As donas da história: Mulheres dominam as novelas da Globo

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Três novelas inéditas da Globo têm nas mulheres a força da trama. Seja fazendo drama, seja fazendo comédia, elas estão no comando!

Dizem que as novelas retratam a sociedade brasileira. Se é assim, não há mais dúvidas: as mulheres estão no comando. As três principais novelas da Globo (Éramos seis, Salve-se quem puder e Amor de mãe) têm protagonistas femininas e duas delas são escritas por mulheres. Ângela Chaves assume o remake de Éramos seis e Manuela Dias é a responsável pela ótima Amor de mãe.

Éramos seis é uma novela de época em que os valores da família são discutidos e levados a ferro e fogo por Lola, a protagonista interpretada com brilho por Gloria Pires. A Lola de Gloria vive nos anos 1930, mas tem um pezinho em 2020 ー não tem medo de trabalhar para dar conta de criar os quatro filhos depois de ficar viúva e ainda tem tempo para um romance que não existe nas outras versões e vem dividindo opiniões.

A novela das 18h ainda tem duas personagens femininas muito fortes e que trazem discussões contemporâneas. Inês (Carol Macedo) apresenta a questão do mercado de trabalho feminino: a jovem sai de casa para se dedicar aos estudos de enfermagem e não abre mão da vocação profissional. A outra é Adelaide (Joana de Verona), que volta da Europa com ideias feministas que fazem corar a mãe dela, Emília (Susana Vieira), conservadora de primeira linha. Tanto Carol como Joana se saem muito bem nos papéis e ainda levam reflexão à novela.

Salve-se quem puder não tem uma, mas três protagonistas femininas: Alexia (Débora Secco), Luna (Juliana Paiva) e Kyra (Vitória Strada). Num misto de As panteras e Os três patetas (mais perto do pastelão do que da aventura, infelizmente), Salve-se quem puder mostra as três mulheres como integrantes do Programa de Proteção à Testemunha por terem presenciado um assassinato. Com novas identidades e mudanças no visual que não enganariam nem uma criança, o trio se mete em várias confusões. De qualquer forma é bom ver atrizes de diferentes gerações encararem o desafio de protagonizar uma novela em que a ação passa sempre por uma das três.

Manuela Dias sai do rol de promessas da teledramaturgia para entrar de vez na lista de boas autoras com Amor de mãe. O folhetim do horário nobre da Globo tem à frente das ações Lurdes (Regina Casé), Vitória (Taís Araújo) e Thelma (Adriana Esteves). No início da novela, as mulheres não se conheciam, mas Manuela Dias é mestre em criar situações de encontros e desencontros, e resolveu isso logo na primeira semana.

O que realmente une essas três mulheres é que, cada uma a sua maneira, elas são movidas pelo amor que têm a seus filhos (e o que une essas atrizes é que elas estão dando show ー ouso dizer que Taís está em seu melhor momento na televisão). Mas isso não as torna apenas mães, como há pouco tempo a dramaturgia ainda faria. Elas são muito mais do que isso: são mulheres donas da própria história e que nos carregam diariamente para dentro dessa viagem.

Malhação e Vale a pena ver de novo também têm mulheres fortes

Globo/Divulgação. O embate entre Nina e Carminha movimenta Avenida Brasil

Além das três novelas principais, outras duas produções da teledramaturgia da Globo trazem mulheres fortes. Em Malhação – Toda forma de amar, uma das principais tramas gira em torno da disputa pela guarda de uma menina pela mãe biológica Rita (Alanis Guillen) e pela mãe adotiva Lígia (Paloma Duarte). A trama até é interessante, mas se perdeu completamente ー a impressão é que esta temporada de Malhação não tinha fôlego para ser tão grande. Ficam aí dois alentos: Alanis cresceu durante a temporada e está pronta para outros voos (não como protagonista ainda) e Paloma está de volta à Globo, onde fazia falta.

Noveleiro que se preze lembra muito bem de Nina (Débora Falabella) e Carminha (Adriana Esteves), personagens que roubaram a cena em Avenida Brasil, novela que está sendo reprisada no Vale a pena ver de novo. A trama das duas, que envolve muito desejo de vingança e ódio, está nos momentos finais e merece muito ser vista novamente.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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