos dothrakis sendo dizimados pelos zumbis.
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